InfoANS: há muitos anos ouve-se falar de “emergência educativa”. O que pode ajudar a colher o sentido mais verdadeiro dessa expressão?
Padre Vito: é verdade, de “emergência educativa” se fala há muitos anos. Creio, entretanto, que não seja inútil um pouco de precisão. Se olharmos a emergência como uma situação de alarme, que aponta para um perigo, poderíamos deixar-nos tomar pelo pânico, assumir atitudes de ânsia, aceitar qualquer forma de solução do perigo.
O termo 'emergência' , em seu sentido mais profundo, pode parecer que somos chamados a prestar atenção a alguma coisa que está ‘e-mergindo’, que se começa a entrever e que pede atenção e empenho de compreensão, porque nos diz respeito e disso devemos cuidar.
Neste segundo ponto de vista, o que se viu cada vez mais claramente nestes anos foi a dificuldade de educar e a crise dos modelos educativos. As profundas mudanças, sejam sociais, culturais, comunicativas, provocaram desorientação nos adultos, que se encontram, com frequência, em dificuldade de compreender o seu papel e a sua responsabilidade educativa; e correm o risco de ceder à tentação de renunciar à sua tarefa.
Na verdade (como escreveu Bento XVI em sua Carta à Diocese e à Cidade de Roma), não se pode fazer recair tudo sobre as responsabilidades individuais, porque existe “uma mentalidade e uma forma de cultura humana que levam a duvidar do valor da pessoa humana, do sentido mesmo da verdade e do bem; em última análise (a duvidar) da bondade da vida”.
InfoANS: quais são, sob seu parecer, as principais necessidades educativas das novas gerações?
Padre Vito: quanto mais se toma consciência das profundas mudanças culturais e do seu alcance antropológico, tanto mais a atenção se dirige ao que pode aumentar a confiança e esperança, quer nos adultos, quer nos jovens. Os jovens hoje têm necessidade de pontos de referência que os ajudem a individuar a sua caminhada de crescimento.
Há muito tempo estou buscando indicar que há necessidade de oferecer uma bússola para ajudar e achar a rota e a sustentar a caminhada. Os jovens têm necessidade de fundamentos, de algumas convicções que possam ajudar a construir-se como pessoas, de individuar objetivos que ajudem a valorizar as capacidades, deem sentido aos empenhos; têm necessidade de centros que possam iluminar e motivar os esforços e a possibilidade de contar com companheiros de viagem, com os quais partilhar a construção da plenitude de vida.
