A votação ocorreu no decorrer do Congresso Peculiar. Rodolfo Lunkenbein era sacerdote professo da Sociedade de São Francisco de Sales. Simão Bororo era leigo. Eles foram mortos em 15 de julho de 1976 na Missão salesiana de Merúri, no Brasil. A morte aconteceu in odium fidei (no ódio à fé).
Positio recebe avaliação dos consultores teólogos
A Positio foi apresentada em 28 de novembro de 2024 e teve como Relator o padre Maurizio Tagliaferri. O padre Pierluigi Cameroni, SDB, atuou como postulador. A doutora Maria Francesca Oggianu trabalhou como colaboradora.
Os nove consultores foram convocados para esclarecer a questão sobre a fama de martírio e seu fundamento. Os cardeais e bispos, membros do Dicastério, poderão expressar seu julgamento sobre o martírio dos Servos de Deus com base nesse parecer.
Trajetória missionária marca vida de Rodolfo Lunkenbein
Rudolf Lunkenbein nasceu em 1º de abril de 1939, em Döringstadt, na Alemanha. A leitura das publicações salesianas alimentou seu anseio por se tornar missionário desde a adolescência. Ele foi enviado ao Brasil como missionário e realizou a etapa formativa do Tirocínio Prático na Missão de Merúri. Ele permaneceu na missão até o ano de 1965.
Lunkenbein recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1969, na Alemanha. Ele adotou como lema “Vim para servir e dar a vida”. De volta a Merúri, os Bororo receberam o sacerdote com carinho. Eles o apelidaram de Koge Ekureu, que significa peixe dourado. Em 1972, ele participou da criação do Conselho Indígena Missionário e batalhou pela proteção das reservas indígenas. Ele foi assassinado no pátio da missão salesiana no dia 15 de julho de 1976. Na última carta, ele escreveu: “Mãe, não há nada mais belo do que morrer por Deus”.
Simão Bororo dedica vida à comunidade e ao trabalho missionário
Simão Bororo, amigo do padre Lunkenbein, nasceu em Merúri em 27 de outubro de 1937. Ele foi batizado em 7 de novembro do mesmo ano. Ele era membro do grupo Bororo que acompanhou os missionários salesianos padre Pedro Sbardellotto e o coadjuntor Jorge Wörz na primeira residência missionária entre os Xavantes. O grupo trabalhou na missão de Santa Teresinha nos anos de 1957 e 1958.
Entre 1962 e 1964, Simão Bororo participou da construção das primeiras casas de tijolos para as famílias bororos de Merúri. Ele se tornou um construtor experiente e dedicou o resto de sua vida a esse ofício. Ele foi ferido ao tentar defender a vida do padre Lunkenbein em 15 de julho de 1976. Os ferimentos levaram Simão Bororo à morte. Antes de morrer, ele perdoou seus assassinos.
Inspetorias e dioceses celebram avanço da causa
As inspetorias de Campo Grande, Brasil, e da Alemanha receberam a notícia com alegria. A Família Salesiana do Brasil e as Dioceses de Barra do Garças, no Mato Grosso, e Bamberg, na Alemanha, também celebram o avanço da causa.
O padre Pierluigi Cameroni, SDB, postulador geral para as Causas dos Santos da Família Salesiana, recordou o significado do testemunho dos mártires.
“O testemunho de martírio do padre Rodolfo e do indígena Simão Bororo, que foram assassinados ao lutarem pelos direitos dos povos indígenas, suas terras e sua cultura, é profecia de justiça, de empenho evangélico e estímulo a ser guardiães da Criação, convivendo em harmonia com a natureza e em paz com todos”, afirmou o postulador.
Por: Euclides Fernandes com informações da ANS