Não deixemos que nos roubem a força missionária

Terça, 12 Janeiro 2016 09:25 Escrito por 
Dando continuidade à análise da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o tema tratado é o dos missionários leigos e sua presença, seja nas paróquias e comunidades, seja nos ambientes da sociedade, da economia e da política.

Ao concluir a reflexão sobre os desafios eclesiais da nossa atividade missionária, o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG) nos pede para não perder a alegria, a audácia e a dedicação (n. 109), mas a continuar firmes no processo evangelizador, pois “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição”. Esta exortação é um apelo importante porque há um clima de cansaço devido às mudanças velozes do contexto atual. O ativismo estressa, as demandas são muitas e os agentes são poucos.

Entre os leigos atuantes, grande maioria, e o clero e religiosos, há uma crescente consciência de que a missão é comum a todos. Contudo, o laicato sofre ainda de um conflito de identidade, ou seja: temos numerosos leigos nas atividades missionárias das paróquias e comunidades, mas é também constatável que a influência dos valores cristãos na sociedade, na economia, na ética e na política, onde estão inseridos estes mesmos leigos, ainda é frágil demais (n.102).

 

Viver e acreditar

Não se consegue preencher o projeto de vida com o projeto de missão da Igreja na sua totalidade. Há um buraco enorme entre o que se acredita e o que se vive. Na verdade, esta é a denúncia que já fazia o Bem-aventurado Paulo VI na Evangelii Nuntiandi (EN), de que “para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (EN, 19).

É importante destacar, seguindo a intuição de Paulo VI, que “ocampo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos ‘mass media’ e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para promove-las e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo” (EN, 70). Portanto, “não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (EN, 22).

 

Ampliar os espaços de participação

Em continuidade com a Evangelii Nuntiandi, Francisco nos motiva a seguir ampliando os espaços de participação da mulher na ação evangelizadora (EG, 103); a compreender que a dignidade batismal, que vai muito além dos ministérios ordenados, nos impele à missão comum no projeto de missão da Igreja (EG, 104); a saber que abrir espaços para de evangelização para os jovens é uma urgência, dando o devido acompanhamento à diversidade de grupos de interesses juvenis que surgem movidos pela genialidade juvenil e pelo Espírito Santo, propondo também a resposta vocacional (EG, 105-107).

Essas realidades apenas fortalecem a ação evangelizadora que não pode ser um verniz, mas deve penetrar em profundidade no núcleo espiritual das pessoas. Por conseguinte, não podemos permitir que nos roubem a força transformadora da evangelização.

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Quinta, 11 Fevereiro 2016 21:18

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Não deixemos que nos roubem a força missionária

Terça, 12 Janeiro 2016 09:25 Escrito por 
Dando continuidade à análise da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o tema tratado é o dos missionários leigos e sua presença, seja nas paróquias e comunidades, seja nos ambientes da sociedade, da economia e da política.

Ao concluir a reflexão sobre os desafios eclesiais da nossa atividade missionária, o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG) nos pede para não perder a alegria, a audácia e a dedicação (n. 109), mas a continuar firmes no processo evangelizador, pois “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição”. Esta exortação é um apelo importante porque há um clima de cansaço devido às mudanças velozes do contexto atual. O ativismo estressa, as demandas são muitas e os agentes são poucos.

Entre os leigos atuantes, grande maioria, e o clero e religiosos, há uma crescente consciência de que a missão é comum a todos. Contudo, o laicato sofre ainda de um conflito de identidade, ou seja: temos numerosos leigos nas atividades missionárias das paróquias e comunidades, mas é também constatável que a influência dos valores cristãos na sociedade, na economia, na ética e na política, onde estão inseridos estes mesmos leigos, ainda é frágil demais (n.102).

 

Viver e acreditar

Não se consegue preencher o projeto de vida com o projeto de missão da Igreja na sua totalidade. Há um buraco enorme entre o que se acredita e o que se vive. Na verdade, esta é a denúncia que já fazia o Bem-aventurado Paulo VI na Evangelii Nuntiandi (EN), de que “para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (EN, 19).

É importante destacar, seguindo a intuição de Paulo VI, que “ocampo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos ‘mass media’ e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para promove-las e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perder ou sacrificar do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo” (EN, 70). Portanto, “não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (EN, 22).

 

Ampliar os espaços de participação

Em continuidade com a Evangelii Nuntiandi, Francisco nos motiva a seguir ampliando os espaços de participação da mulher na ação evangelizadora (EG, 103); a compreender que a dignidade batismal, que vai muito além dos ministérios ordenados, nos impele à missão comum no projeto de missão da Igreja (EG, 104); a saber que abrir espaços para de evangelização para os jovens é uma urgência, dando o devido acompanhamento à diversidade de grupos de interesses juvenis que surgem movidos pela genialidade juvenil e pelo Espírito Santo, propondo também a resposta vocacional (EG, 105-107).

Essas realidades apenas fortalecem a ação evangelizadora que não pode ser um verniz, mas deve penetrar em profundidade no núcleo espiritual das pessoas. Por conseguinte, não podemos permitir que nos roubem a força transformadora da evangelização.

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Quinta, 11 Fevereiro 2016 21:18

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.