“Ser leigo engajado também é vocação”

Domingo, 20 Novembro 2022 19:02 Escrito por  Camila Santos
Em entrevista ao Boletim Salesiano, Maria Neves, ex-aluna do Educandário Nossa Senhora das Graças, de Manicoré, AM, conta como conheceu a Família Salesiana, fala sobre as suas experiências na Pastoral Missionária e diz que procura seguir à risca o conselho de Dom Bosco a São Domingos Sávio: Fazer bem todas as coisas e estar sempre alegre.  

Quando e como você conheceu a Família Salesiana?

Os meus pais foram casados por um padre salesiano, meus irmãos e eu fomos batizados por padres salesianos. Minha infância toda foi em um bairro que se chamava São Domingos Sávio. Lá iniciei a minha vida pastoral, primeiro no grupo de coroinhas, na catequese, e depois nos pátios, onde fui oratoriana e animadora de oratório. Sempre estive muito engajada nos grupos de jovens, participando de encontros e indo às comunidades ribeirinhas em ações missionárias.

 

Quais são as principais lembranças que você traz do tempo de aluna salesiana?

O que foi mais marcante – e hoje vejo que fez muita diferença na minha vida - foi o “Bom dia” da escola. A gente tinha esses momentos todos os dias, antes de iniciar as aulas. Era uma ocasião de reflexão e sempre ficava uma mensagem para mim ou para os meus amigos.

 

Fale sobre a sua experiência vocacional.

Os padres salesianos sempre foram muito presentes na minha realidade, e se alguém me perguntasse na infância o que eu gostaria de ser quando crescesse, ouviria: “Quero ser padre”. Eles eram minha referência de vida, era a realidade que eu conhecia. Cresci e percebi que ser padre não seria possível, mas ser Filha de Maria Auxiliadora era uma opção. Iniciei o acompanhamento com as FMA, fiquei, aproximadamente, 12 meses em uma comunidade que acompanhava uma escola durante a semana e realizava o oratório aos domingos. Foi uma experiência regada de aprendizado e aprofundamento na espiritualidade salesiana. Porém, percebi que ser leigo engajado também é vocação; requer fé e compromisso.

 

E como foi a experiência na Pastoral Missionária?

Sempre participei de visitas missionárias junto com os adultos. Lembro-me que a Pastoral Familiar da minha paróquia organizava visitas às comunidades ribeirinhas, à cadeia pública da minha cidade, fazia o oratório itinerante; e os jovens dos grupos eram convidados a participar. Eu estava em muitas dessas ações, me sentia desafiada a fazer alguma coisa por tantos irmãos que sofriam.

Foi essa inquietação que me levou a pedir para fazer o voluntariado em uma comunidade indígena, em Iauaretê, na fronteira com a Colômbia, em 2020. Infelizmente, a pandemia da Covid-19 limitou o período que passaria na comunidade, mas, ainda assim, foi uma experiência que levaria páginas para descrever. Atualmente moro em Manaus, AM, mas procuro fazer da minha profissão (na área de Comunicação da Inspetoria Salesiana São Domingos Sávio) e da imersão na vida salesiana uma forma de ajudar diretamente a tantos por meio de nossas obras, escolas e casas.

 

Como você vive a espiritualidade salesiana em seu dia a dia?

Eu respiro salesianidade (risos). Como trabalho em uma instituição salesiana, diariamente sou levada a esse contato. Procuro seguir à risca o conselho de Dom Bosco a São Domingos Sávio: Fazer bem todas as coisas e estar sempre alegre. Não é fácil, mas a gente tenta.

 

Como você enxerga a figura de Dom Bosco?

Meu primeiro contato com a espiritualidade foi a partir da figura de Dom Bosco. Entendi com o tempo que Dom Bosco só me aproxima cada vez mais do amor de Deus. Em 2015, tive a oportunidade de conhecer os lugares por onde passou Dom Bosco. Estar ali, naquela terra santa, para nós que vivemos a espiritualidade salesiana – depois, ser testemunha e fazer parte, diariamente, desse sonho realizado – é um sentimento de muita gratidão. Depois de 207 anos, Dom Bosco ainda inspira e fala ao coração de tantos jovens, assim como fala ao meu.

 

Quais são seus planos para os próximos anos?

Pretendo fazer especialização na área de Comunicação e manter-me nos pátios salesianos, seja por exigência da profissão ou simplesmente porque me sinto em casa e sei que fazemos a diferença nesse mundo.

 

Que lição você tirou da pandemia da Covid-19?

Quando irrompeu a pandemia da Covid-19 eu estava em Iauaretê, na comunidade indígena onde me propus a fazer um voluntariado. Estava longe de todos os meus familiares, tinha muitos planos para àquele ano e, de repente, tudo foi interrompido. Nossa obra foi fechada e as atividades suspensas. As celebrações continuavam na comunidade salesiana, era transmitida para os comunitários através de um autofalante, foi um momento muito desafiador naquela comunidade.

Tive que me reinventar; todos tivemos. Cuidar das plantas, limpar a casa, organizar livros e artesanato, ver o pôr do sol – e de todos esses momentos eu fiz minha oração. A pandemia veio para nos mostrar que cada momento e que toda pessoa é importante, para compreendermos que a nossa vida é muito frágil e que a gente precisa viver intensamente, valorizando os que estão ao nosso lado da melhor forma possível.

 

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“Ser leigo engajado também é vocação”

Domingo, 20 Novembro 2022 19:02 Escrito por  Camila Santos
Em entrevista ao Boletim Salesiano, Maria Neves, ex-aluna do Educandário Nossa Senhora das Graças, de Manicoré, AM, conta como conheceu a Família Salesiana, fala sobre as suas experiências na Pastoral Missionária e diz que procura seguir à risca o conselho de Dom Bosco a São Domingos Sávio: Fazer bem todas as coisas e estar sempre alegre.  

Quando e como você conheceu a Família Salesiana?

Os meus pais foram casados por um padre salesiano, meus irmãos e eu fomos batizados por padres salesianos. Minha infância toda foi em um bairro que se chamava São Domingos Sávio. Lá iniciei a minha vida pastoral, primeiro no grupo de coroinhas, na catequese, e depois nos pátios, onde fui oratoriana e animadora de oratório. Sempre estive muito engajada nos grupos de jovens, participando de encontros e indo às comunidades ribeirinhas em ações missionárias.

 

Quais são as principais lembranças que você traz do tempo de aluna salesiana?

O que foi mais marcante – e hoje vejo que fez muita diferença na minha vida - foi o “Bom dia” da escola. A gente tinha esses momentos todos os dias, antes de iniciar as aulas. Era uma ocasião de reflexão e sempre ficava uma mensagem para mim ou para os meus amigos.

 

Fale sobre a sua experiência vocacional.

Os padres salesianos sempre foram muito presentes na minha realidade, e se alguém me perguntasse na infância o que eu gostaria de ser quando crescesse, ouviria: “Quero ser padre”. Eles eram minha referência de vida, era a realidade que eu conhecia. Cresci e percebi que ser padre não seria possível, mas ser Filha de Maria Auxiliadora era uma opção. Iniciei o acompanhamento com as FMA, fiquei, aproximadamente, 12 meses em uma comunidade que acompanhava uma escola durante a semana e realizava o oratório aos domingos. Foi uma experiência regada de aprendizado e aprofundamento na espiritualidade salesiana. Porém, percebi que ser leigo engajado também é vocação; requer fé e compromisso.

 

E como foi a experiência na Pastoral Missionária?

Sempre participei de visitas missionárias junto com os adultos. Lembro-me que a Pastoral Familiar da minha paróquia organizava visitas às comunidades ribeirinhas, à cadeia pública da minha cidade, fazia o oratório itinerante; e os jovens dos grupos eram convidados a participar. Eu estava em muitas dessas ações, me sentia desafiada a fazer alguma coisa por tantos irmãos que sofriam.

Foi essa inquietação que me levou a pedir para fazer o voluntariado em uma comunidade indígena, em Iauaretê, na fronteira com a Colômbia, em 2020. Infelizmente, a pandemia da Covid-19 limitou o período que passaria na comunidade, mas, ainda assim, foi uma experiência que levaria páginas para descrever. Atualmente moro em Manaus, AM, mas procuro fazer da minha profissão (na área de Comunicação da Inspetoria Salesiana São Domingos Sávio) e da imersão na vida salesiana uma forma de ajudar diretamente a tantos por meio de nossas obras, escolas e casas.

 

Como você vive a espiritualidade salesiana em seu dia a dia?

Eu respiro salesianidade (risos). Como trabalho em uma instituição salesiana, diariamente sou levada a esse contato. Procuro seguir à risca o conselho de Dom Bosco a São Domingos Sávio: Fazer bem todas as coisas e estar sempre alegre. Não é fácil, mas a gente tenta.

 

Como você enxerga a figura de Dom Bosco?

Meu primeiro contato com a espiritualidade foi a partir da figura de Dom Bosco. Entendi com o tempo que Dom Bosco só me aproxima cada vez mais do amor de Deus. Em 2015, tive a oportunidade de conhecer os lugares por onde passou Dom Bosco. Estar ali, naquela terra santa, para nós que vivemos a espiritualidade salesiana – depois, ser testemunha e fazer parte, diariamente, desse sonho realizado – é um sentimento de muita gratidão. Depois de 207 anos, Dom Bosco ainda inspira e fala ao coração de tantos jovens, assim como fala ao meu.

 

Quais são seus planos para os próximos anos?

Pretendo fazer especialização na área de Comunicação e manter-me nos pátios salesianos, seja por exigência da profissão ou simplesmente porque me sinto em casa e sei que fazemos a diferença nesse mundo.

 

Que lição você tirou da pandemia da Covid-19?

Quando irrompeu a pandemia da Covid-19 eu estava em Iauaretê, na comunidade indígena onde me propus a fazer um voluntariado. Estava longe de todos os meus familiares, tinha muitos planos para àquele ano e, de repente, tudo foi interrompido. Nossa obra foi fechada e as atividades suspensas. As celebrações continuavam na comunidade salesiana, era transmitida para os comunitários através de um autofalante, foi um momento muito desafiador naquela comunidade.

Tive que me reinventar; todos tivemos. Cuidar das plantas, limpar a casa, organizar livros e artesanato, ver o pôr do sol – e de todos esses momentos eu fiz minha oração. A pandemia veio para nos mostrar que cada momento e que toda pessoa é importante, para compreendermos que a nossa vida é muito frágil e que a gente precisa viver intensamente, valorizando os que estão ao nosso lado da melhor forma possível.

 

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