Todos os meses, o reitor-mor escreve aos leitores do Boletim Salesiano um artigo para leitura e reflexão. No segundo ano de preparação para o bicentenário de Dom Bosco, a proposta é debruçar-se sobre a pedagogia do Santo dos Jovens. Veja o artigo referente ao mês de abril.
Eu era um garotinho vivo e atento que, com permissão de minha mãe, ia às várias festas campestres nas quais se apresentavam saltimbancos e ilusionistas. Punha-me sempre na primeira fileira, atento aos movimentos com que procuravam distrair os espectadores. Aos poucos, eu conseguia descobrir os seus truques; voltando para casa, repetia-os por horas a fio. Com frequência, porém, os movimentos não produziam o efeito desejado. Não foi fácil caminhar sobre aquela bendita corda suspensa entre duas árvores! Quantas quedas, quantos joelhos esfolados! E, muitas vezes, vinha-me a vontade de deixar tudo prá lá... Depois, recomeçava suado, cansado e, às vezes, também angustiado. Depois, aos poucos, conseguia equilibrar-me; sentia as plantas dos pés descalços aderirem à corda; tornava-me uma só coisa com os movimentos dos pés e, então, divertia-me contente repetindo e inventando outros movimentos. Eis porque, quando falava aos meus meninos, dizia-lhes: “Façamos as coisas fáceis, mas façamo-las com perseverança”. Eis aí a minha pedagogia essencial, fruto de muitas vitórias e de tantas outras derrotas, com a obstinação que era minha característica mais marcante.