Dom Bosco, o homem de Deus e da ciência

Quarta, 27 Janeiro 2021 13:02 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
“(...) encontravam-no por dentro de tudo; música, matemática, gramática, poesia italiana e latina, história eclesiástica e civil, teologia (dogmática e moral). Para nós, como era o mestre do bom viver cristão, assim era o mestre, o juiz das nossas discussões juvenis científicas e literárias”.  

 

Estamos no Oratório de Valdocco (Turim, Itália) em 1863 (cf. Memórias Biográficas, vol. VII, cap. XLIV, pg. 473-476 da tradução em língua portuguesa).

 

O Cônego Ballesio escrevia: “Dom Bosco estudou muito a literatura especialmente a latina. Conversando conosco recitava, conforme as circunstâncias, os versos de Horácio, de Ovídio, de Virgílio, etc. etc. também quando a sua cabeça devia estar cheia de coisas muito pouco poéticas. Os clérigos, conversando com ele, vários deles dotados de talento e muito estudiosos, encontravam-no por dentro de tudo; música, matemática, gramática, poesia italiana e latina, história eclesiástica e civil, teologia (dogmática e moral). Para nós, como era o mestre do bom viver cristão, assim era o mestre, o juiz das nossas discussões juvenis científicas e literárias. Até nas matérias que pareciam longe de sua competência, assim mesmo com o seu talento versátil, com aquele seu intuito especial, sabia manter seu lugar e nós nem podíamos pensar em apanhá-lo de surpresa ou de fazê-lo ficar acanhado”.

 

Com sua ciência geográfica, incentivou o jovem Marchisio no desenho de um mapa geográfico da Itália e outros contendo os escritórios dos correios, estradas, ferrovias, vias marítimas… Depois de vários anos, a direção dos correios os aprovou e mandou imprimí-los como oficiais, dando ao Marchisio o emprego de diretor geral dos correios em Roma.

 

Ainda: uma consolação para Dom Bosco foi ver naquele ano seus 55 clérigos, estudantes de Filosofia e Teologia, receberem as melhores notas no Seminário de Turim.

 

Mas teve outra consolação maior. Os professores do Oratório se apresentavam na Universidade de Turim para o exame de admissão à Faculdade de Letras. Levados à compaixão por alguns professores, dizendo que Dom Bosco tinha deles um conceito demasiado alto, tiveram que mudar de ideia. Duas comissões de examinadores só para eles os aprovaram esplendidamente, maravilhadas pelo saber de todos.

 

Nos exames, o famoso pedagogo Abade Rayneri presidia uma das comissões. Aproximou-se do Prof. Vallauri (por sinal muito ligado a Dom Bosco) e lhe perguntou: - Diga-me, que nota devo dar aos professores de Dom Bosco? – Que bonito! Não foram vocês que os examinaram? – O busillis é que eles sabem, eles sabem mesmo! – O célebre latinista acrescentou: - O senhor diz isso para mim? São os melhores do meu curso!

 

O Prof. Prieti, diretor da Faculdade, da segunda comissão, comentava com um dos examinados: - Oh, sim! Com Dom Bosco se estuda, não é? – E comentava com o poeta Prati: - Venha aqui, ouça. Foi uma pena esta manhã o senhor não estar na Universidade. Saiba que com Dom Bosco se estuda e se estuda de verdade. 

 

Era a consolação de Dom Bosco, que sentia em si mesmo a ansiedade e as penas de seus filhos, que assim dividiam com ele o trabalho e a humilde glória de sua missão.

 

Sem dúvida, um estímulo aos nossos jovens salesianos estudantes e Família Salesiana para o cultivo do amor às ciências, numa Congregação que nasceu educadora e hoje está no mundo todo com suas escolas, obras sociais, faculdades e universidades. Se fala hoje das “competências profissionais, emocionais e tecnológicas para tempos de mudança”. Estudar é preciso! E fazendo bonito!

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

 

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Dom Bosco, o homem de Deus e da ciência

Quarta, 27 Janeiro 2021 13:02 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
“(...) encontravam-no por dentro de tudo; música, matemática, gramática, poesia italiana e latina, história eclesiástica e civil, teologia (dogmática e moral). Para nós, como era o mestre do bom viver cristão, assim era o mestre, o juiz das nossas discussões juvenis científicas e literárias”.  

 

Estamos no Oratório de Valdocco (Turim, Itália) em 1863 (cf. Memórias Biográficas, vol. VII, cap. XLIV, pg. 473-476 da tradução em língua portuguesa).

 

O Cônego Ballesio escrevia: “Dom Bosco estudou muito a literatura especialmente a latina. Conversando conosco recitava, conforme as circunstâncias, os versos de Horácio, de Ovídio, de Virgílio, etc. etc. também quando a sua cabeça devia estar cheia de coisas muito pouco poéticas. Os clérigos, conversando com ele, vários deles dotados de talento e muito estudiosos, encontravam-no por dentro de tudo; música, matemática, gramática, poesia italiana e latina, história eclesiástica e civil, teologia (dogmática e moral). Para nós, como era o mestre do bom viver cristão, assim era o mestre, o juiz das nossas discussões juvenis científicas e literárias. Até nas matérias que pareciam longe de sua competência, assim mesmo com o seu talento versátil, com aquele seu intuito especial, sabia manter seu lugar e nós nem podíamos pensar em apanhá-lo de surpresa ou de fazê-lo ficar acanhado”.

 

Com sua ciência geográfica, incentivou o jovem Marchisio no desenho de um mapa geográfico da Itália e outros contendo os escritórios dos correios, estradas, ferrovias, vias marítimas… Depois de vários anos, a direção dos correios os aprovou e mandou imprimí-los como oficiais, dando ao Marchisio o emprego de diretor geral dos correios em Roma.

 

Ainda: uma consolação para Dom Bosco foi ver naquele ano seus 55 clérigos, estudantes de Filosofia e Teologia, receberem as melhores notas no Seminário de Turim.

 

Mas teve outra consolação maior. Os professores do Oratório se apresentavam na Universidade de Turim para o exame de admissão à Faculdade de Letras. Levados à compaixão por alguns professores, dizendo que Dom Bosco tinha deles um conceito demasiado alto, tiveram que mudar de ideia. Duas comissões de examinadores só para eles os aprovaram esplendidamente, maravilhadas pelo saber de todos.

 

Nos exames, o famoso pedagogo Abade Rayneri presidia uma das comissões. Aproximou-se do Prof. Vallauri (por sinal muito ligado a Dom Bosco) e lhe perguntou: - Diga-me, que nota devo dar aos professores de Dom Bosco? – Que bonito! Não foram vocês que os examinaram? – O busillis é que eles sabem, eles sabem mesmo! – O célebre latinista acrescentou: - O senhor diz isso para mim? São os melhores do meu curso!

 

O Prof. Prieti, diretor da Faculdade, da segunda comissão, comentava com um dos examinados: - Oh, sim! Com Dom Bosco se estuda, não é? – E comentava com o poeta Prati: - Venha aqui, ouça. Foi uma pena esta manhã o senhor não estar na Universidade. Saiba que com Dom Bosco se estuda e se estuda de verdade. 

 

Era a consolação de Dom Bosco, que sentia em si mesmo a ansiedade e as penas de seus filhos, que assim dividiam com ele o trabalho e a humilde glória de sua missão.

 

Sem dúvida, um estímulo aos nossos jovens salesianos estudantes e Família Salesiana para o cultivo do amor às ciências, numa Congregação que nasceu educadora e hoje está no mundo todo com suas escolas, obras sociais, faculdades e universidades. Se fala hoje das “competências profissionais, emocionais e tecnológicas para tempos de mudança”. Estudar é preciso! E fazendo bonito!

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

 

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