Na época (1947) a situação juvenil em Roma era terrível: terminada a guerra, milhares de adolescentes órfãos ou “desa-rumados (sem rumo)”, enchiam as ruas da cidade buscando sobreviver. Das atividades mais triviais era-lhes fácil passar às ilegais e imorais. Em Nápoles inicialmente eram chamados “sciuscià” (pron.: ‘xuxás’), figuração estropiada do inglês «shoeshine» (engraxate), termo usado pelos soldados dos aliados presentes na cidade.
Em 1945 o Papa Pio XII pediu aos Salesianos para ocuparem-se deles. Os Salesianos começaram a procurá-los, a conquistar-lhes a confiança e a propor-lhes um lugar de acolhida. Afluíam à Via Marsala, Via Varese, ao Mandrione … Mas sonhava-se um local único, só para eles.
Em 1946, os soldados ingleses sediados em Roma mandaram um bolo a esses rapazes com a dedicatória: “Para os ‘Ragazzi di Don Bosco’ (Meninos de Dom Bosco)”. Superou-se desse modo o apelido depreciativo: não mais ‘Sciuscià’, mas “Meninos de Dom Bosco”.
Ainda nesse ano, 1946, alguns salesianos se depararam com uma série imensa de ‘barracas’: era o que restava do Forte Prenestino. “Aqui será a casa dos nossos meninos!”, disseram. Depois de um ano de espera pelas autorizações, começaram os trabalhos. Eis a narração do seu início, segundo o padre Cadmo Biavati, primeiro diretor da obra:
“No dia 20 de março deu-se finalmente início oficial aos trabalhos. Os meninos chegaram cantando alegremente: exclamações, gritos, risadas, muita alegria. Esses rapazes, já especialistas em dores que humilham e em amor que redime, esparramaram-se por todos os cantos, em companhia de jovens salesianos (clérigos e padres) para ver com os próprios olhos a realidade daquilo que por tantos meses haviam sonhado [....] De tarde vieram as autoridades. Leio imediatamente no rosto dos meninos os sinais inconfundíveis do agradecimento e do afeto. A seguir um sacerdote pediu a Deus a bênção. O Forte da Via Prenestina tornou-se Casa de Deus”.
Depois de 70 anos, foram milhares os jovens que passaram por aqueles pátios. Hoje os Salesianos veem-se envolvidos com novos tipos de ‘sciuscià’, ou melhor, de novos “Meninos de Dom Bosco”. É que continua a vocação originária desse lugar, levado adiante pelos Salesianos e por uma comunidade educativa muito motivada, além da presença constante da Divina Providência.
Fonte: Info ANS