Nos rumos de Aparecida

Terça, 15 Janeiro 2013 19:15 Escrito por 
  O Documento de Aparecidaapresenta um itinerário de formação para o discípulo que deseja compreender os sinais do chamado. Trata-se de um processo que ajuda tanto ao agente como ao destinatário a discernir os motivos interiores do chamado do Senhor.   A mudança de época na qual vivemos ajuda a compreender que existem novas formas de propor o projeto de conhecimento e seguimento de Jesus. Os termos discípulo e missionário definem este seguimento, pois se configuram no encontro com Jesus – caminho, verdade e vida (conforme Celam, Documento de Aparecida, texto da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, São Paulo, 2007).  

Há um chamado, arrisco a dizer, exclusivo da parte de Deus a uma pessoa. Conforme afirma Cencini Amadeu em Quando Deus chama. A consagração: aposta e desafio para os jovens de hoje, “Um diálogo com características responsoriais, entre Deus e a pessoa humana, Deus dialogador sempre perfeito, e o homem dialogador sempre limitado e, no entanto, chamado a interagir com Deus. O primeiro protagonista da vocação é, portanto, Deus, que é indicado pela Bíblia como aquele que chama (Rm 11,9; Gl 5,8; 1 Pd 1.15), desde sempre, como uma definição”. O chamado de Deus coloca tudo de cabeça para baixo e transforma em relativo o que antes era absoluto. “A partir do momento da nossa resposta ao chamado inicial de Deus criador, a vida de cada um de nós foi como um contínuo suceder de chamados, pequenos e grandes, implícitos ou explícitos, logo reconhecíveis ou velados, mas sempre com o mesmo sujeito que chama: aquele Deus pai e mãe”.

Voltando ao documento de Aparecida,encontramos um caminho de formação para o discípulo que deseja compreender os sinais do chamado. Trata-se de um processo inicial que ajuda tanto ao agente como ao destinatário a discernir os motivos interiores do chamado do Senhor. É dever da animação vocacional formar para a beleza do seguimento porque, sobretudo o jovem de hoje, precisa entregar-se a Deus e ser totalmente seu: “Deus é belo, e é doce amá-lo”. Eis o itinerário.

 

1. Encontro com Jesus Cristo:

Como diz o Documento de Aparecida, “é preciso descobrir o sentido mais profundo da busca de Jesus Cristo” (278 a). No processo iniciático da proposta vocacional, verdadeira catequese, o significado da pessoa de Jesus Cristo na vida do cristão deve ser muito claro. O que Jesus acrescenta? Por que ele é importante na vida de uma pessoa? “O iniciante deve responder a essas perguntas de modo que fique fascinado” (DA, 243-244). Esse encontro com Jesus a partir do querigma é fundamental. Sem isso não existe consciência vocacional e entrega exclusiva sem reservas e medos. O jovem encontrará  Jesus “na Igreja católica, nas Sagradas Escrituras, na Sagrada Liturgia, no Sacramento da reconciliação, numa comunidade viva de amor e fraternidade, nos pobres, aflitos, enfermos, na piedade popular” (DA, 246-258ss).

 

2. A conversão:

O encontro real com Jesus Cristo torna a pessoa “livre e responsável”, dizia Bento XVI aos jovens em São Paulo. Uma liberdade que brota da acolhida de Jesus no diálogo fraterno e suscita a metanoia, a partir de dentro, rasgando a interioridade para que nasça o homem novo transfigurado em Jesus Cristo e pronto a dedicar-se ao Reino (DA, 366). A proposta, então, é redescobrir com os jovens os sinais que acompanham a ritualidade do batismo: o credo, a cruz, a unção, as promessas batismais. Somente com isto é possível a passagem pela Confirmação e não para a Confirmação.

 

3. O discipulado:

O discípulo responde com a vida àquela pergunta de Jesus: “Para vocês quem sou eu?” (Mt 9,20). Como Paulo, o discípulo responderá: “Cristo vive em mim”. Por isso é impelido a evangelizar (1Cor 9,16). O discípulo verdadeiro é aquele que assume a causa de Jesus Cristo (DA, 136).

 

4. A comunhão:

A pastoral vocacional é um processo educativo dentro de uma comunidade eclesial porque nela compreendemos, amadurecemos e celebramos a fé. Ali o jovem aprende o dinamismo que alimenta a vida do discípulo do Senhor: “A fração do pão, tinham tudo em comum, frequência do Templo, partiam o pão nas casas com alegria e louvavam a Deus” (Atos 4,42-46; DA, 164). Nesta comunhão os jovens precisam fazer experiência da vida religiosa.

 

5. A missão:

A conscientização vocacional não permitirá que o jovem saia triste de nossas comunidades, sem forças para deixar tudo pelo Reino. Acredito que seria um bom estágio para todo jovem que busca ansioso o sentido para a própria vida passar por uma vivência comunitária antes de pensar na vida religiosa.

Uma constatação pertinente que faço neste final de artigo é que precisamos aproveitar da sensibilidade de muitos jovens para as questões de solidariedade e da busca de grupo de identificação para propor o seguimento de Jesus Cristo desde a inserção numa comunidade cristã até a descoberta do chamado do Senhor para uma pertença exclusiva a ele. Não podemos ter medo de propor.

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Última modificação em Quinta, 28 Agosto 2014 18:02

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Nos rumos de Aparecida

Terça, 15 Janeiro 2013 19:15 Escrito por 
  O Documento de Aparecidaapresenta um itinerário de formação para o discípulo que deseja compreender os sinais do chamado. Trata-se de um processo que ajuda tanto ao agente como ao destinatário a discernir os motivos interiores do chamado do Senhor.   A mudança de época na qual vivemos ajuda a compreender que existem novas formas de propor o projeto de conhecimento e seguimento de Jesus. Os termos discípulo e missionário definem este seguimento, pois se configuram no encontro com Jesus – caminho, verdade e vida (conforme Celam, Documento de Aparecida, texto da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, São Paulo, 2007).  

Há um chamado, arrisco a dizer, exclusivo da parte de Deus a uma pessoa. Conforme afirma Cencini Amadeu em Quando Deus chama. A consagração: aposta e desafio para os jovens de hoje, “Um diálogo com características responsoriais, entre Deus e a pessoa humana, Deus dialogador sempre perfeito, e o homem dialogador sempre limitado e, no entanto, chamado a interagir com Deus. O primeiro protagonista da vocação é, portanto, Deus, que é indicado pela Bíblia como aquele que chama (Rm 11,9; Gl 5,8; 1 Pd 1.15), desde sempre, como uma definição”. O chamado de Deus coloca tudo de cabeça para baixo e transforma em relativo o que antes era absoluto. “A partir do momento da nossa resposta ao chamado inicial de Deus criador, a vida de cada um de nós foi como um contínuo suceder de chamados, pequenos e grandes, implícitos ou explícitos, logo reconhecíveis ou velados, mas sempre com o mesmo sujeito que chama: aquele Deus pai e mãe”.

Voltando ao documento de Aparecida,encontramos um caminho de formação para o discípulo que deseja compreender os sinais do chamado. Trata-se de um processo inicial que ajuda tanto ao agente como ao destinatário a discernir os motivos interiores do chamado do Senhor. É dever da animação vocacional formar para a beleza do seguimento porque, sobretudo o jovem de hoje, precisa entregar-se a Deus e ser totalmente seu: “Deus é belo, e é doce amá-lo”. Eis o itinerário.

 

1. Encontro com Jesus Cristo:

Como diz o Documento de Aparecida, “é preciso descobrir o sentido mais profundo da busca de Jesus Cristo” (278 a). No processo iniciático da proposta vocacional, verdadeira catequese, o significado da pessoa de Jesus Cristo na vida do cristão deve ser muito claro. O que Jesus acrescenta? Por que ele é importante na vida de uma pessoa? “O iniciante deve responder a essas perguntas de modo que fique fascinado” (DA, 243-244). Esse encontro com Jesus a partir do querigma é fundamental. Sem isso não existe consciência vocacional e entrega exclusiva sem reservas e medos. O jovem encontrará  Jesus “na Igreja católica, nas Sagradas Escrituras, na Sagrada Liturgia, no Sacramento da reconciliação, numa comunidade viva de amor e fraternidade, nos pobres, aflitos, enfermos, na piedade popular” (DA, 246-258ss).

 

2. A conversão:

O encontro real com Jesus Cristo torna a pessoa “livre e responsável”, dizia Bento XVI aos jovens em São Paulo. Uma liberdade que brota da acolhida de Jesus no diálogo fraterno e suscita a metanoia, a partir de dentro, rasgando a interioridade para que nasça o homem novo transfigurado em Jesus Cristo e pronto a dedicar-se ao Reino (DA, 366). A proposta, então, é redescobrir com os jovens os sinais que acompanham a ritualidade do batismo: o credo, a cruz, a unção, as promessas batismais. Somente com isto é possível a passagem pela Confirmação e não para a Confirmação.

 

3. O discipulado:

O discípulo responde com a vida àquela pergunta de Jesus: “Para vocês quem sou eu?” (Mt 9,20). Como Paulo, o discípulo responderá: “Cristo vive em mim”. Por isso é impelido a evangelizar (1Cor 9,16). O discípulo verdadeiro é aquele que assume a causa de Jesus Cristo (DA, 136).

 

4. A comunhão:

A pastoral vocacional é um processo educativo dentro de uma comunidade eclesial porque nela compreendemos, amadurecemos e celebramos a fé. Ali o jovem aprende o dinamismo que alimenta a vida do discípulo do Senhor: “A fração do pão, tinham tudo em comum, frequência do Templo, partiam o pão nas casas com alegria e louvavam a Deus” (Atos 4,42-46; DA, 164). Nesta comunhão os jovens precisam fazer experiência da vida religiosa.

 

5. A missão:

A conscientização vocacional não permitirá que o jovem saia triste de nossas comunidades, sem forças para deixar tudo pelo Reino. Acredito que seria um bom estágio para todo jovem que busca ansioso o sentido para a própria vida passar por uma vivência comunitária antes de pensar na vida religiosa.

Uma constatação pertinente que faço neste final de artigo é que precisamos aproveitar da sensibilidade de muitos jovens para as questões de solidariedade e da busca de grupo de identificação para propor o seguimento de Jesus Cristo desde a inserção numa comunidade cristã até a descoberta do chamado do Senhor para uma pertença exclusiva a ele. Não podemos ter medo de propor.

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