A maior parte dos menores que ali residem sofreram violências domésticas, viviam na rua e não frequentavam a escola. Mas, com os educadores salesianos, descobrem seus talentos, aprendem um ofício e sonham com um futuro repleto de oportunidades. “Serei o primeiro a ‘laurear-me’ na família”, afirma com satisfação o Álex.
“Trabalhar, cuidar de animais” foi é o que Álex garante ter feito durante toda a sua vida. “Sou o mais jovem de quatro irmãos. Minha mãe vivia fora de casa. Nunca vi meu pai, ainda que saiba quem ele seja; e quem ficava conosco era minha vó, só que vivia batendo em nós...”, relembra o jovem. “Somos pobres. Nossa casa é feita de terra, tijolos, telhas”.
A situação em que vivia em casa levou o Álex a viver pelas ruas: “passei três semanas pelas ruas. Nunca roubei. Sempre pedia. Quando a polícia me achou, trouxe-me a este Sítio. Minha vó morreu. Agora só tenho minha mãe, porque meus irmãos deixaram a cidade”.
Infância perdida
No sítio-escola salesiana, as crianças recuperam parte da infância perdida: recebem carinho, cuidados médicos e psicológicos; e dedicam-se a recuperar os atrasos escolares...
“O meu sonho é ser o primeiro ‘formado’ da família. Quero ir à universidade e me tornar um engenheiro agrícola. Quero também ir aos Estados Unidos, onde se encontram algumas tias minhas, para ajudar a família”.
No sítio Álex dispõe de um pedaço de terreno de que diariamente cuida: “cultivo beterraba, coentro... Também cuido dos animais que temos aqui: porquinhos-da-índia... Minha mãe vem me ajudar e, graças a isso, recolho e vendo: e já vou fazendo o meu pezinho-de-meia...”.
“Quero ser como Dom Bosco”
A vida de Alex mudou graças aos salesianos; e muito mais poderá mudar com aquilo que está aprendendo: “pela rua passava muito frio; mas aqui tenho coisas que nunca tive: cama, comida, roupa e calçado”.
O jovem está envolvido em todas as atividades organizadas na fazenda-escola: “Gosto de ajudar os outros. Participo das oficinas de costura. Ajudo na cozinha e também no altar. Quero ser como Dom Bosco para ajudar as pessoas que têm menos”.
Durante as férias, Álex deixa o sítio e vai para casa: “há minha mãe, a quem muito quero, porque neste momento sou o único filho na cidade”. De acordo com Álex, graças ao apoio que ele recebe e ao seu trabalho, ele paga os estudos. “Com os cursos acelerados espero passar nos exames para ter acesso ao bacharelado neste mesmo ano”, explica entusiasticamente o jovem.
O Sítio Dom Bosco
O Sítio Dom Bosco, de Ambato, é uma grande família onde crianças que viveram situações traumáticas de violência recuperam e exercem os seus direitos, aprendem a viver juntos e a respeitar-se e descobrem as suas capacidades por meio de laboratórios/oficinas, a fim de continuar a estudar e a aprender um ofício.
O objetivo final é a reinserção familiar ou a adoção e, por isso, os Salesianos trabalham também com as famílias, visando criar um ambiente de carinho e proteção.