O anúncio de que o Papa Francisco retornou à casa do Pai foi feito na manhã de 21 de abril, pelo cardeal Farrell, com as seguintes palavras: “Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.
Ao recordarmos os 12 anos de Pontificado de Francisco, como destacou o Vatican News – o serviço de notícias do Vaticano –, fica claro o quanto o Papa Francisco foi inovador em muitos aspectos, tendo iniciado diversos processos de mudança na Igreja, com um governo marcado pela proximidade com o povo, a exemplo de Jesus, o Bom Pastor.
Peregrino de esperança
O cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, nascido na Argentina, foi eleito Papa aos 76 anos, em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Adotou o nome de Francisco e, como o Santo de Assis que o inspirou, nos 12 anos seguintes caminhou ao lado dos mais pobres e dedicou-se com empenho a preservar a criação, a nossa Casa Comum.
O Papa Francisco realizou 47 peregrinações internacionais, entre as quais se destacam as viagens à Terra Santa, em 2014, e à República Centro-Africana, em 2015, onde abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia, na capital Bangui. O Pontífice esteve no Iraque (2021); no Canadá (2022), onde pediu perdão às populações indígenas pelos abusos sofridos por representantes da Igreja Católica; na República Democrática do Congo e Sudão do Sul (2023), entre outras visitas a países em conflito.
Encíclicas e exortações apostólicas
Francisco publicou quatro encíclicas: a primeira, Lumen Fidei, sobre o tema da fé, escrita a quatro mãos com Bento XVI; depois, Laudato si', dedicada à “ecologia integral”; a terceira, Fratelli Tutti, centrada na fraternidade como o único caminho para o futuro da humanidade; e, por fim, a Dilexit Nos para repercorrer a tradição e a atualidade do pensamento “sobre o amor humano e divino do coração de Jesus”.
Foram publicadas durante o Pontificado de Francisco ainda sete exortações apostólicas e cerca de 60 Motu Proprio, que reconfiguraram as estruturas da Cúria Romana e do território da Diocese de Roma e alteraram o Direito Canônico e o sistema judiciário do Vaticano, com destaque para as regras e os procedimentos mais rigorosos na luta contra os abusos e a pedofilia.
Todos e todas
Os processos de mudança e inovação incluíram também a nomeação de leigos e de mulheres para cargos importantes no Vaticano e no governo da Igreja, além do constante diálogo com o Povo de Deus e seus pastores por meio dos sínodos: o Sínodo sobre a Família (2014 e 2015), o Sínodo sobre os Jovens (2018), o Sínodo para a região Pan-amazônica (2019) e, por fim, as duas seções do Sínodo sobre a Sinodalidade (2023 e 2024).
Francisco procurou sempre incluir a todos, como irmãos e filhos de um mesmo Pai que nos ama: migrantes; pobres; crianças, jovens e idosos; pessoas afastadas da Igreja ou até mesmo de outras religiões.
Pela paz no mundo
A marca mais profunda do Pontificado do Papa Francisco, entretanto, talvez tenha sido seu incessante apelo pela paz. O Papa pediu continuamente orações, convocou dias de jejum e agiu como chefe de Estado na mediação de conflitos. Condenou veementemente os senhores da guerra e denunciou os horrores causados pelos conflitos em diversos países e regiões: Síria, Líbano, Afeganistão, Terra Santa, Ucrânia, Sudão, entre outros.
Como exemplo da proximidade e da compreensão com o sofrimento do povo, é emblemática a imagem do Papa Francisco em 27 de março de 2020, atravessando a Praça São Pedro sozinho, embaixo de chuva, quando o mundo estava trancado e apavorado diante da pandemia da Covid-19, para rezar em nome de todos e de cada um de nós.
As muitas dificuldades que enfrentou, inclusive de saúde, nunca o impediram de ser, ele próprio, exemplo da “Igreja em saída” que proclamava. Além das viagens apostólicas, sínodos e eventos especiais, realizou mais de 500 audiências gerais, dez consistórios para a criação de 163 novos cardeais, mais de 900 canonizações, quatro Jornadas Mundiais da Juventude (sendo a primeira no Rio de Janeiro, em 2013) e dois Jubileus: o extraordinário sobre a Misericórdia, em 2016, e o ordinário em 2025, atualmente em andamento, com o tema “Peregrinos de Esperança”.