Educomunicação nas obras sociais salesianas

Quarta, 03 Novembro 2021 18:44 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
Educomunicação nas obras sociais salesianas istock.com
A Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social) iniciou neste ano um projeto formativo na área de Educomunicação, especialmente elaborado para atender as necessidades das obras sociais. Em entrevista ao Boletim Salesiano, a Irmã Sílvia Aparecida da Silva, FMA, diretora-executiva da RSB, e o professor Joadir Foresti, coordenador pedagógico do Educomunicação em Ação Social, falam sobre o que motivou esse projeto, como ele está sendo desenvolvido e quais serão os próximos passos da iniciativa. Confira a entrevista completa!    

O que motivou a RSB-Social a realizar um projeto voltado para a Educomunicação? Por que essa área é importante em uma obra social?

Ir. Sílvia Aparecida da Silva – A primeira motivação foi exatamente a situação acarretada pela pandemia da Covid-19. Pesquisas realizadas com nossas unidades sociais, logo no primeiro semestre da pandemia, já apontavam perdas significativas para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes, jovens e famílias acompanhadas pelas nossas ações. O isolamento social, se por um lado trouxe ganhos em relação à preservação da vida, por outro trouxe uma gama complexa de impactos, os quais nós já conhecemos. O projeto foi construído para ser resposta frente a alguns deles, ou seja, a necessidade de construirmos espaços de uma leitura de mundo mais crítica e consciente, e, dessa forma, contribuir não somente com a defasagem na aprendizagem em termos de leitura e escrita, mas também como mecanismo de emancipação e protagonismo. Neste sentido, os conceitos que fundamentam a Educomunicação nos trazem ganhos específicos e solidificam as ações. Acreditamos que gerar empatia para o desenvolvimento de saberes é marca caraterística da Educomunicação!

 

Como foi estruturado o curso realizado no primeiro semestre? Que aspectos da Educomunicação foram trabalhados com os educadores?

Joadir Foresti – O projeto iniciado nos primeiros meses de 2021 admitiu 12 obras sociais e, destas, incorporou 29 participantes diretos para a formação. No todo, o projeto deve ser desenvolvido em três anos, iniciando agora, em 2021. Cada ano foi subdividido em duas partes, que correspondem ao primeiro e ao segundo semestres do ano. Toda a estruturação da execução, assessoria e acompanhamento dos encontros formativos em EaD esteve amparada pelo Centro Salesiano de Formação (CSF), sob a coordenação da Ana Paula Costa e Silva. A primeira parte do ano foi realizada por meio de cursos em EaD, e contou com os temas: Identidade Carismática Salesiana, conduzido pelo professor Jose Jair Ribeiro (Zeca); e Educomunicação, com a Ir. Márcia Koffermann. Em seguida, durante nove semanas, foi aprofundado o tema da Aprendizagem Criativa, com a tutoria do professor Israel Alves Jorge de Souza e com o conteúdo criado pela professora Dagmar Heil Pocrifka. A segunda parte está em andamento e corresponde à execução de atividades concretas com as crianças e os adolescentes das obras, por meio de oficinas especialmente criadas para este momento, a partir de um kit didático de 16 oficinas, também desenvolvidas pelo projeto.

Os estudos ocorridos mantiveram o objetivo de compreender o conceito e a prática da Educomunicação enquanto paradigma que aproxima educação e comunicação no atual contexto de digitalização, tendo em vista a formação de cidadãos críticos e criativos em consonância com a pedagogia salesiana. O enfoque trazido pela Irmã Márcia foi o de despertar para a percepção de que os educadores e oficineiros estão inseridos em um ecossistema comunicativo em que tudo comunica e educa, independente de se estar em uma escola ou em uma obra social. Estar atentos aos mecanismos de comunicação é, neste caso, o primeiro passo para se aprofundar na Educomunicação, uma vez que ela está ligada à ideia de construção do indivíduo coletivo.

 

E como foi a participação dos educadores na formação? Há algum aspecto ou prática realizada que gostariam de destacar?

Joadir Foresti – O grupo de participantes do curso é formado por educadores e oficineiros. Os educadores são profissionais que já atuam nas obras e foram chamados para realizarem o curso e a parte prática junto com os oficineiros. Estes, por sua vez, foram especialmente contratados para estudar e fazer o projeto acontecer dentro das pbras. Por isso, o grupo está equilibrado entre educadores e oficineiros para estabelecer uma sinergia dentro das obras e, aos poucos, fazer com que a Educomunicação, por meio de suas inúmeras expressões, se faça presente nas obras sociais salesianas. Assim, os integrantes do projeto, representando todas as regiões do país, tiveram como primeira missão romper a barreira do desconhecido, tanto dos temas como das experiências pessoais. O ambiente virtual de aprendizagem permitiu a partilha das experimentações e produções individuais. Os temas Identidade Salesiana e Educomunicação focaram a produção textual, sistematizando os conhecimentos desenvolvidos; já o tema da Aprendizagem Criativa exigiu muitas práticas utilizando os recursos digitais.

Neste universo digital e de desafios da Aprendizagem Criativa, vale salientar o impacto provocado nos participantes, pois os conteúdos e os exercícios exigiram produções semanais. Foi uma espécie de imersão na criatividade. Primeiro veio o susto: como daremos conta disso, nunca fizemos nada parecido. Depois veio a satisfação. Tamanha foi a realização pessoal e profissional que o último encontro se tronou uma mostra das realizações e aprendizados.

 

Finalizada essa primeira etapa, quais serão os próximos passos?

Joadir Foresti – A proposta deste projeto se desenrola ao longo de três anos (2021, 2022 e 2023). Com isso, podemos dizer que estamos no início da segunda parte da primeira etapa. Ou seja, agora estamos começando a colocar em prática o que estudamos no primeiro semestre de 2021. Para os próximos dois anos, a sistemática será semelhante: o primeiro semestre para estudos e o segundo para práticas. No momento, a maioria dos educadores e oficineiros está desenvolvendo oficinas com as crianças e os adolescentes. Os oficineiros têm 20 horas semanais para preparar, executar, avaliar e registrar as oficinas realizadas. Cada local está se organizando para dar conta da sistemática combinada sob a coordenação do curso. Num trabalho conjunto com a professora Ana Paula Costa e Silva, produzimos um conjunto de 16 Kits Didáticos, com o objetivo de auxiliar a equipe na formação de crianças e jovens. A elaboração dos conteúdos contou com as professoras Dagmar Heil Pocrifka e Manuelle Simeão. Os Kits contêm um roteiro alinhado com a Aprendizagem Criativa e a Educomunicação, complementado com diversos subsídios de práticas e estudos. Toda a equipe está sendo desafiada a criar novas oficinas e compartilhar com os pares. Desta forma, também concretizam um dos 4Ps, propostos para a Aprendizagem criativa, trabalhar em pares, ou seja, de forma colaborativa. O ritmo e as dinâmicas propostos nas oficinas procuram aproximar as crianças do mundo da leitura e da escrita, motivadas pelas experimentações vindas do dia a dia, em contato com educadores e oficineiros entusiasmados com os processos educomunicacionais.

 

Na opinião da senhora, como esse projeto de Educomunicação se relaciona com a proposta educativa salesiana nas obras sociais?

Ir. Sílvia Aparecida da Silva – A identidade carismática salesiana tem seu referencial na proposta da educação como forma de transformação da realidade das crianças, dos adolescentes e dos jovens por ela atingidos. Sendo assim, o projeto de Educomunicação traz consigo essa força de transformação. Nas nossas unidades sociais buscamos colocar na prática os princípios da proposta educativa salesiana de ter no centro das ações a pessoa, visando a valorização de cada um como protagonista de sua história e do seu compromisso com o território onde está inserido. Dentro deste contexto, a Educomunicação vem para ampliar esse espaço de aprendizagem, que vai além do espaço escolar, como esse ambiente propício para o protagonismo, a participação e a cidadania. Uma outra questão abordada pelo projeto é a aproximação dos conceitos da Educomunicação com os compromissos fundamentais assumidos pela RSB-Social, com destaque ao desenvolvimento de competência das novas gerações para a vida.

 

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Quarta, 03 Novembro 2021 18:44 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
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A Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social) iniciou neste ano um projeto formativo na área de Educomunicação, especialmente elaborado para atender as necessidades das obras sociais. Em entrevista ao Boletim Salesiano, a Irmã Sílvia Aparecida da Silva, FMA, diretora-executiva da RSB, e o professor Joadir Foresti, coordenador pedagógico do Educomunicação em Ação Social, falam sobre o que motivou esse projeto, como ele está sendo desenvolvido e quais serão os próximos passos da iniciativa. Confira a entrevista completa!    

O que motivou a RSB-Social a realizar um projeto voltado para a Educomunicação? Por que essa área é importante em uma obra social?

Ir. Sílvia Aparecida da Silva – A primeira motivação foi exatamente a situação acarretada pela pandemia da Covid-19. Pesquisas realizadas com nossas unidades sociais, logo no primeiro semestre da pandemia, já apontavam perdas significativas para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes, jovens e famílias acompanhadas pelas nossas ações. O isolamento social, se por um lado trouxe ganhos em relação à preservação da vida, por outro trouxe uma gama complexa de impactos, os quais nós já conhecemos. O projeto foi construído para ser resposta frente a alguns deles, ou seja, a necessidade de construirmos espaços de uma leitura de mundo mais crítica e consciente, e, dessa forma, contribuir não somente com a defasagem na aprendizagem em termos de leitura e escrita, mas também como mecanismo de emancipação e protagonismo. Neste sentido, os conceitos que fundamentam a Educomunicação nos trazem ganhos específicos e solidificam as ações. Acreditamos que gerar empatia para o desenvolvimento de saberes é marca caraterística da Educomunicação!

 

Como foi estruturado o curso realizado no primeiro semestre? Que aspectos da Educomunicação foram trabalhados com os educadores?

Joadir Foresti – O projeto iniciado nos primeiros meses de 2021 admitiu 12 obras sociais e, destas, incorporou 29 participantes diretos para a formação. No todo, o projeto deve ser desenvolvido em três anos, iniciando agora, em 2021. Cada ano foi subdividido em duas partes, que correspondem ao primeiro e ao segundo semestres do ano. Toda a estruturação da execução, assessoria e acompanhamento dos encontros formativos em EaD esteve amparada pelo Centro Salesiano de Formação (CSF), sob a coordenação da Ana Paula Costa e Silva. A primeira parte do ano foi realizada por meio de cursos em EaD, e contou com os temas: Identidade Carismática Salesiana, conduzido pelo professor Jose Jair Ribeiro (Zeca); e Educomunicação, com a Ir. Márcia Koffermann. Em seguida, durante nove semanas, foi aprofundado o tema da Aprendizagem Criativa, com a tutoria do professor Israel Alves Jorge de Souza e com o conteúdo criado pela professora Dagmar Heil Pocrifka. A segunda parte está em andamento e corresponde à execução de atividades concretas com as crianças e os adolescentes das obras, por meio de oficinas especialmente criadas para este momento, a partir de um kit didático de 16 oficinas, também desenvolvidas pelo projeto.

Os estudos ocorridos mantiveram o objetivo de compreender o conceito e a prática da Educomunicação enquanto paradigma que aproxima educação e comunicação no atual contexto de digitalização, tendo em vista a formação de cidadãos críticos e criativos em consonância com a pedagogia salesiana. O enfoque trazido pela Irmã Márcia foi o de despertar para a percepção de que os educadores e oficineiros estão inseridos em um ecossistema comunicativo em que tudo comunica e educa, independente de se estar em uma escola ou em uma obra social. Estar atentos aos mecanismos de comunicação é, neste caso, o primeiro passo para se aprofundar na Educomunicação, uma vez que ela está ligada à ideia de construção do indivíduo coletivo.

 

E como foi a participação dos educadores na formação? Há algum aspecto ou prática realizada que gostariam de destacar?

Joadir Foresti – O grupo de participantes do curso é formado por educadores e oficineiros. Os educadores são profissionais que já atuam nas obras e foram chamados para realizarem o curso e a parte prática junto com os oficineiros. Estes, por sua vez, foram especialmente contratados para estudar e fazer o projeto acontecer dentro das pbras. Por isso, o grupo está equilibrado entre educadores e oficineiros para estabelecer uma sinergia dentro das obras e, aos poucos, fazer com que a Educomunicação, por meio de suas inúmeras expressões, se faça presente nas obras sociais salesianas. Assim, os integrantes do projeto, representando todas as regiões do país, tiveram como primeira missão romper a barreira do desconhecido, tanto dos temas como das experiências pessoais. O ambiente virtual de aprendizagem permitiu a partilha das experimentações e produções individuais. Os temas Identidade Salesiana e Educomunicação focaram a produção textual, sistematizando os conhecimentos desenvolvidos; já o tema da Aprendizagem Criativa exigiu muitas práticas utilizando os recursos digitais.

Neste universo digital e de desafios da Aprendizagem Criativa, vale salientar o impacto provocado nos participantes, pois os conteúdos e os exercícios exigiram produções semanais. Foi uma espécie de imersão na criatividade. Primeiro veio o susto: como daremos conta disso, nunca fizemos nada parecido. Depois veio a satisfação. Tamanha foi a realização pessoal e profissional que o último encontro se tronou uma mostra das realizações e aprendizados.

 

Finalizada essa primeira etapa, quais serão os próximos passos?

Joadir Foresti – A proposta deste projeto se desenrola ao longo de três anos (2021, 2022 e 2023). Com isso, podemos dizer que estamos no início da segunda parte da primeira etapa. Ou seja, agora estamos começando a colocar em prática o que estudamos no primeiro semestre de 2021. Para os próximos dois anos, a sistemática será semelhante: o primeiro semestre para estudos e o segundo para práticas. No momento, a maioria dos educadores e oficineiros está desenvolvendo oficinas com as crianças e os adolescentes. Os oficineiros têm 20 horas semanais para preparar, executar, avaliar e registrar as oficinas realizadas. Cada local está se organizando para dar conta da sistemática combinada sob a coordenação do curso. Num trabalho conjunto com a professora Ana Paula Costa e Silva, produzimos um conjunto de 16 Kits Didáticos, com o objetivo de auxiliar a equipe na formação de crianças e jovens. A elaboração dos conteúdos contou com as professoras Dagmar Heil Pocrifka e Manuelle Simeão. Os Kits contêm um roteiro alinhado com a Aprendizagem Criativa e a Educomunicação, complementado com diversos subsídios de práticas e estudos. Toda a equipe está sendo desafiada a criar novas oficinas e compartilhar com os pares. Desta forma, também concretizam um dos 4Ps, propostos para a Aprendizagem criativa, trabalhar em pares, ou seja, de forma colaborativa. O ritmo e as dinâmicas propostos nas oficinas procuram aproximar as crianças do mundo da leitura e da escrita, motivadas pelas experimentações vindas do dia a dia, em contato com educadores e oficineiros entusiasmados com os processos educomunicacionais.

 

Na opinião da senhora, como esse projeto de Educomunicação se relaciona com a proposta educativa salesiana nas obras sociais?

Ir. Sílvia Aparecida da Silva – A identidade carismática salesiana tem seu referencial na proposta da educação como forma de transformação da realidade das crianças, dos adolescentes e dos jovens por ela atingidos. Sendo assim, o projeto de Educomunicação traz consigo essa força de transformação. Nas nossas unidades sociais buscamos colocar na prática os princípios da proposta educativa salesiana de ter no centro das ações a pessoa, visando a valorização de cada um como protagonista de sua história e do seu compromisso com o território onde está inserido. Dentro deste contexto, a Educomunicação vem para ampliar esse espaço de aprendizagem, que vai além do espaço escolar, como esse ambiente propício para o protagonismo, a participação e a cidadania. Uma outra questão abordada pelo projeto é a aproximação dos conceitos da Educomunicação com os compromissos fundamentais assumidos pela RSB-Social, com destaque ao desenvolvimento de competência das novas gerações para a vida.

 

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