O projeto foi criado por um grupo de 6 psicólogos e 1 suicidólogo, todos envolvidos na evangelização das juventudes, diante do aumento do suicídio entre adolescentes e jovens, até o ponto de ser a segunda causa de morte entre jovens de 18 a 29 anos, e pretende capacitar Agentes de Pastoral acerca da prevenção do suicídio com o intuito de formar líderes que possam, posteriormente, serem multiplicadores da formação de outras lideranças locais. O trabalho deve ser realizado nos ambientes em que os adolescentes e jovens se encontram.
Estamos diante de “um tema tão delicado, que é a questão da saúde mental de nossos adolescentes e jovens”, segundo o assessor da Comissão Episcopal para Juventude da CNBB, padre Antônio Gomes de Medeiros Filho, SDB. Segundo o salesiano, “já era uma situação desafiadora antes da pandemia da Covid-19, e depois da pandemia se tornou um imperativo, tem preocupado muito nossos pastores essa questão da saúde mental, e então, a partir de um grupo de trabalho de psicólogos, suicidólogos e pastoralistas nasce o Projeto Cuidar da Vida”.
O encontro que está sendo realizado em Manaus neste final de semana “busca ajudar as pessoas que estão participando a tentarem identificar em seus trabalhos alguns sinais desta situação, pessoas que estejam com a saúde mental fragilizada, numa perspectiva de decorrência para a questão da tentativa de suicídio e perceber também toda uma rede de apoio que deve se gerar em torno das pessoas”, segundo o assessor da CNBB. Ele insistiu em “identificar nos poderes públicos a questão da importância de uma rede de apoio para os jovens. Nessa busca, a gente quer ajudar nossos agentes de pastoral a entrar nessa dinâmica”.
A organização das comunidades é vista pelo padre Antônio Gomes como um desafio grande, tendo em vista que “a gente possa ter uma qualidade de vida melhor”. Diante do aumento do suicídio, o assessor fala de questões sociais e estruturais na sociedade brasileira, marcada por “desigualdades gritantes no nosso país”, ressaltando a “separação entre empobrecidos e gente que se enriquece”, o que demanda “sonhar com um mundo melhor, um mundo mais igualitário, mais fraterno, mais solidário”.
Geslane Dourado é uma jovem da Pastoral da Juventude da diocese de Roraima, e considera importante o curso dado a ansiedade, depressão, que sofrem muitos jovens na sociedade atual. Ela reconhece que “ainda é um tabu falar sobre a questão da saúde mental”. Nessa perspectiva, afirma que “trabalhar essas questões com as juventudes é bom porque são os principais públicos que são afetados com relação a isso, e aí muitos jovens se sentem sozinhos e acabam se suicidando”, dentre eles jovens que participam da Igreja, insistindo em trabalhar na prevenção.
Ao longo do minicurso será abordada a questão da prevenção do suicídio, definindo o que é o suicídio; os mitos e tabus; os dados atuais; os fatores de risco: violência física, homofobia, bullying, cyberbullying, ansiedade, depressão; a doutrina eclesial e suicídio; ações preventivas: fortalecimento de redes; importância da espiritualidade. No programa também aparece a questão do pós-intervenção, as tentativas não concretizadas e concretizadas (luto), sequelas físicas, depressão, recorrência; lidar com quem sofre: família, o grupo de jovens, colegas da escola.
Fonte: Vatican News