Queridos Reis Magos

Segunda, 21 Dezembro 2015 13:31 Escrito por  Misiones Salesianas
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Em muitos países da Europa, a tradição é que os presentes de Natal sejam trazidos pelos Reis Magos, no dia 6 de janeiro. Nas mensagens abaixo, dois missionários ligados à ONG espanhola Misiones Salesianas, que atualmente residem em países da África, fazem os seus pedidos para um Natal de paz e solidariedade.

República Centro-Africana: que alegria se a paz fosse possível!

É durante as festas de fim de ano que nós confiamos nossos sonhos esperando que possam ser realizados. Diante do sofrimento de tanta gente na República Centro-Africana, me ocorre escrever-lhes para pedir paz àquele país.

 

Muitos lhes pediriam coisas de valor ou benefícios pessoais, mas eu quero pedir que a paz chegue a todos os rincões daquele país, repleto de gente boa, sejam adultos, jovens, crianças ou idosos. Trata-se de gente do bem, que não quer fazer o mal a ninguém, mas que se encontra em um país em guerra e sem saber sequer o motivo do conflito. Que alegria se pudéssemos presenteá-los com a paz!

 

Se a paz voltasse a reinar muita gente poderia retornar às suas casas, a seu povo, à sua cultura. Inúmeras pessoas deixariam a condição de “refugiadas”, expostas aos riscos do desconhecido e à procura de um lugar em outros países onde possam reconstruir suas vidas, na maioria das vezes, estabelecendo-se em terras e culturas absolutamente novas. Quantas pessoas deixariam de viver escondidas por medo de perseguições e ataques? Elas poderiam viver em suas casas, para onde voltariam após um dia de trabalho, rodeadas por seus familiares, para o descanso merecido! Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, crianças e jovens poderiam retornar às escolas, estas poderiam reabrir suas portas para que meninos e meninas voltassem a frequentar as aulas diárias, fariam seus deveres ao retornarem a seus lares, frequentariam até bibliotecas… Na escola, poderiam fazer amigos, rir juntos e praticar esportes no pátio. Os professores lhes ensinariam também os grandes ideais para a vida e os preparariam para o futuro. Os mais velhos poderiam frequentar os centros de formação profissional para aprender um ofício. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar os pais saberiam que seus filhos estariam brincando com seus colegas na rua ou na casa de alguma família próxima. Os pais saberiam que seus filhos estariam seguros, ora andando na rua para ir à escola, ora para voltar para casa, após as aulas. Os pais estariam felizes por poderem fazer as refeições com seus filhos todos os dias. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, aquele país poderia prosperar e desenvolver-se, fazendo planos para a construção de estradas, hospitais e escolas. O país poderia então se equipar com recursos e serviços para prover uma vida digna a todos. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, as pessoas não mais teriam ódio nem buscariam vingança. Uma pessoa poderia ajudar o vizinho e cumprimentaria um desconhecido sem medo. As pessoas poderiam ter em seus corações belos sentimentos de amizade porque não haveria rancor ou desejos de vingança. As pessoas poderiam se aproximar umas das outras porque não haveria motivos para acautelar-se umas das outras! Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, quantas coisas boas seria possível viver?! Que alegria, se isso fosse possível. Por esse povo eu peço que a paz chegue à República Centro-Africana e que possamos ver, de uma vez por todas, a felicidade manifestar-se entre as pessoas de bem que querem viver em paz.

 

Agradeço, Reis Magos, e espero poder agradecê-los por esse dom tão precioso no próximo ano.

José Maria Sabé Colom – missionário salesiano

 

Serra Leoa: não se esqueçam dos jovens

A Serra Leoa é um país com um enorme potencial de desenvolvimento e de crescimento de seus habitantes. Há belas montanhas, colinas, ilhas, uma vegetação exuberante, belíssimos parques naturais, praias exóticas recortadas por areias brancas e um legado histórico e cultural da maior relevância.

 

Este país presenciou um importante crescimento nos idos dos anos 1990, onde se viu prosperidade e crescimento em vários setores da economia, mas especialmente com o turismo e ampliação de oportunidades de empregos no setor. A ampliação da capacidade hoteleira e outros serviços ligados ao turismo eram possibilidades reais de melhores dias para o país e para quem buscava oportunidade de emprego na área. Mas tudo mudou com a eclosão da guerra civil que assolou o país.

 

Durante a guerra, os jovens foram obrigados a trabalhar em serviços duros para eles. Muitos deles tornaram-se escravizados ou aprisionados, muitas jovens foram violentadas ou transformaram-se em escravas sexuais. Os jovens são as maiores vítimas da guerra. Seus direitos e sua dignidade são ceifados, reduzindo drasticamente suas possibilidades de desenvolver-se e construir uma vida digna.

 

Conforme a guerra avança, a maioria dos jovens, meninos e meninas, vai perdendo a oportunidade de estudar. Milhares de pessoas abandonaram seus lugares em busca de refúgio ou um local onde possam ter paz e reconstruir suas vidas. A migração se dá para locais onde ainda há condições de viver e nessas regiões, os colégios tiveram de abrir novos turnos para receber o aumento de demanda dos alunos migrados. Em tal situação a qualidade de ensino foi prejudicada também.

 

Outros jovens foram arregimentados para as milícias, perdendo a capacidade de viver em sociedade. Os jovens que migram na condição de refugiados, fugindo para salvar-se perdem a oportunidade de aprender valores e construir uma vida plena.

 

A guerra acabou, mas deixou um cenário de devastação para trás. E foi nesse processo que os missionários salesianos assumiram as frentes de amparo a esses jovens. O esporte foi uma das ferramentas usadas para ajudá-los a se reintegrar, mostrando as possibilidades de esperar por metas mais dignas em suas vidas. Também implementamos projetos para melhorar a educação, a saúde, alimentação e as relações familiares. Tudo isso ajudou esses jovens atingidos pela guerra a encontrar um caminho digno para construir suas vidas. A felicidade, entretanto, na comunidade de Lungui, durou pouco, pois em seguida deflagrou-se uma nova guerra, desta vez contra o ebola.

 

Por causa da epidemia do ebola, os jovens têm visto seus caminhos se fecharem. Os efeitos da epidemia em suas vidas na comunidade de Lungui são muitos. As meninas, meninos e jovens não podem praticar esportes coletivos e o convívio educativo é completamente prejudicado, bem como a missão que visa à melhoria de suas condições de vida. Por outro lado, na medida que as condições sanitárias pioram, muitos deles se infectam, aumentando o número de mortes pela epidemia. A perda de esperanças por parte desses jovens exige um empenho redobrado dos missionários, para que eles voltem a crer no futuro construído por eles mesmos.

 

Os jovens indagam-se a respeito do futuro que os espera. Esta é uma realidade que têm de enfrentar em Lungui e em todo o país. Por eles, senhores, peço que não se esqueçam desses jovens em Serra Leoa e nos ajudem a construir seus sonhos:

- Conseguir que os meninos, meninas e jovens possam continuar seus estudos, que possam assistir às aulas, fazer suas tarefas e que concluam o ciclo escolar.

- Conseguir alimento para os mais pobres e para aqueles que não têm o amparo dos país.

- Conseguir medicamentos para os menores. O governo fechou os hospitais e clínicas por causa do ebola, o que torna difícil encontrar tratamento para doenças como malária e febre.

- Conseguir um local para as crianças órfãs do ebola e que não encontraram amparo em suas famílias.

 

Como podem ver, queridos Reis Magos, são sonhos que têm de tornar-se realidade para que os meninos, meninas e jovens de Serra Leoa possam voltar a olhar para o futuro com alguma perspectiva.

Sergej Goman – missionário salesiano

 

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Segunda, 21 Dezembro 2015 13:31 Escrito por  Misiones Salesianas
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Em muitos países da Europa, a tradição é que os presentes de Natal sejam trazidos pelos Reis Magos, no dia 6 de janeiro. Nas mensagens abaixo, dois missionários ligados à ONG espanhola Misiones Salesianas, que atualmente residem em países da África, fazem os seus pedidos para um Natal de paz e solidariedade.

República Centro-Africana: que alegria se a paz fosse possível!

É durante as festas de fim de ano que nós confiamos nossos sonhos esperando que possam ser realizados. Diante do sofrimento de tanta gente na República Centro-Africana, me ocorre escrever-lhes para pedir paz àquele país.

 

Muitos lhes pediriam coisas de valor ou benefícios pessoais, mas eu quero pedir que a paz chegue a todos os rincões daquele país, repleto de gente boa, sejam adultos, jovens, crianças ou idosos. Trata-se de gente do bem, que não quer fazer o mal a ninguém, mas que se encontra em um país em guerra e sem saber sequer o motivo do conflito. Que alegria se pudéssemos presenteá-los com a paz!

 

Se a paz voltasse a reinar muita gente poderia retornar às suas casas, a seu povo, à sua cultura. Inúmeras pessoas deixariam a condição de “refugiadas”, expostas aos riscos do desconhecido e à procura de um lugar em outros países onde possam reconstruir suas vidas, na maioria das vezes, estabelecendo-se em terras e culturas absolutamente novas. Quantas pessoas deixariam de viver escondidas por medo de perseguições e ataques? Elas poderiam viver em suas casas, para onde voltariam após um dia de trabalho, rodeadas por seus familiares, para o descanso merecido! Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, crianças e jovens poderiam retornar às escolas, estas poderiam reabrir suas portas para que meninos e meninas voltassem a frequentar as aulas diárias, fariam seus deveres ao retornarem a seus lares, frequentariam até bibliotecas… Na escola, poderiam fazer amigos, rir juntos e praticar esportes no pátio. Os professores lhes ensinariam também os grandes ideais para a vida e os preparariam para o futuro. Os mais velhos poderiam frequentar os centros de formação profissional para aprender um ofício. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar os pais saberiam que seus filhos estariam brincando com seus colegas na rua ou na casa de alguma família próxima. Os pais saberiam que seus filhos estariam seguros, ora andando na rua para ir à escola, ora para voltar para casa, após as aulas. Os pais estariam felizes por poderem fazer as refeições com seus filhos todos os dias. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, aquele país poderia prosperar e desenvolver-se, fazendo planos para a construção de estradas, hospitais e escolas. O país poderia então se equipar com recursos e serviços para prover uma vida digna a todos. Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, as pessoas não mais teriam ódio nem buscariam vingança. Uma pessoa poderia ajudar o vizinho e cumprimentaria um desconhecido sem medo. As pessoas poderiam ter em seus corações belos sentimentos de amizade porque não haveria rancor ou desejos de vingança. As pessoas poderiam se aproximar umas das outras porque não haveria motivos para acautelar-se umas das outras! Que alegria, se isso fosse possível!

 

Se a paz voltasse a reinar, quantas coisas boas seria possível viver?! Que alegria, se isso fosse possível. Por esse povo eu peço que a paz chegue à República Centro-Africana e que possamos ver, de uma vez por todas, a felicidade manifestar-se entre as pessoas de bem que querem viver em paz.

 

Agradeço, Reis Magos, e espero poder agradecê-los por esse dom tão precioso no próximo ano.

José Maria Sabé Colom – missionário salesiano

 

Serra Leoa: não se esqueçam dos jovens

A Serra Leoa é um país com um enorme potencial de desenvolvimento e de crescimento de seus habitantes. Há belas montanhas, colinas, ilhas, uma vegetação exuberante, belíssimos parques naturais, praias exóticas recortadas por areias brancas e um legado histórico e cultural da maior relevância.

 

Este país presenciou um importante crescimento nos idos dos anos 1990, onde se viu prosperidade e crescimento em vários setores da economia, mas especialmente com o turismo e ampliação de oportunidades de empregos no setor. A ampliação da capacidade hoteleira e outros serviços ligados ao turismo eram possibilidades reais de melhores dias para o país e para quem buscava oportunidade de emprego na área. Mas tudo mudou com a eclosão da guerra civil que assolou o país.

 

Durante a guerra, os jovens foram obrigados a trabalhar em serviços duros para eles. Muitos deles tornaram-se escravizados ou aprisionados, muitas jovens foram violentadas ou transformaram-se em escravas sexuais. Os jovens são as maiores vítimas da guerra. Seus direitos e sua dignidade são ceifados, reduzindo drasticamente suas possibilidades de desenvolver-se e construir uma vida digna.

 

Conforme a guerra avança, a maioria dos jovens, meninos e meninas, vai perdendo a oportunidade de estudar. Milhares de pessoas abandonaram seus lugares em busca de refúgio ou um local onde possam ter paz e reconstruir suas vidas. A migração se dá para locais onde ainda há condições de viver e nessas regiões, os colégios tiveram de abrir novos turnos para receber o aumento de demanda dos alunos migrados. Em tal situação a qualidade de ensino foi prejudicada também.

 

Outros jovens foram arregimentados para as milícias, perdendo a capacidade de viver em sociedade. Os jovens que migram na condição de refugiados, fugindo para salvar-se perdem a oportunidade de aprender valores e construir uma vida plena.

 

A guerra acabou, mas deixou um cenário de devastação para trás. E foi nesse processo que os missionários salesianos assumiram as frentes de amparo a esses jovens. O esporte foi uma das ferramentas usadas para ajudá-los a se reintegrar, mostrando as possibilidades de esperar por metas mais dignas em suas vidas. Também implementamos projetos para melhorar a educação, a saúde, alimentação e as relações familiares. Tudo isso ajudou esses jovens atingidos pela guerra a encontrar um caminho digno para construir suas vidas. A felicidade, entretanto, na comunidade de Lungui, durou pouco, pois em seguida deflagrou-se uma nova guerra, desta vez contra o ebola.

 

Por causa da epidemia do ebola, os jovens têm visto seus caminhos se fecharem. Os efeitos da epidemia em suas vidas na comunidade de Lungui são muitos. As meninas, meninos e jovens não podem praticar esportes coletivos e o convívio educativo é completamente prejudicado, bem como a missão que visa à melhoria de suas condições de vida. Por outro lado, na medida que as condições sanitárias pioram, muitos deles se infectam, aumentando o número de mortes pela epidemia. A perda de esperanças por parte desses jovens exige um empenho redobrado dos missionários, para que eles voltem a crer no futuro construído por eles mesmos.

 

Os jovens indagam-se a respeito do futuro que os espera. Esta é uma realidade que têm de enfrentar em Lungui e em todo o país. Por eles, senhores, peço que não se esqueçam desses jovens em Serra Leoa e nos ajudem a construir seus sonhos:

- Conseguir que os meninos, meninas e jovens possam continuar seus estudos, que possam assistir às aulas, fazer suas tarefas e que concluam o ciclo escolar.

- Conseguir alimento para os mais pobres e para aqueles que não têm o amparo dos país.

- Conseguir medicamentos para os menores. O governo fechou os hospitais e clínicas por causa do ebola, o que torna difícil encontrar tratamento para doenças como malária e febre.

- Conseguir um local para as crianças órfãs do ebola e que não encontraram amparo em suas famílias.

 

Como podem ver, queridos Reis Magos, são sonhos que têm de tornar-se realidade para que os meninos, meninas e jovens de Serra Leoa possam voltar a olhar para o futuro com alguma perspectiva.

Sergej Goman – missionário salesiano

 

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