Desabrigados e refugiados
Atualmente, há cerca de um milhão e meio de desabrigados e refugiados. A maior parte dos desabrigados procurou refúgio nas cidades de Damasco e Alepo, e nas zonas montanhosas ao redor de Homs e Hama, área na qual ocorreu o início do combate. Os desabrigados foram acolhidos nas escolas e prédios públicos. Para as milhares de famílias desalojadas a situação é dramática, muitas têm necessidade urgente de atendimento médico e alimentação, mas a ajuda humanitária tem dificuldade em ser entregue e é ainda escassa. Outros 300.000 sírios já desembarcaram nos quatro campos de refugiados construídos nos países fronteiriços.
Nessa faseé muito importante apoiar as minorias religiosas, fornecendo assistênciae ajudando a aliviar a incerteza, imposta pela perda frequente de trabalho e pela elevação de confrontos que atualmente envolvem seus bairros. A fuga das minorias religiosas para o exterior privaria a futura Síria do seu pluralismo religioso, social e cultural com o papel que isso implica no processo de democratização e de recuperação da convivência pacífica.
Salesianos na Síria
Os salesianos procuram dar suporte às famílias dos desabrigados nas cidades de Damasco, Alepo e Kafroun com atenção particular às crianças e aos jovens. Promovem atividades recreativas e educacionais nas escolas e nos centros de atendimento que acolhem os desabrigados. Muitas escolas einstalações educacionais e recreativas em Alepo e Damasco foram utilizadas para acomodar os provenientes do campo e dos bairros mais afetados pelos combates.
Nessas estruturas,as crianças e os jovens levam uma vida baseada na busca da subsistência, sem atividades voltadas ao restabelecimento de algum elemento de normalidade, tais como atividades didáticas. Nos últimos anos, as estruturas salesianas permaneceram sem auxílio devido aos confrontos que têm impedido os jovens de alcançá-las. As atividades realizadas pelos salesianos e colaboradores, nessas escolas e instalações educacionais, seriam atividades educativas e recreativas diariamente.
Eles realizamatividades de amparo às minorias cristãs, às vezes dão seu apoio durante a fase de emergência e focam em melhorar o estado de insegurança no qual se encontram as famílias e para impedir a sua fuga do país. Tudo objetivou ajudá-las na procura de um alojamento, alimentos, roupas, materiais didáticos e medicamentos.
Além de todo este empenho, é preciso destacar que atualmente a comunidade salesiana na Síria abre toda noite os seus centros para acolher familiarmente aqueles que assim o desejarem, trocando momentos de fraternidade, de apoio recíproco e de oração compartilhada.
Firmes, entre os meninos
A comunidade salesiana em Alepo é composta por 4 irmãos e 1 pré-noviço. O Oratório do Centro Juvenil é frequentado por muitos meninos e jovens: cerca de 450 cristãos de vários ritos, sobretudo nos dias de sexta-feira, sábado e domingo. Em Kafroun, a casa é aberta no verão para os acampamentos e os grupos, com a presença permanente de dois irmãos. Já a comunidade de Damasco é composta por quatro irmãos que animam o Oratório do Centro Juvenil. A comunidade também está envolvida no trabalho com os refugiados iraquianos. É um centro educativo para cerca de 100 meninos e meninas do ensino fundamental ao médio, que abandonaram a escola por motivos diversos, dando-lhes educação escolar, cultural, religiosa.
Paz para a Síria
O inspetor dos Salesianos do Oriente Médio, padre Munir El Rai, retornou no final de setembro e início de outubro às comunidades da Síria. Em nota enviada à ANS, estão alguns apontamentos da viagem feita por entre o povo atemorizado pela guerra, os jovens sedentos de esperança e os salesianos decididos a ficar para ajudar a população. Em todos ressoa o mesmo grito: “Haaj” (Basta)!
“Essa viagem tocou-me do ponto de vista humano, cristão, salesiano. Levou-me a ver os horrores da guerra, que com tanta rapidez trouxe destruição, insegurança, tristeza, ódio e divisão ao meu país. Mostrou-me também o ânimo dos homens que pedem somente paz e segurança; e compreenderam que a solução pode vir somente através do diálogo. Vi também um intenso retorno à fé, à oração e à vontade de viver”, relata padre Munir.
Para ele, os maiores desafios atualmente são: socorrer a população nessa fase de emergência, fornecendo ajuda humanitária; e trabalhar para que o ódio não permaneça em meio ao povo sírio quando finalmente retornar a paz. “Em nome de tantos sírios que encontrei durante esta viagem, peço que rezem por nós”, conclui padre El Rai.
Artigo originalmente publicado em Bollettino Salesiano – Itália, em outubro de 2012. Tradução: Elaine Tozetto