Padre salesiano pede orações e atenção pela população do Congo

Sexta, 21 Junho 2013 16:26 Escrito por  Padre Piero Gavioli
O padre salesiano Piero Gavioli, diretor do Centro Dom Bosco Ngangi, enviou informações sobre a situação no Norte Kivu, província da República Democrática do Congo que foi novamente atingida pela guerra civil do país no final de maio. Como porta-voz da população, o padre salesiano faz um apelo comovente para que as pessoas de boa vontade voltem seus olhos e suas orações para a região.   Os bombardeios flagelam o Norte Kivu, na República Democrática do Congo: morrem os inocentes, a população espaventada deixa os campos de refugiados e o Centro Dom Bosco abre mais uma vez suas portas. Na quarta-feira, 22 de maio, ouvimos, muitas vezes e mais perto, da manhã até o início da tarde, o troar dos canhões. Depois, o silêncio, difícil de interpretar. Uma bomba caiu no bairro Ndosho, perto da Paróquia São Francisco Xavier. Uma menininha de 4 anos foi morta; um garotinho perdeu uma perna e outro, um braço; outros ficaram feridos. De tarde explode mais uma bomba perto do mesmo bairro: morto um menino de 11 anos e muitos os feridos... Entre os combatentes, dezenas e dezenas de mortos e de feridos. As bombas caídas perto dos campos de Mugunga provocaram a fuga de muitos habitantes: segundo a France Presse, seriam 30.000 os refugiados que deixaram os campos. Achamos que muitos destes virão em busca de refúgio no Centro Dom Bosco.

Ontem de manhã (ndr, 22 de maio), quando o fragor das bombas se tornou insistente, mandamos as crianças para casa. Com outros sacerdotes, na grande sala que serve de capela, estávamos confessando os alunos, em preparação à festa de Maria Auxiliadora. Quando uma bomba caiu com estrondo, um menino entoou um canto em ‘swahili’, canto que todos retomamos com fervor: “Bwana Yesu Mchunga wangu… - Senhor Jesus, meu Pastor, guardai-me perto de Vós; tirai o medo de mim; fazei-me chegar na celeste cidade da alegria e da paz…”.

Na Espanha há os indignados contra a exclusão social. Na França, os que falam contra o matrimônio homossexual. Sonho que haja, por todo o mundo, pessoas que se levantem para protestar contra a exclusão do direito à vida e à paz para milhões de crianças e adultos. Não podemos habituar-nos a estas coisas: possamos pelo menos velar, na oração e na manifestação – visível – da nossa discordância.

Quinta-feira, o grupo rebelde M23 decretou uma trégua para permitir a visita a Goma, capital do país, de Ban Ki-moon, secretário geral da ONU. Durante a visita, de 3 horas, Ban Ki-moon manifestou o apoio da comunidade internacional à República Democrática do Congo (RDC), sublinhando que não se pode mais esperar para afirmar, na área, a segurança, o respeito aos direitos humanos, a saúde, a educação, a tutela das crianças e adolescentes e das mulheres… Mas continuarão sendo somente palavras ou haverá de fato um programa a ser respeitado por todos?

Hoje (ndr, 23 de maio), a trégua foi realmente respeitada. Pudemos desempenhar as atividades normais, jogar as finais de um torneio organizado por ocasião da festa de Maria Auxiliadora. Também na cidade a maior parte das escolas, dos bancos e do comércio abriu suas portas.

O Centro Dom Bosco foi escolhido, pela coordenação dos auxílios humanitários, para acolher provisoriamente os refugiados. Pensa-se em 10 a 15 dias: se a guerra se resolve, os desabrigados poderão voltar às suas casas; doutra forma, serão encaminhados a campos maiores e melhor organizados. Pusemos à disposição os três grandes campos de futebol que circundam o Centro. As várias ONGs humanitárias montarão barracas, escavarão latrinas, trarão alimento e água.

Mas amanhã não sabemos o que se dará. Sabemos somente que o Bom Pastor e Maria Auxiliadora nos guardarão em sua misericórdia.

 

Guerra na República Democrática do Congo

Padre Gavioli explica que os recentes conflitos na República Democrática do Congo são, infelizmente, mais um episódio de uma triste história que já dura 20 anos. Há pouco mais de um ano, um grupo de militares rebeldes amotinou-se, e ganhou o nome de “M23”. “Referia-se, de fato, aos acordos de 23 de março de 2009, entre o governo de Kinshasa e a rebelião de Kunda, que durou vários meses. A nova rebelião, guiada por Bosco Ntaganda – procurado pelo tribunal penal de Haia – é apoiada por Ruanda e Uganda, e surgiu para reclamar a aplicação, não ocorrida, segundo eles, dos acordos de paz feitos em 2009”.

Em 20 de maio, o M23 desferiu um ataque contra as forças armadas governamentais em Kibati, a 12 quilômetros ao norte de Goma. Iniciou-se também o enésimo êxodo de refugiados, sobretudo de mulheres e crianças, buscando um pouco de segurança e chegando também ao Centro Dom Bosco Ngangi. Terça-feira, 21 de maio, repetiram-se os mesmos fatos. “Evidentemente não há notícias precisas: cada campo acusa o outro de ser a causa dos tiros do dia precedente e não existem negociações em curso”, considera padre Gavioli.

Padre Gavioli pediu à Família Salesiana o apoio por meio de orações em favor do povo do Congo e pela paz: “Ajudai-nos com a vossa oração. Se tiverdes contatos com ministros ou parlamentares, dizei-lhes que não se esqueçam desta população que padece uma guerra sem dela saber o porquê. (…) Apoiai a nossa coragem com vossa oração, e dizei a todos que em Goma está em curso mais uma inútil carnificina”.

 

Saiba mais sobre o trabalho dos Salesianos na República Democrática do Congo clicando aqui

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 29 Agosto 2014 12:04

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Padre salesiano pede orações e atenção pela população do Congo

Sexta, 21 Junho 2013 16:26 Escrito por  Padre Piero Gavioli
O padre salesiano Piero Gavioli, diretor do Centro Dom Bosco Ngangi, enviou informações sobre a situação no Norte Kivu, província da República Democrática do Congo que foi novamente atingida pela guerra civil do país no final de maio. Como porta-voz da população, o padre salesiano faz um apelo comovente para que as pessoas de boa vontade voltem seus olhos e suas orações para a região.   Os bombardeios flagelam o Norte Kivu, na República Democrática do Congo: morrem os inocentes, a população espaventada deixa os campos de refugiados e o Centro Dom Bosco abre mais uma vez suas portas. Na quarta-feira, 22 de maio, ouvimos, muitas vezes e mais perto, da manhã até o início da tarde, o troar dos canhões. Depois, o silêncio, difícil de interpretar. Uma bomba caiu no bairro Ndosho, perto da Paróquia São Francisco Xavier. Uma menininha de 4 anos foi morta; um garotinho perdeu uma perna e outro, um braço; outros ficaram feridos. De tarde explode mais uma bomba perto do mesmo bairro: morto um menino de 11 anos e muitos os feridos... Entre os combatentes, dezenas e dezenas de mortos e de feridos. As bombas caídas perto dos campos de Mugunga provocaram a fuga de muitos habitantes: segundo a France Presse, seriam 30.000 os refugiados que deixaram os campos. Achamos que muitos destes virão em busca de refúgio no Centro Dom Bosco.

Ontem de manhã (ndr, 22 de maio), quando o fragor das bombas se tornou insistente, mandamos as crianças para casa. Com outros sacerdotes, na grande sala que serve de capela, estávamos confessando os alunos, em preparação à festa de Maria Auxiliadora. Quando uma bomba caiu com estrondo, um menino entoou um canto em ‘swahili’, canto que todos retomamos com fervor: “Bwana Yesu Mchunga wangu… - Senhor Jesus, meu Pastor, guardai-me perto de Vós; tirai o medo de mim; fazei-me chegar na celeste cidade da alegria e da paz…”.

Na Espanha há os indignados contra a exclusão social. Na França, os que falam contra o matrimônio homossexual. Sonho que haja, por todo o mundo, pessoas que se levantem para protestar contra a exclusão do direito à vida e à paz para milhões de crianças e adultos. Não podemos habituar-nos a estas coisas: possamos pelo menos velar, na oração e na manifestação – visível – da nossa discordância.

Quinta-feira, o grupo rebelde M23 decretou uma trégua para permitir a visita a Goma, capital do país, de Ban Ki-moon, secretário geral da ONU. Durante a visita, de 3 horas, Ban Ki-moon manifestou o apoio da comunidade internacional à República Democrática do Congo (RDC), sublinhando que não se pode mais esperar para afirmar, na área, a segurança, o respeito aos direitos humanos, a saúde, a educação, a tutela das crianças e adolescentes e das mulheres… Mas continuarão sendo somente palavras ou haverá de fato um programa a ser respeitado por todos?

Hoje (ndr, 23 de maio), a trégua foi realmente respeitada. Pudemos desempenhar as atividades normais, jogar as finais de um torneio organizado por ocasião da festa de Maria Auxiliadora. Também na cidade a maior parte das escolas, dos bancos e do comércio abriu suas portas.

O Centro Dom Bosco foi escolhido, pela coordenação dos auxílios humanitários, para acolher provisoriamente os refugiados. Pensa-se em 10 a 15 dias: se a guerra se resolve, os desabrigados poderão voltar às suas casas; doutra forma, serão encaminhados a campos maiores e melhor organizados. Pusemos à disposição os três grandes campos de futebol que circundam o Centro. As várias ONGs humanitárias montarão barracas, escavarão latrinas, trarão alimento e água.

Mas amanhã não sabemos o que se dará. Sabemos somente que o Bom Pastor e Maria Auxiliadora nos guardarão em sua misericórdia.

 

Guerra na República Democrática do Congo

Padre Gavioli explica que os recentes conflitos na República Democrática do Congo são, infelizmente, mais um episódio de uma triste história que já dura 20 anos. Há pouco mais de um ano, um grupo de militares rebeldes amotinou-se, e ganhou o nome de “M23”. “Referia-se, de fato, aos acordos de 23 de março de 2009, entre o governo de Kinshasa e a rebelião de Kunda, que durou vários meses. A nova rebelião, guiada por Bosco Ntaganda – procurado pelo tribunal penal de Haia – é apoiada por Ruanda e Uganda, e surgiu para reclamar a aplicação, não ocorrida, segundo eles, dos acordos de paz feitos em 2009”.

Em 20 de maio, o M23 desferiu um ataque contra as forças armadas governamentais em Kibati, a 12 quilômetros ao norte de Goma. Iniciou-se também o enésimo êxodo de refugiados, sobretudo de mulheres e crianças, buscando um pouco de segurança e chegando também ao Centro Dom Bosco Ngangi. Terça-feira, 21 de maio, repetiram-se os mesmos fatos. “Evidentemente não há notícias precisas: cada campo acusa o outro de ser a causa dos tiros do dia precedente e não existem negociações em curso”, considera padre Gavioli.

Padre Gavioli pediu à Família Salesiana o apoio por meio de orações em favor do povo do Congo e pela paz: “Ajudai-nos com a vossa oração. Se tiverdes contatos com ministros ou parlamentares, dizei-lhes que não se esqueçam desta população que padece uma guerra sem dela saber o porquê. (…) Apoiai a nossa coragem com vossa oração, e dizei a todos que em Goma está em curso mais uma inútil carnificina”.

 

Saiba mais sobre o trabalho dos Salesianos na República Democrática do Congo clicando aqui

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 29 Agosto 2014 12:04

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.