Conhecer Dom Bosco: Trabalho em equipe

Quarta, 25 Abril 2012 01:28 Escrito por 
 Do trabalho individual à construção de uma comunidade-família; do carisma pessoal ao carisma compartilhado. O primeiro gesto “oficial” de Jesus foi assim:  

 

“Caminhando à beira do lago da Galileia, Jesus viu Simão e o seu irmão André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Estão disse-lhes: Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (Marcos 1,16-17). Desde os anos do Colégio Eclesiástico, Dom Bosco buscou jovens “ajudantes”: “Embora minha finalidade fosse recolher somente os meninos em maior perigo, de preferência os que deixavam a cadeia, todavia para ter uma base sobre a qual fundar a disciplina e a moralidade convidei alguns outros de boa conduta e já instruídos. Eles me ajudavam a manter a ordem e também a entoar cantos sacros; percebi assim desde o princípio, que sem a distribuição de livros de canto e de leitura amena, as reuniões nos dias de guarda seriam como um corpo sem alma” (Memórias do Oratório, São Paulo: Salesiana, 2005, p. 126).
 

Para Dom Bosco, deu-se logo

A passagem da iniciativa pessoal a uma ação coordenada em equipe. O carisma pessoal revela desde o início uma vocação comunitária e uma propensão à convocação. Ele experimentou uma colaboração operativa mais regular entre 1844 e 1846, quando foi rodeado pelo teólogo Borel, pelo padre Pacchiotti e outros. Contudo, eram cooperações esporádicas, ligadas a exigências práticas. O Oratório decola quando, com a mãe, ele se fixa na casa Pinardi, transformando o edifício, que até então fora uma simples sede de atividades, em uma “casa”, em uma família apostólica consagrada à missão, aberta dia e noite à acolhida dos jovens pobres e abandonados. A partir desse momento, a obra desenvolve todas as suas potencialidades, também porque ele, abandonando todos os outros trabalhos, se consagra exclusivamente à missão juvenil. É nessa situação que Dom Bosco se preocupa em reunir ao seu redor uma comunidade de pastores-educadores – não mais apenas esporádica ou funcional às atividades – que o reconheça como pai, ponto de referência e modelo. Como afirmam as Constituições dos Salesianos: “Viver e trabalhar juntos é para nós salesianos exigência fundamental e caminho seguro para realizarmos a nossa vocação” (Artigo 49a)

Não só “ajudantes”

Sobretudo depois da crise de 1848-49, que afastou muitos colaboradores, animados de outro espírito e método, Dom Bosco empenhou-se na construção do protótipo da comunidade educativa “salesiana”, formando jovens que não fossem apenas “ajudantes”, mas “discípulos” e “filhos”, parte viva de uma família ligada por vínculos afetivos e espirituais, com tarefas e papéis bem definidos e complementares, que participassem do seu carisma: Ascânio Sávio, Rua, Cagliero, Buzzetti, Artiglia, Rocchietti, Bonetti..Eles viviam no Oratório, decididos a ficar com Dom Bosco para dedicar a vida à missão juvenil. Constituíam o fruto da ação formativa de Dom Bosco entre os oratorianos e da sua direção espiritual. Nem todos se fizeram religiosos. Muitos continuaram a colaborar nos oratórios e nas escolas, embora vivendo em suas casas. Outros ofereciam ajudas esporádicas, econômicas e morais. Todos, porém, se sentiam parte viva da obra salesiana, compartilhavam o seu método, os seus objetivos e os seus traços carismáticos.

Uma “família” que educa

A experiência deu vida a um modelo carismático inconfundível de comunidade educativo-pastoral. Nas casas salesianas, a comunidade dos religiosos reunida ao redor do diretor (verdadeiro pai espiritual), coor- denada em seus papéis e tarefas, é o coração da obra; mas para a sua eficácia formativa, precisa envolver a adesão cooperativa e afetiva dos jovens melhores, como ativos animadores espirituais e educadores dos companheiros, e precisa também construir uma vasta rede de colaboração operativa e moral, em vários níveis (em círculos concêntricos), capaz de conferir às obras dinamicidade, eficácia e continuidade.

A instituição salesiana pôde estender-se ao mundo inteiro graças à vocação comunitária do carisma de Dom Bosco, que sabia que para bem educar os jovens é preciso ser em muitos, unidos ao redor dos mesmos ideais e do mesmo espírito, na fraternidade, dispostos a cooperar cordialmente com o diretor, a dar com alegria a si mesmos por inteiro, cada um segundo o próprio estado de vida. A história da obra salesiana em todos os lugares do mundo demonstrou que os “pioneiros” isolados, porquanto capazes ou eficientes, quando privados da pertença e separados da comunidade, construíram realidades caducas.

Diferentemente, as comunidades salesianas unidas no trabalho e na fraternidade, mesmo compostas por pessoas simples, quando bem enraizadas no território e preocupadas em envolver e convocar, levaram adiante eficazmente um trabalho de profundos e fecundos reflexos nas comunidades civis e eclesiais nas quais estavam inseridas.

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Segunda, 30 Julho 2012 12:48

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Conhecer Dom Bosco: Trabalho em equipe

Quarta, 25 Abril 2012 01:28 Escrito por 
 Do trabalho individual à construção de uma comunidade-família; do carisma pessoal ao carisma compartilhado. O primeiro gesto “oficial” de Jesus foi assim:  

 

“Caminhando à beira do lago da Galileia, Jesus viu Simão e o seu irmão André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Estão disse-lhes: Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (Marcos 1,16-17). Desde os anos do Colégio Eclesiástico, Dom Bosco buscou jovens “ajudantes”: “Embora minha finalidade fosse recolher somente os meninos em maior perigo, de preferência os que deixavam a cadeia, todavia para ter uma base sobre a qual fundar a disciplina e a moralidade convidei alguns outros de boa conduta e já instruídos. Eles me ajudavam a manter a ordem e também a entoar cantos sacros; percebi assim desde o princípio, que sem a distribuição de livros de canto e de leitura amena, as reuniões nos dias de guarda seriam como um corpo sem alma” (Memórias do Oratório, São Paulo: Salesiana, 2005, p. 126).
 

Para Dom Bosco, deu-se logo

A passagem da iniciativa pessoal a uma ação coordenada em equipe. O carisma pessoal revela desde o início uma vocação comunitária e uma propensão à convocação. Ele experimentou uma colaboração operativa mais regular entre 1844 e 1846, quando foi rodeado pelo teólogo Borel, pelo padre Pacchiotti e outros. Contudo, eram cooperações esporádicas, ligadas a exigências práticas. O Oratório decola quando, com a mãe, ele se fixa na casa Pinardi, transformando o edifício, que até então fora uma simples sede de atividades, em uma “casa”, em uma família apostólica consagrada à missão, aberta dia e noite à acolhida dos jovens pobres e abandonados. A partir desse momento, a obra desenvolve todas as suas potencialidades, também porque ele, abandonando todos os outros trabalhos, se consagra exclusivamente à missão juvenil. É nessa situação que Dom Bosco se preocupa em reunir ao seu redor uma comunidade de pastores-educadores – não mais apenas esporádica ou funcional às atividades – que o reconheça como pai, ponto de referência e modelo. Como afirmam as Constituições dos Salesianos: “Viver e trabalhar juntos é para nós salesianos exigência fundamental e caminho seguro para realizarmos a nossa vocação” (Artigo 49a)

Não só “ajudantes”

Sobretudo depois da crise de 1848-49, que afastou muitos colaboradores, animados de outro espírito e método, Dom Bosco empenhou-se na construção do protótipo da comunidade educativa “salesiana”, formando jovens que não fossem apenas “ajudantes”, mas “discípulos” e “filhos”, parte viva de uma família ligada por vínculos afetivos e espirituais, com tarefas e papéis bem definidos e complementares, que participassem do seu carisma: Ascânio Sávio, Rua, Cagliero, Buzzetti, Artiglia, Rocchietti, Bonetti..Eles viviam no Oratório, decididos a ficar com Dom Bosco para dedicar a vida à missão juvenil. Constituíam o fruto da ação formativa de Dom Bosco entre os oratorianos e da sua direção espiritual. Nem todos se fizeram religiosos. Muitos continuaram a colaborar nos oratórios e nas escolas, embora vivendo em suas casas. Outros ofereciam ajudas esporádicas, econômicas e morais. Todos, porém, se sentiam parte viva da obra salesiana, compartilhavam o seu método, os seus objetivos e os seus traços carismáticos.

Uma “família” que educa

A experiência deu vida a um modelo carismático inconfundível de comunidade educativo-pastoral. Nas casas salesianas, a comunidade dos religiosos reunida ao redor do diretor (verdadeiro pai espiritual), coor- denada em seus papéis e tarefas, é o coração da obra; mas para a sua eficácia formativa, precisa envolver a adesão cooperativa e afetiva dos jovens melhores, como ativos animadores espirituais e educadores dos companheiros, e precisa também construir uma vasta rede de colaboração operativa e moral, em vários níveis (em círculos concêntricos), capaz de conferir às obras dinamicidade, eficácia e continuidade.

A instituição salesiana pôde estender-se ao mundo inteiro graças à vocação comunitária do carisma de Dom Bosco, que sabia que para bem educar os jovens é preciso ser em muitos, unidos ao redor dos mesmos ideais e do mesmo espírito, na fraternidade, dispostos a cooperar cordialmente com o diretor, a dar com alegria a si mesmos por inteiro, cada um segundo o próprio estado de vida. A história da obra salesiana em todos os lugares do mundo demonstrou que os “pioneiros” isolados, porquanto capazes ou eficientes, quando privados da pertença e separados da comunidade, construíram realidades caducas.

Diferentemente, as comunidades salesianas unidas no trabalho e na fraternidade, mesmo compostas por pessoas simples, quando bem enraizadas no território e preocupadas em envolver e convocar, levaram adiante eficazmente um trabalho de profundos e fecundos reflexos nas comunidades civis e eclesiais nas quais estavam inseridas.

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Segunda, 30 Julho 2012 12:48

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.