"Vocês todos entrarão em grande sintonia com este filme, porque promove exatamente a causa do Papa Francisco". Com essas palavras, Cyril Odia, Salesiano de Dom Bosco e diretor da Comunidade Salesiana em Maynooth, Irlanda, apresenta o filme de que foi criador e produtor executivo: "O Oratório, História Africana de São João Bosco'', lançado em setembro de 2021 e ainda em fase de distribuição.
O longa-metragem, produzido e dirigido pelo nigeriano Obi Emelonye, conta a história de um grupo de jovens de Lagos, o mais importante centro econômico e social da Nigéria.
Apesar da sombria realidade, marcada pela degradação, pobreza e situações de abandono e criminalidade - o filme oferece uma reinterpretação moderna da figura de Dom Bosco e do carisma salesiano, ambientado numa rede de relações e paisagens africanas, em que o cuidado com a Casa Comum e a legalidade representam elementos de salvação humana e cristã.
Enredo
“O Oratório” conta a história do padre Michael Simmons, interpretado pelo ator Rich Lowe Ikenna, sacerdote salesiano nascido nos Estados Unidos e enviado à paróquia de elite de Ikoyi, em Lagos. O local é frequentado por grupos de fiéis abastados, que não levam a sério o fato de que seu pároco também quer cuidar das crianças de rua.
Padre Michael, por sua vez, está particularmente envolvido pela situação das crianças de uma favela chamada ‘Makoko’, presas numa rede criminosa que não lhes permite redimir sua existência. Ele se esforça por salvar o maior número possível de crianças e funda um ‘oratório’, inspirado no trabalho de Dom Bosco.
O elenco conta com atores profissionais e crianças da favela Mokoko, de acordo com a escolha do padre Odia, que acreditou firmemente que as oportunidades e experiências positivas oferecidas aos jovens por meio da produção do filme são capazes de fortalecer sua autoestima e levar a mudanças positivas em suas vidas.
Um lugar representativo
A favela Makoko - também conhecida por seus barracos construídos sobre palafitas na lagoa de Lagos – foi alvo de um grave conflito sociopolítico em 2012, quando alguns funcionários do governo nigeriano tentaram removê-la após uma reportagem da BBC sobre a mesma, alegando que a favela representava "um constrangimento à imagem da cidade". Eles iniciaram os despejos e atearam fogo nas casas, ações que desencadearam um efeito dominó de descontentamento com graves repercussões em toda a comunidade do município.
“A escolha desta locação, conta o padre Odia, foi eficaz para destacar as condições ambientais críticas, causadas pela poluição e pela pobreza, que pioram ainda mais a realidade daqueles que vivem nesse já precário ambiente".
Gbenga Adebija, presidente da Comissão que organizou a estreia do filme em Lagos, fez uma declaração ao jornal nigeriano 'Vanguard News' comentando que “O Oratório” não é apenas um filme: é um documentário que revela um resultado concreto das muitas áreas de ação dos salesianos, na Nigéria.
Ele enfatizou como o longa-metragem chama às responsabilidades individuais e coletivas relativas às crianças de rua e como o trabalho de inclusão pode ajudar a prevenir comportamentos violentos e ilegais.
O longa-metragem também evidencia os valores da «Laudato Si»': do combate à cultura do desperdício ao cuidado com a Casa Comum, numa perspectiva de ecologia integral, que devolve novamente ao centro da Pessoa Humana, sua dignidade, seu bem-estar pessoal e coletivo, convidando a todos a redefinir o futuro por meio de um uso cuidadoso dos recursos do território, destacando, inclusive, a necessidade de tutelar o trabalho e torná-lo acessível a todos, principalmente aos mais frágeis e renunciando à perspectiva que privilegia apenas o lucro.
"Com este filme promovemos as causas do Papa Francisco, não só procurando tirar as crianças das ruas, mas também enfatizando que, se não respondermos à urgência do que está acontecendo no mundo agora - como bem mostra o longa-metragem - estaremos nos preparando apenas para o desastre", comenta o padre Odia.
A resposta positiva dos críticos e do público, apesar das limitações de exibição causadas pela pandemia, inspirou a equipe a iniciar uma campanha de financiamento coletivo para poder distribuí-lo numa escala mais ampla.
No momento, a exibição do filme é possível mediante acordo com o produtor executivo, padre Odia, que pode ser contatado por e-mail no endereço: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..