Quaresma: tempo de encontros e novidades

Sexta, 21 Março 2025 14:28 Escrito por  Me. Fernando Campos Peixoto, SDB
Quaresma: tempo de encontros e novidades iStock.com
Queridos amigos, estamos iniciando um novo tempo na Igreja, o qual intitulamos de Quaresma.

 

Quando falamos em Quaresma, talvez possamos lembrar de alguém da nossa família afirmando que é um tempo de “maiores tentações”, no qual o mal se faz presente com maior evidência. Essa é uma fala muito comum entre os antigos, sabia? Mas, não iremos aqui adentrar nesse tema; vamos além, perceber uma outra face de riqueza deste momento oferecido pela Igreja.

A Quaresma é, antes de tudo, preparação interior para adentrar nas graças, no mistério e no amor de Deus. Ou seja, é um tempo privilegiado de encontro consigo, com os outros e com Deus, é tempo de partilha e de fraternidade; por isso, oração (encontro com Deus), jejum (encontro comigo) e caridade (encontro com o outro) guiam esse tempo.

 

Encontro com Deus

Como você percebeu, “encontro” é a nossa palavra-chave. A Quaresma é esse tempo no qual abrirmos nosso coração a Deus. É um tempo de maior aprofundamento nos mistérios divinos. Inclusive, vou te contar uma curiosidade: a Igreja recomenda que os catecúmenos (aqueles que se preparam para ser batizados) sejam preparados durante esse tempo, em que devem buscar um conhecimento mais profundo de Cristo. Portanto, uma preparação para um grande encontro.

Com Dom Bosco foi assim. Ele nos conta em suas Memórias do Oratório, livro que ele mesmo escreveu, que aos 11 anos foi incentivado por sua mãe a fazer a Primeira Comunhão. Para isso, ela se empenhou em prepará-lo como melhor podia e sabia, além de fazer com que frequentasse o catecismo em sua paróquia durante a Quaresma daquele ano. Mas, não nos esqueçamos, encontrar-se com Deus é estar em oração. E isso pode acontecer em qualquer momento, até mesmo quando estou no ônibus indo para a escola, para a universidade ou para o trabalho e contemplo as belezas que Deus faz no mundo e ali elevo minha prece de agradecimento a Ele.

 

Encontro consigo

Depois do encontro com Deus, é preciso encontrar-se consigo. Perceber o que precisa ser mudado, o que pode ser melhorado. Por isso, a Igreja nos recomenda o jejum. O sentido dele não está em castigar o corpo, que é dom precioso de Deus, mas em discipliná-lo, colocando-o em ordem para um verdadeiro encontro consigo, com o outro e com Deus. Nem sempre o jejum necessário é de comida; pode ser de algum ato prejudicial para a nossa vida. Por exemplo: a fofoca, o constante pessimismo na vida, a procrastinação, o vício em telas, a falta de propósito de vida, a desvalorização da família, a desvalorização do outro como pessoa, o sedentarismo, a privação do descanso, os conflitos familiares e sociais, entre outros.

Todos nós conhecemos, certamente, alguém que faz todos os jejuns possíveis e quase impossíveis, mas a língua continua mais cortante que a espada, não é verdade? Ou alguém que poderia acolher o outro, sendo cordial e afável, mas é grosseiro, desvaloriza qualquer pessoa que se faz próxima. O que quero dizer é que o jejum deve ter um propósito, deve nos ajudar a ser pessoas melhores, pessoas que de fato tentam seguir o exemplo de Jesus.

Vamos viver algumas novidades? Que tal fazer um jejum para evitar a procrastinação, elaborar um cronograma de atividades e ir realizando uma por uma? Que tal fazer um jejum contra o sedentarismo, fazer um esporte da sua preferência, todos os dias ou algum dia da semana? Que tal fazer um jejum para combater o individualismo, procurando ser uma pessoa mais sociável, acolhedora, simpática? São alguns exemplos que podem nos ajudar a vivenciar melhor o tempo da Quaresma. Eu mesmo fiz um jejum de refrigerante na Quaresma de 2013 e depois adotei isso para a minha vida, em busca de hábitos mais saudáveis.

 

Encontro com o outro

Por fim, precisamos do encontro com o outro, e as dicas acima ajudarão nessa perspectiva. Sabemos que o seguimento de Jesus não se faz isoladamente. Precisamos do outro, precisamos estar em comunidade. E que bom saber disso, ter a consciência de que nunca estamos sozinhos no percurso da vida. Jesus também não viveu sozinho, constituiu uma comunidade de discípulos que o acompanhava em suas alegrias e, também, nos desafios.

Dom Bosco jamais caminhou sozinho. Muitos o ajudaram, como o padre Calosso, como sua mamãe Margarida, como o padre Cafasso e tantos outros. E assim também ele foi sinal do amor de Deus para outras pessoas. Quantos jovens, quantas pessoas Dom Bosco ajudou em sua vida!

Porque esse é caminho dos discípulos de Jesus: encontro com Deus, encontro consigo e depois encontro com o outro (oração, jejum e caridade). À medida que vamos nos encontrando com Deus, fazendo a experiência dele e do seu amor, também fazemos a experiencia de nós mesmos, de autoconhecimento e autorreflexão; e posteriormente, vamos ao encontro do outro, com humildade.

Então, meus amigos, não deixem de viver a experiencia da Quaresma de coração, não deixem de aproveitar os momentos oferecidos por Deus para experienciar o seu amor por nós. Com tudo o que vimos até aqui, podemos vivenciar uma verdadeira Quaresma juvenil, possível a cada um de nós e que nos ajudará a dar um grande passo na fé e no seguimento desse Deus que nos ama imensa e profundamente. Deus continue abençoando sua vida e não se esqueça: Deus é bom e não está preocupado com a quantidade, mas com a qualidade. Faça o que puder na Quaresma, mas faça de coração.

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Quaresma: tempo de encontros e novidades

Sexta, 21 Março 2025 14:28 Escrito por  Me. Fernando Campos Peixoto, SDB
Quaresma: tempo de encontros e novidades iStock.com
Queridos amigos, estamos iniciando um novo tempo na Igreja, o qual intitulamos de Quaresma.

 

Quando falamos em Quaresma, talvez possamos lembrar de alguém da nossa família afirmando que é um tempo de “maiores tentações”, no qual o mal se faz presente com maior evidência. Essa é uma fala muito comum entre os antigos, sabia? Mas, não iremos aqui adentrar nesse tema; vamos além, perceber uma outra face de riqueza deste momento oferecido pela Igreja.

A Quaresma é, antes de tudo, preparação interior para adentrar nas graças, no mistério e no amor de Deus. Ou seja, é um tempo privilegiado de encontro consigo, com os outros e com Deus, é tempo de partilha e de fraternidade; por isso, oração (encontro com Deus), jejum (encontro comigo) e caridade (encontro com o outro) guiam esse tempo.

 

Encontro com Deus

Como você percebeu, “encontro” é a nossa palavra-chave. A Quaresma é esse tempo no qual abrirmos nosso coração a Deus. É um tempo de maior aprofundamento nos mistérios divinos. Inclusive, vou te contar uma curiosidade: a Igreja recomenda que os catecúmenos (aqueles que se preparam para ser batizados) sejam preparados durante esse tempo, em que devem buscar um conhecimento mais profundo de Cristo. Portanto, uma preparação para um grande encontro.

Com Dom Bosco foi assim. Ele nos conta em suas Memórias do Oratório, livro que ele mesmo escreveu, que aos 11 anos foi incentivado por sua mãe a fazer a Primeira Comunhão. Para isso, ela se empenhou em prepará-lo como melhor podia e sabia, além de fazer com que frequentasse o catecismo em sua paróquia durante a Quaresma daquele ano. Mas, não nos esqueçamos, encontrar-se com Deus é estar em oração. E isso pode acontecer em qualquer momento, até mesmo quando estou no ônibus indo para a escola, para a universidade ou para o trabalho e contemplo as belezas que Deus faz no mundo e ali elevo minha prece de agradecimento a Ele.

 

Encontro consigo

Depois do encontro com Deus, é preciso encontrar-se consigo. Perceber o que precisa ser mudado, o que pode ser melhorado. Por isso, a Igreja nos recomenda o jejum. O sentido dele não está em castigar o corpo, que é dom precioso de Deus, mas em discipliná-lo, colocando-o em ordem para um verdadeiro encontro consigo, com o outro e com Deus. Nem sempre o jejum necessário é de comida; pode ser de algum ato prejudicial para a nossa vida. Por exemplo: a fofoca, o constante pessimismo na vida, a procrastinação, o vício em telas, a falta de propósito de vida, a desvalorização da família, a desvalorização do outro como pessoa, o sedentarismo, a privação do descanso, os conflitos familiares e sociais, entre outros.

Todos nós conhecemos, certamente, alguém que faz todos os jejuns possíveis e quase impossíveis, mas a língua continua mais cortante que a espada, não é verdade? Ou alguém que poderia acolher o outro, sendo cordial e afável, mas é grosseiro, desvaloriza qualquer pessoa que se faz próxima. O que quero dizer é que o jejum deve ter um propósito, deve nos ajudar a ser pessoas melhores, pessoas que de fato tentam seguir o exemplo de Jesus.

Vamos viver algumas novidades? Que tal fazer um jejum para evitar a procrastinação, elaborar um cronograma de atividades e ir realizando uma por uma? Que tal fazer um jejum contra o sedentarismo, fazer um esporte da sua preferência, todos os dias ou algum dia da semana? Que tal fazer um jejum para combater o individualismo, procurando ser uma pessoa mais sociável, acolhedora, simpática? São alguns exemplos que podem nos ajudar a vivenciar melhor o tempo da Quaresma. Eu mesmo fiz um jejum de refrigerante na Quaresma de 2013 e depois adotei isso para a minha vida, em busca de hábitos mais saudáveis.

 

Encontro com o outro

Por fim, precisamos do encontro com o outro, e as dicas acima ajudarão nessa perspectiva. Sabemos que o seguimento de Jesus não se faz isoladamente. Precisamos do outro, precisamos estar em comunidade. E que bom saber disso, ter a consciência de que nunca estamos sozinhos no percurso da vida. Jesus também não viveu sozinho, constituiu uma comunidade de discípulos que o acompanhava em suas alegrias e, também, nos desafios.

Dom Bosco jamais caminhou sozinho. Muitos o ajudaram, como o padre Calosso, como sua mamãe Margarida, como o padre Cafasso e tantos outros. E assim também ele foi sinal do amor de Deus para outras pessoas. Quantos jovens, quantas pessoas Dom Bosco ajudou em sua vida!

Porque esse é caminho dos discípulos de Jesus: encontro com Deus, encontro consigo e depois encontro com o outro (oração, jejum e caridade). À medida que vamos nos encontrando com Deus, fazendo a experiência dele e do seu amor, também fazemos a experiencia de nós mesmos, de autoconhecimento e autorreflexão; e posteriormente, vamos ao encontro do outro, com humildade.

Então, meus amigos, não deixem de viver a experiencia da Quaresma de coração, não deixem de aproveitar os momentos oferecidos por Deus para experienciar o seu amor por nós. Com tudo o que vimos até aqui, podemos vivenciar uma verdadeira Quaresma juvenil, possível a cada um de nós e que nos ajudará a dar um grande passo na fé e no seguimento desse Deus que nos ama imensa e profundamente. Deus continue abençoando sua vida e não se esqueça: Deus é bom e não está preocupado com a quantidade, mas com a qualidade. Faça o que puder na Quaresma, mas faça de coração.

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