Sobretudo, quando se tratava de definir o estilo educativo e evangelizador – para dizê-lo com a nossa linguagem – da incipiente Congregação Salesiana: ‘Chamar-nos-emos Salesianos’”. Dom Bosco, desde que era seminarista, conheceu a figura de Francisco de Sales e, pouco a pouco, foi absorvendo essa espiritualidade, que chamamos de “espiritualidade do amor”. Padre Ángel afirma que “Dom Bosco ficou profundamente impressionado pela extraordinária figura desse Santo. Foi para ele uma autêntica inspiração, sobretudo porque era um verdadeiro pastor, um mestre de caridade, um trabalhador incansável pela salvação das almas”. Portanto, o Boletim Salesiano dará destaque, neste ano, ao 4º centenário da morte de São Francisco de Sales, um dos padroeiros da Família Salesiana.
Dom Bosco, no final da sua vida, se preocupava muito que se mudasse o espírito salesiano de São Francisco de Sales por outro qualquer. Isso ele afirmou ao padre Lazzero, conselheiro geral da Congregação, em 1885. No 2º Capítulo Geral, de 1880, Dom Bosco lamentou, diante da assembleia capitular, a diminuição do espírito de amabilidade de São Francisco de Sales nas casas salesianas, afirmando que “devemos fazer um esforço e encontrar a forma de cultivar o espírito de caridade e doçura de São Francisco de Sales. Este espírito está enfraquecendo entre nós”. O 4º centenário da morte do santo padroeiro nos oferece, então, a oportunidade de fortalecermos o espírito salesiano. Para que isso aconteça, será muito bom conhecermos a pessoa, a vida, o pensamento, o ensinamento e os escritos deste “Doctor Amoris”, como foi declarado pelo Papa Pio IX por ocasião do 1° Concílio Vaticano.
O espírito salesiano perpassa todos os momentos e ações que realizamos como Família Salesiana. Sales valorizou muito o humanismo, pois foi educado dentro dos princípios do humanismo renascentista. A irmã Celene Rodrigues, no seu artigo “Novos projetos para a sociedade”, afirma que é “urgente humanizar a educação, colocar as pessoas no centro e criar condições para um desenvolvimento integral. Ao dar às crianças e aos jovens a autonomia adequada e os papéis necessários a cada um, torna-se possível uma sociedade em que todos prosperem internamente, de maneira vibrante, unida e fraterna”.
O presente Boletim também aborda a temática da comunicação. Irmã Márcia Koffermann, no seu artigo “Ousemos passar da comunicação para a comunhão”, afirma que “se pensamos em um futuro marcado pela comunhão entre os povos, de acordo com o tão sonhado Reino de Deus que, como cristãos, somos chamados a construir, precisamos necessariamente viver um processo de conversão”. O padre João Mendonça, em “Educar em tempos líquidos”, fala de “uma comunicação que compreenda a relação educativa entre sujeitos. O projeto de vida para você, educador, é uma tentativa de diálogo em uma construção de sentidos”.
Aprendemos a ter um amor muito grande para com Dom Bosco, que iremos celebrar no dia 31 de janeiro. Mas precisamos conhecer São Francisco de Sales, que celebraremos em 24 de janeiro; divulgar sua vida, sua obra e sua espiritualidade. Assim, como Família Salesiana, daremos a nossa contribuição para a Igreja e para a sociedade, fazendo tudo com amor e nada por força, com o espírito salesiano.