Inesperadamente, porém, a viagem se revela... pavorosa: acabam por cair em realidades criminosas, sofrem maus tratos e torturas, são tratados como animais, com pouca água e pouca comida e, não raramente, são mortos para retirar e vender seus órgãos: é que o tráfico de seres humanos representa um autêntico negócio do horror.
A Missões Dom Bosco, junto com a ONG Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento (VIS), quis acolher o apelo do Papa Francisco para que a Comunidade Internacional, perante o massacre de que são vítimas os migrantes, vença essa indiferença global. Com a campanha “Stop Tratta” (Basta ao Tráfico) optou-se por iniciar nos países da África Subsaariana um amplo programa de sensibilização e formação, para que os que decidem partir sejam informados acerca dos graves riscos a que vão se expor e, para os que ficam, se ofereçam oportunidades concretas.
Desde 2008, cerca de 75% dos jovens que aportam nas costas italianas é formado por menores estrangeiros desacompanhados. Pertencem a 80 nacionalidades. Mas a maior parte provém de Egito, Gâmbia, Guiné, Senegal, Tunísia e Paquistão.
Lembrou-o também o Papa Francisco por ocasião do dia Mundial do Migrante e do Refugiado: os migrantes menores de idade, “quando, por várias razões, são forçados a viver longe de sua terra de origem e distantes do afeto familiar, são três vezes indefesos: porque menores, porque estrangeiros, porque desprotegidos”.
Paola Schinelli, cooperadora do VIS no Senegal, recorda-nos assim a realidade dos jovens que decidem deixar o próprio país para realizar o sonho na Europa: “Fala-se de migração: e a imagem que se imprime em nossa mente é a de pequenos grupos de homens, adultos, prontos para enfrentar qualquer coisa contanto que cheguem à Europa e achem uma oportunidade para si e para a família que ficou na terra natal. Mas a realidade é muito diferente: são principalmente adolescentes esses menores que viajam, e desacompanhados, porque eles são a esperança do futuro, um futuro radioso para a África que espera; para aquelas famílias – mães e pais – que renunciaram a ver fazer-se homem um filho seu, em troca de um pouco de dinheiro que fará com que as irmãs e os irmãos menores vivam melhor...”. Mais que esperança isto hoje é muita... ilusão. Partir, no momento, deve ser uma escolha, mas não é o único caminho.
Fonte: Info ANS