Era uma típica família de camponeses do Piemonte. Dali surgiu a forte motivação da vivência dos valores da fé, como também aprendeu os valores próprios do lugar e da cultura piemontesa. O lar doméstico foi também a escola da moralidade de Dom Bosco como o era para as outras famílias; aí aprendeu os deveres do bom cristão, as orações e os comportamentos de honorabilidade diante da verdade e empenho no cumprimento dos deveres.
Damos a seguir uma breve descrição das pessoas que a compunham.
As primeiras notícias que temos dessa família nos levam ao século XVII. João Bosco e Joana Ronco contraíram matrimônio em 1627. Em 1665, aparecem como meeiros dos Padres Barnabitas, na propriedade de Croce di Pane.
Também meeiro foi o pai de Dom Bosco, Francisco Luis Bosco (1784-1817). Morava, com sua mãe anciã, na chácara Biglione, nos Becchi.
Em 1805 tinha casado com Margarida Cagliero, que lhe deu dois filhos: Antonio e Teresa (1810). Esta morreu pouco depois de nascida. Viúvo em 1811, casou-se com Margarida Occhiena, de Capriglio, que foi mãe de José e de João - Dom Bosco. Faleceu dia 11 de maio de 1817, após breve doença, confortado pelos sacramentos da Igreja, deixando à sua esposa palavras de conforto e de fé.
Mamãe Margarida
Margarida Occhiena (1788-1856) nasceu em Capriglio, dia 17 de abril de 1788. Era filha de Melchiorre Occhiena e Domenica Bossone. Vindo a falecer o marido, toda a administração doméstica pesava sobre os ombros de Mamãe Margarida. Mulher equilibrada, de afetividade rica e lúcida, ao ficar viúva ela pudera e soubera exercer sobre os filhos o papel de mãe paterna, que João expressaria numa missão e num estilo de ação que pode definir-se, sem jogo de palavras, paternalmente materno.
Quando Dom Bosco foi habitar na casa Pinardi, Mamãe Margarida deixou o convívio da família de José, e passou a morar com o filho padre, fazendo, por dez anos seguidos, o papel de mãe para os seus jovens, numa vida de simplicidade, paciência e caridade. Fazia-se amar por todos.
Os irmãos de Dom Bosco
Antonio Bosco (1808-1849), filho primogênito de Francisco Bosco, perdeu a mãe quando criança e o pai aos nove anos. É conhecido pela oposição que fez a que João Bosco estudasse. Queria todos os familiares voltados para o trabalho, a fim de conservar e melhorar a própria posição de pequeno proprietário e rendeiro de terras. Quando a situação se colocou de modo que não tinha mais que entrar com ajuda econômica para os estudos de João, admitiu que ele seguisse seu caminho vocacional.
Antonio nunca desrespeitou sua madrasta, mesmo nos momentos de conflito e de nervosismo. Antes, sua amizade por ela foi crescendo sempre mais. Quando se separaram, ia visitá-la com frequência. Quando ela foi para Turim, ia dos Becchi à cidade para encontrar-se com ela, passar algumas horas em sua companhia e ouvir seus conselhos.
Antonio deixou fama de um homem distinto pela sua honradez, que sabia tratar bem a todos. Era um amigo fiel, que sabia manter viva a alegria em qualquer lugar se apresentasse. Morreu quase repentinamente. Dom Bosco não abandonou sua família naquele momento e fez com que um dos filhos de Antonio ficasse interno no Oratório de Turim e aprendesse o ofício de carpinteiro. A família de Antonio facilitou aos salesianos a aquisição da casa paterna nos Becchi.
José Bosco (1813-1862) foi o primeiro filho de Francisco e Margarida. Era um homem de bom coração, paciente, com um gênio sereno e tranquilo. Esperto, tinha capacidade de tirar vantagem de todas as coisas, mesmo das que pareciam pouco úteis.
Quando se tratou de constituir o patrimônio para a ordenação de João Bosco, este não possuía os bens suficientes. José entrou com todos os seus bens para ajudar o irmão.
Quando houve a separação da herança de Francisco Bosco, Antonio, como primogênito, levou a melhor parte. Continuou a residir nos Becchi. José, com Mamãe Margarida, foi arrendar um terreno no Sussambrino e para lá se mudou. Após dois anos, construiu nos Becchi sua casa própria, e tinha prazer em receber, em sua propriedade, os meninos de Dom Bosco para passar alguns dias de férias.
Os jovens do Oratório o estimavam muito, e o recebiam alegremente quando ia a Turim e visitava seu irmão e a mãe. Não deixou também de ajudar o irmão em algum momento de dificuldade financeira. Foi ele quem assistiu à morte da mãe. Faleceu em sua casa, assistido pelo irmão.
Como em toda família
Margarida Zucca (1752-1826), a avó de Dom Bosco, após a viuvez ficara morando com o filho Francisco. Entre as duas Margaridas houve sempre um bom entendimento. A anciã era bastante doente. Porém, dentro do que lhe era possível, ajudava no cuidado da casa. Mamãe Margarida sempre exigiu dos filhos o respeito e a obediência pela avó, dando ela por primeira o exemplo. Completavam a família dois serviçais que ajudavam no trabalho do campo.
Vemos que, como em toda a família, também na família de Dom Bosco havia diferenças de temperamentos e não faltavam os defeitos. Havia, porém, o dom de educadora de Mamãe Margarida. Dotada de grande tato, ia resolvendo os problemas que apareciam, ensinando seus filhos a crescer no respeito uns pelos outros e fazendo assim daquela família o ambiente onde se consolidou a base para a santidade de Dom Bosco.