Família Salesiana lamenta a morte de Josina Maria Ludumila

Segunda, 06 Julho 2020 15:35 Escrito por  Missão Salesiana de Mato Grosso
Josina Maria Ludumila Silva, voluntária na Terra Indígena São Marcos, faleceu no domingo, 5 de julho, no município de Barra do Garças, aos 79 anos, vítima da Covid-19.  

 

Josina Inácia da Silva (após tirar o registro de nascimento, passou para Josina Maria Ludumila Silva), nasceu na Fazenda Escondida município de Guiratinga, MS, em 15 de julho 1940. Seus pais eram Antônio Inácio da Silva e Cândida Carrijo da Silva. Teve 12 irmãos e ficou órfã de mãe aos cinco anos.

 

Da Fazenda Escondida foi morar no Sitio São José, perto do Rio Garças. Aos seis anos foi estudar no internato em Meruri, onde fez a 1ª série e foi batizada. Mudou para o Sítio Desconhecido, perto do Rio das Mortes e ficou sem estudar devido a um derrame aos oito anos. Depois foi morar com sua irmã casada na Fazenda Jaraguazinho. Voltou para o internato de Meruri aos 18 anos. O cunhado pagou um ano de internato, o outro ano foi o pai. No 3º ano, ela falou com a irmã Margarida Abatti e essa lhe propôs pagar o colégio com o trabalho, lavando roupa e cozinhando. Assim fez o 3º e 4º anos. No retiro da 4ª série, irmã Margarida Abatti conversou com as jovens e perguntou sobre a vocação delas, propôs a Josina ficar com as irmãs e ajudar os Xavante. Ela aceitou, falou com os pais e foi morar com as irmãs.

Quando surgiu a oportunidade da fundação da casa de São Marcos ela se prontificou para ir. Foi assistente, professora das meninas, trabalhou muito na lavoura com elas, por muitos anos lecionou práticas agrícolas, aprendeu logo a língua Xavante e assim facilitou a comunicação. Josina tinha 23 anos quando chegou a São Marcos.

Padre Osmar Resende, SDB, lembra que “quando ela chegou a São Marcos, os Xavante começaram a dizer que não ficava bem para ela, uma jovem solteira, ficar por aí e poderia ser mal vista. Então ‘arrumaram’ um casamento para ela, segundo a tradição Xavante. Aí ela se casou com o Benjamim, que foi aquele que pediu ao Papa João Paulo II, quando veio ao Brasil, para que mandasse algumas irmãs para região do Parabobouri, onde ela vivia, e então vieram as irmãs Lauritas. O Benjamim se casou por lá no Parabobouri com uma mulher Xavante”.

Em 1995, Josina Ludumila recebeu a medalha de honra ao mérito Dom Bosco pelo centenário dos Salesianos de Dom Bosco. Muito inteligente, cheia de qualidades e piedosa, Josina foi uma verdadeira missionária leiga entre os indígenas. Para eles, ela foi capaz de dar a vida, doando-se totalmente. Acompanhava os padres no atendimento de 10 aldeias fazendo a tradução das homilias. Seu grande companheiro nesse trabalho foi o padre Miguel Gaia (in memorian). Josina se interessava pela sobrevivência dos Xavante e, por isso, ela os ajudava a plantar, ia à roça com as crianças e adolescentes (wapités), cuidando do pomar e plantando batatas, mandioca, feijão, cocos, novas mangueiras, mamão, bocaiuva e muitas outras árvores frutíferas.

Muitos integrantes da Família Salesiana se manifestaram sobre a morte de Josina. Abaixo seguem alguns desses testemunhos.

“A Josina estava sempre acompanhando e incentivando os Xavante nas roças. Era uma criatura muitíssimo importante em todos os segmentos da vida dos índios, sobretudo, pelo domínio do idioma. A Josina “é a relíquia preciosa de toda essa história” (M.J.M. nov, 2007). Que lá de junto de Deus, interceda por nós e pelo povo Xavante”. Irmã Ivone Goulart Lopes, FMA.

“Meu coração se enche de tristeza pela morte da dona Josina. Que Deus a receba de braços bem abertos, em sua infinita misericórdia! No ano passado, passei quase dois meses nas missões indígenas de São Marcos e pude conviver com esta mulher guerreira, que ainda muito jovem veio morar com os Xavante. Ela me ensinou a amar e respeitar os indígenas, Bororo e Xavante, me fez entender bastante o ser missionário. Eu ficava impressionado como os Xavante a obedeciam e como ela dominava a língua deles, que para mim era muito difícil de aprender. Sentirei saudades das nossas conversas, dos terços, de como ensinou a me aproximar mais de nossa Senhora Auxiliadora e do Santíssimo Sacramento”. Paulo Bruno Marins – pré-noviço.

“Uma mulher de fé, de muita oração, de muita dedicação. Deus a recompense por seus trabalhos e doação missionária”. Padre Osmar Resende, SDB.

“Josina, grande missionária.  Dizia ter três famílias: a biológica (pais, irmãos, parentes), a Salesiana (Salesianos, Filhas de Maria Auxiliadora, grupos da Família Salesiana) e a Xavante. Amava a todos. E falava bem de todos. Tinha grande atuação na escola com as crianças. Na igreja, atuava como catequista nas aldeias. Sofria por ver alguém passando necessidade ou fome. Trazia sempre um lindo sorriso, com um olhar brilhante e profundo. Silenciosa, observadora, humilde. Uma pessoa que a gente gostava de estar sempre em sua companhia. Grande amante da Palavra de Deus, da Eucaristia e do trabalho ao próximo. Que Deus a tenha na Glória e dê a ela um merecido descanso”. Diácono José Alves, SDB.

“Que Jesus, na sua infinita misericórdia, a recompense pela total entrega à causa dos menos favorecidos. Dá-lhe, Senhor, o repouso eterno! E brilhe para ela a vossa luz”. Padre Sílvio Roberto, SDB.


Fonte: Missão Salesiana de Mato Grosso

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Última modificação em Segunda, 06 Julho 2020 16:33

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Família Salesiana lamenta a morte de Josina Maria Ludumila

Segunda, 06 Julho 2020 15:35 Escrito por  Missão Salesiana de Mato Grosso
Josina Maria Ludumila Silva, voluntária na Terra Indígena São Marcos, faleceu no domingo, 5 de julho, no município de Barra do Garças, aos 79 anos, vítima da Covid-19.  

 

Josina Inácia da Silva (após tirar o registro de nascimento, passou para Josina Maria Ludumila Silva), nasceu na Fazenda Escondida município de Guiratinga, MS, em 15 de julho 1940. Seus pais eram Antônio Inácio da Silva e Cândida Carrijo da Silva. Teve 12 irmãos e ficou órfã de mãe aos cinco anos.

 

Da Fazenda Escondida foi morar no Sitio São José, perto do Rio Garças. Aos seis anos foi estudar no internato em Meruri, onde fez a 1ª série e foi batizada. Mudou para o Sítio Desconhecido, perto do Rio das Mortes e ficou sem estudar devido a um derrame aos oito anos. Depois foi morar com sua irmã casada na Fazenda Jaraguazinho. Voltou para o internato de Meruri aos 18 anos. O cunhado pagou um ano de internato, o outro ano foi o pai. No 3º ano, ela falou com a irmã Margarida Abatti e essa lhe propôs pagar o colégio com o trabalho, lavando roupa e cozinhando. Assim fez o 3º e 4º anos. No retiro da 4ª série, irmã Margarida Abatti conversou com as jovens e perguntou sobre a vocação delas, propôs a Josina ficar com as irmãs e ajudar os Xavante. Ela aceitou, falou com os pais e foi morar com as irmãs.

Quando surgiu a oportunidade da fundação da casa de São Marcos ela se prontificou para ir. Foi assistente, professora das meninas, trabalhou muito na lavoura com elas, por muitos anos lecionou práticas agrícolas, aprendeu logo a língua Xavante e assim facilitou a comunicação. Josina tinha 23 anos quando chegou a São Marcos.

Padre Osmar Resende, SDB, lembra que “quando ela chegou a São Marcos, os Xavante começaram a dizer que não ficava bem para ela, uma jovem solteira, ficar por aí e poderia ser mal vista. Então ‘arrumaram’ um casamento para ela, segundo a tradição Xavante. Aí ela se casou com o Benjamim, que foi aquele que pediu ao Papa João Paulo II, quando veio ao Brasil, para que mandasse algumas irmãs para região do Parabobouri, onde ela vivia, e então vieram as irmãs Lauritas. O Benjamim se casou por lá no Parabobouri com uma mulher Xavante”.

Em 1995, Josina Ludumila recebeu a medalha de honra ao mérito Dom Bosco pelo centenário dos Salesianos de Dom Bosco. Muito inteligente, cheia de qualidades e piedosa, Josina foi uma verdadeira missionária leiga entre os indígenas. Para eles, ela foi capaz de dar a vida, doando-se totalmente. Acompanhava os padres no atendimento de 10 aldeias fazendo a tradução das homilias. Seu grande companheiro nesse trabalho foi o padre Miguel Gaia (in memorian). Josina se interessava pela sobrevivência dos Xavante e, por isso, ela os ajudava a plantar, ia à roça com as crianças e adolescentes (wapités), cuidando do pomar e plantando batatas, mandioca, feijão, cocos, novas mangueiras, mamão, bocaiuva e muitas outras árvores frutíferas.

Muitos integrantes da Família Salesiana se manifestaram sobre a morte de Josina. Abaixo seguem alguns desses testemunhos.

“A Josina estava sempre acompanhando e incentivando os Xavante nas roças. Era uma criatura muitíssimo importante em todos os segmentos da vida dos índios, sobretudo, pelo domínio do idioma. A Josina “é a relíquia preciosa de toda essa história” (M.J.M. nov, 2007). Que lá de junto de Deus, interceda por nós e pelo povo Xavante”. Irmã Ivone Goulart Lopes, FMA.

“Meu coração se enche de tristeza pela morte da dona Josina. Que Deus a receba de braços bem abertos, em sua infinita misericórdia! No ano passado, passei quase dois meses nas missões indígenas de São Marcos e pude conviver com esta mulher guerreira, que ainda muito jovem veio morar com os Xavante. Ela me ensinou a amar e respeitar os indígenas, Bororo e Xavante, me fez entender bastante o ser missionário. Eu ficava impressionado como os Xavante a obedeciam e como ela dominava a língua deles, que para mim era muito difícil de aprender. Sentirei saudades das nossas conversas, dos terços, de como ensinou a me aproximar mais de nossa Senhora Auxiliadora e do Santíssimo Sacramento”. Paulo Bruno Marins – pré-noviço.

“Uma mulher de fé, de muita oração, de muita dedicação. Deus a recompense por seus trabalhos e doação missionária”. Padre Osmar Resende, SDB.

“Josina, grande missionária.  Dizia ter três famílias: a biológica (pais, irmãos, parentes), a Salesiana (Salesianos, Filhas de Maria Auxiliadora, grupos da Família Salesiana) e a Xavante. Amava a todos. E falava bem de todos. Tinha grande atuação na escola com as crianças. Na igreja, atuava como catequista nas aldeias. Sofria por ver alguém passando necessidade ou fome. Trazia sempre um lindo sorriso, com um olhar brilhante e profundo. Silenciosa, observadora, humilde. Uma pessoa que a gente gostava de estar sempre em sua companhia. Grande amante da Palavra de Deus, da Eucaristia e do trabalho ao próximo. Que Deus a tenha na Glória e dê a ela um merecido descanso”. Diácono José Alves, SDB.

“Que Jesus, na sua infinita misericórdia, a recompense pela total entrega à causa dos menos favorecidos. Dá-lhe, Senhor, o repouso eterno! E brilhe para ela a vossa luz”. Padre Sílvio Roberto, SDB.


Fonte: Missão Salesiana de Mato Grosso

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