O oratório é uma das obras salesianas mais características e, em muitos locais do Brasil, esse espaço de educação, evangelização e vivência com crianças e jovens “ao estilo de Dom Bosco” é coordenado por Salesianos Cooperadores. Na zona Norte da capital paulista, o oratório é mantido pelo Colégio Santa Teresinha e é um dos principais focos de atividade dos Salesianos Cooperadores que participam do Centro Local Santa Teresinha.
É neste oratório que atuam os Salesianos Cooperadores Deusa do Carmo Stippe Sobral, Armando José Sobral, Marianna Matrone Gatta e Angel Alberto Gatta. Apesar de estarem no mesmo local e com a mesma vocação, os caminhos que percorreram até atenderem ao chamado para serem Salesianos Cooperadores foram bem diferentes. É sobre essa caminhada vocacional que eles falam aos leitores do Boletim Salesiano.
Como vocês conheceram a Família Salesiana?
Marianna Matrone Gatta – Minha família sempre foi salesiana. Meu pai foi oratoriano, meus pais se casaram em uma igreja salesiana, eu estudei no Salesiano Santa Teresinha e, além disso, fiz uma experiência vocacional com as Filhas de Maria Auxiliadora. Quando saí do Ensino Médio eu fiz alguns encontros vocacionais, tenho amizade com as Irmãs até hoje. Depois, no meu Mestrado, fiz parte dos meus estudos na Itália, e lá visitei Mornese. Mas, quando olhei pela mesma “janelinha” em que Madre Mazzarello via o sacrário, eu percebi que meu caminho era salesiano, mas não para ser Irmã, não para a vida consagrada. Naquela época eu não pensava em ser Salesiana Cooperadora, não conhecia o Angel ainda. Mas senti que deveria esperar.
Angel Alberto Gatta – Eu sou da Argentina, e lá participava de uma paróquia diocesana, mas Dom Bosco é muito conhecido no país. Há uma cidade que se chama Dom Bosco e há também todo o trabalho feito pelos salesianos nos confins da Argentina, na região da Patagônia. A obra salesiana é muito conhecida para quem é católico, e para quem não é católico também. Depois que conheci a Marianna, sempre participamos da paróquia salesiana e das Romarias da Família Salesiana – foram 11 até o momento, e este ano vamos a mais uma!
E como foi a decisão de se tornarem Salesianos Cooperadores?
Angel – Participando da paróquia, na missa, tomamos conhecimento de um convite para conhecer os Salesianos Cooperadores. Eu tive essa curiosidade e iniciativa de querer conhecer, depois a Marianna me acompanhou. Fomos no primeiro dia, na palestra. E depois, entre os dois, tomamos a decisão de fazer a formação. O interessante é que tomamos conhecimento dos Salesianos Cooperadores em uma missa e, depois que fizemos a promessa, concluímos a formação com uma missa na paróquia para fazer o convite a outros.
Por que ser Salesiano Cooperador é uma vocação?
Angel – Dom Bosco já viu, em sua época, a possibilidade de, além de padres e religiosos consagrados, ele envolver aos leigos para poder avançar na sua obra de evangelização. A Família Salesiana já nasce com esses primeiros grupos, dos Salesianos de Dom Bosco, das Filhas de Maria Auxiliadora, dos Salesianos Cooperadores e tem também a ADMA, a Associação de Maria Auxiliadora. São todos grupos praticamente contemporâneos.
Marianna – A vocação é um chamado de Deus. Como eu falei, eu olhava pela janela de Mornese e pensava que o meu caminho era salesiano, mas não era ser irmã. Ser Salesiano Cooperador é uma vocação porque é um chamado de Deus para continuar a missão de Dom Bosco, mas como leigos, como parte da família, como diz o Angel. A vocação dentro da Família Salesiana, dentro do nosso carisma, não é necessariamente para a vida consagrada, pode ser com os leigos também. E pode ser no matrimônio ou da pessoa solteira também. No caso meu e do Angel, fomos nós dois contemporaneamente, mas cada pessoa tem o seu tempo de discernimento.
O que traz maior realização hoje para vocês como Salesianos Cooperadores?
Marianna – Hoje atuamos no Oratório Santa Teresinha, onde vem crianças, jovens e suas famílias. Na maior parte são famílias simples, dos bairros mais afastados da região, mas vão todos os que quiserem participar. É uma realização muito grande, na verdade quem ganha mais somos nós. É uma felicidade muito grande ver uma criança ou um jovem ali, podendo praticar um esporte, fazer o lanche com a família, participar da missa. Na pandemia (da Covid-19) nós nos unimos muito com eles. Era difícil, porque fizemos um “oratório virtual” e a conexão da internet muitas vezes é ruim, o menino não tem celular, mas nos empenhamos ao máximo nesse oratório em casa. Nesse período ajudamos com cestas básicas também às famílias que precisavam. Nossa meta era nos mantermos unidos, para que não dispersassem e, graças a Deus, nós conseguimos que eles retornassem quase todos ao presencial; após dois anos eles estão lá, firmes e fortes.
Angel – Queria acrescentar que tivemos a oportunidade de conhecer de modo global a associação. Participamos do Conselho Mundial como tradutores, a Marianna de português e eu do espanhol. E quando você conhece todo o funcionamento... é muito bom ver que o que você faz aqui, no seu Centro Local, tem ressonância em todo o mundo! Eu participo aqui, mas posso ver que o pouco que faço contribui, por exemplo, para construir uma estufa em uma comunidade na África e muda a vida daquela comunidade.
Marianna – Sim, isso é importante, porque é muito bonito ver como os Salesianos Cooperadores atuam no mundo inteiro, nas paróquias e oratórios, nas obras sociais, e assim contribuem para o sonho de Dom Bosco junto com os SDB, junto com as FMA e com toda a Família Salesiana. A vocação é para a gente ser feliz, e somos muito felizes como Salesianos Cooperadores. Nossa vida não seria a mesma se não fossemos Salesianos Cooperadores, mesmo como casal e como família; se não pudéssemos contribuir com uma pequena parcela do sonho de Dom Bosco e Madre Mazzarello.