A fé no seguimento de Jesus

Terça, 28 Agosto 2018 11:31 Escrito por 
A fé no seguimento de Jesus iStock.com
A fé é um conceito difícil de ser medido. Ela não depende de dogmas. Para seguir Jesus precisamos repensar o sentido da fé cristã. Primeiro, perguntemo-nos como Jesus manifestou sua fé. Depois, vamos entender um pouco melhor como nós colhemos dele o sentido real da fé.     Jesus foi um judeu piedoso, sem dúvida. Contudo, Ele não fez parte da casta sacerdotal, não foi mestre da lei, nem fariseu, muito menos escriba. Não frequentava cultos ou ritos, não subia ao templo para oferecer sacrifícios, pelo menos os Evangelhos não mencionam isso. A fé de Jesus se manifestava em suas ações.   

A fé de Jesus de Nazaré

 

Ele vai à casa de Zaqueu e o perdoa; Ele permite que uma mulher beije seus pés e a perdoa; Ele não condena outra mulher que foi jogada em praça pública para ser lapidada; Ele dá a água viva à mulher samaritana; Ele cura os leprosos, cegos, coxos; alimenta os famintos; ressuscita o filho único de uma viúva. Assim encontramos o homem Jesus, profundamente comovido pelas necessidades humanas.

 

Por outro lado, as pessoas manifestam fé em Jesus e Ele as atende. Foi assim com o paralítico, com a mulher doente de hemorragia, quando ressuscita a filha de Jairo, quando atende o centurião romano e cura seu empregado. Ele sempre diz: “Tua fé te salvou” (Mc 5,34; Lc 17,19), ou, quando se admira diante da fé de alguém, exclama: “Grande é a tua fé, mulher” (Mt 15,28), ou ainda: “Vendo a fé que tinha” (Mc 2,5; Mt, 9,2; Lc 5,12).

 

E do que Deus nos salva?

São todas expressões que revelam a consequência da fé das pessoas. Jesus não exige sacrifícios, cultos, promessas, nada. Apenas reconhece que naquela pessoa está o reinado de Deus, quer dizer, a presença de Deus que salva.

 

E do que Deus nos salva? Nos salva de tudo aquilo que nos limita, nos escraviza e nos torna doentes, como as normas e leis que nos obrigam a criar uma imagem de Deus mais danosa e sádica do que o Pai de bondade que acolhe, beija, banha, devolve o anel e as sandálias e faz festa para o filho que retorna. Deus não está preocupado com aquilo que fazemos, mas com o que somos. Às vezes temos mais medo de Deus que amor, mais distância que intimidade, mais culpa que liberdade. Criamos o Deus da culpa e o chamamos de Salvador. Eis o grave problema das religiões cristãs.

 

A nossa fé em Jesus de Nazaré

Os Evangelhos apresentam a fé em Jesus como uma conduta, um comportamento: bondade, humildade, carinho e confiança. Quando Jesus repreende Pedro, que vacila ao andar pelas águas, Ele diz: “homem de pouca fé”. Isto quer dizer que faltava aos discípulos a intimidade com Jesus. Faltava o assombro diante de suas ações porque eles eram duros de coração. Mesmo depois das primeiras aparições e da subida aos céus, muitos ainda duvidaram se de fato era Jesus. Tomé é apenas uma amostra de uma comunidade que não conseguia ver porque as pessoas estavam como que cegas.

 

A fé em Jesus pesa quando a religião se impõe com normas para crer e cria fórmulas e convenções que aprisionam a liberdade do ato de crer. A fé será sempre um dom recebido. Dom dado, fruto da compaixão de Deus para conosco. Não é uma conquista, que vem de sacrifícios e lutas interiores e exteriores, mas simplesmente dom. Contudo, a fé em Jesus começa a nos mover quando celebramos, experimentamos os efeitos, estudamos e testemunhamos no cotidiano. A vocação nasce desta entrega.

 

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Última modificação em Quarta, 29 Agosto 2018 15:17

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Terça, 28 Agosto 2018 11:31 Escrito por 
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A fé é um conceito difícil de ser medido. Ela não depende de dogmas. Para seguir Jesus precisamos repensar o sentido da fé cristã. Primeiro, perguntemo-nos como Jesus manifestou sua fé. Depois, vamos entender um pouco melhor como nós colhemos dele o sentido real da fé.     Jesus foi um judeu piedoso, sem dúvida. Contudo, Ele não fez parte da casta sacerdotal, não foi mestre da lei, nem fariseu, muito menos escriba. Não frequentava cultos ou ritos, não subia ao templo para oferecer sacrifícios, pelo menos os Evangelhos não mencionam isso. A fé de Jesus se manifestava em suas ações.   

A fé de Jesus de Nazaré

 

Ele vai à casa de Zaqueu e o perdoa; Ele permite que uma mulher beije seus pés e a perdoa; Ele não condena outra mulher que foi jogada em praça pública para ser lapidada; Ele dá a água viva à mulher samaritana; Ele cura os leprosos, cegos, coxos; alimenta os famintos; ressuscita o filho único de uma viúva. Assim encontramos o homem Jesus, profundamente comovido pelas necessidades humanas.

 

Por outro lado, as pessoas manifestam fé em Jesus e Ele as atende. Foi assim com o paralítico, com a mulher doente de hemorragia, quando ressuscita a filha de Jairo, quando atende o centurião romano e cura seu empregado. Ele sempre diz: “Tua fé te salvou” (Mc 5,34; Lc 17,19), ou, quando se admira diante da fé de alguém, exclama: “Grande é a tua fé, mulher” (Mt 15,28), ou ainda: “Vendo a fé que tinha” (Mc 2,5; Mt, 9,2; Lc 5,12).

 

E do que Deus nos salva?

São todas expressões que revelam a consequência da fé das pessoas. Jesus não exige sacrifícios, cultos, promessas, nada. Apenas reconhece que naquela pessoa está o reinado de Deus, quer dizer, a presença de Deus que salva.

 

E do que Deus nos salva? Nos salva de tudo aquilo que nos limita, nos escraviza e nos torna doentes, como as normas e leis que nos obrigam a criar uma imagem de Deus mais danosa e sádica do que o Pai de bondade que acolhe, beija, banha, devolve o anel e as sandálias e faz festa para o filho que retorna. Deus não está preocupado com aquilo que fazemos, mas com o que somos. Às vezes temos mais medo de Deus que amor, mais distância que intimidade, mais culpa que liberdade. Criamos o Deus da culpa e o chamamos de Salvador. Eis o grave problema das religiões cristãs.

 

A nossa fé em Jesus de Nazaré

Os Evangelhos apresentam a fé em Jesus como uma conduta, um comportamento: bondade, humildade, carinho e confiança. Quando Jesus repreende Pedro, que vacila ao andar pelas águas, Ele diz: “homem de pouca fé”. Isto quer dizer que faltava aos discípulos a intimidade com Jesus. Faltava o assombro diante de suas ações porque eles eram duros de coração. Mesmo depois das primeiras aparições e da subida aos céus, muitos ainda duvidaram se de fato era Jesus. Tomé é apenas uma amostra de uma comunidade que não conseguia ver porque as pessoas estavam como que cegas.

 

A fé em Jesus pesa quando a religião se impõe com normas para crer e cria fórmulas e convenções que aprisionam a liberdade do ato de crer. A fé será sempre um dom recebido. Dom dado, fruto da compaixão de Deus para conosco. Não é uma conquista, que vem de sacrifícios e lutas interiores e exteriores, mas simplesmente dom. Contudo, a fé em Jesus começa a nos mover quando celebramos, experimentamos os efeitos, estudamos e testemunhamos no cotidiano. A vocação nasce desta entrega.

 

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