A luta contra a pobreza em Bangladesh tornou-se ainda mais dura devido aos desastres naturais e à pandemia da Covid-19. Regiões inteiras, em diversos pontos do país, foram afetadas por chuvas fortes e inundações, que obrigaram centenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas completamente alagadas. O padre Francis Alencherry, salesiano indiano da Inspetoria de Calcutá, responsável pelos Salesianos de Bangladesh, conta o que está acontecendo no país.
Trezentas mil pessoas foram afetadas no Distrito de Kurigram, ao Norte, quase na fronteira com a Índia; além de 50 mil famílias que residiam próximas a Sirajganj, ao longo das margens do Brahmaputra. Diante dessa situação, tanto o Governo quanto as organizações internacionais que operam na região, a Igreja das zonas atingidas e a Caritas, cuidam de ajudar a toda essa população que repentinamente se viu em grandes dificuldades.
Teme-se pela chegada de novas chuvas, enquanto o balanço das enchentes se agrava na parte Sudeste do país, onde deslizamentos de terra e enchentes em Cox's Bazar, o maior assentamento de refugiados do mundo, estão causando o deslocamento de cerca de 13 mil refugiados Rohingya. Foram identificadas seis vítimas – três das quais crianças – 15 mortos entre os cidadãos bengalis e mais de 200 mil pessoas bloqueadas pelas enchentes.
Este balanço dramático foi fornecido pela Agência de Refugiados da ONU (ACNUR), que também aponta outros 21 mil refugiados Rohingya afetados pelas fortes chuvas e quase quatro mil abrigos danificados ou destruídos, incluindo clínicas e instalações sanitárias.
A emergência do mau tempo em Bangladesh agrava a emergência sanitária que já existia devido à pandemia da Covid-19. Um novo lockdown de um mês foi imposto em todo o país, motivado por mais uma onda de contaminações.
“O fechamento das fábricas deixou muitos trabalhadores sem emprego. Apesar das restrições impostas, milhares e milhares de pessoas pobres saem de casa todos os dias para buscar algum trabalho e poder sobreviver”, diz ainda o padre Alencherry.
O salesiano observa que até duas semanas atrás o vírus se concentrava nas aldeias, mas que agora atinge também a capital. Ele também relembra os quase 230 mortos e os milhares de pessoas que se contaminam todos os dias.
As consequências do vírus na economia continuam a ser o aspecto mais preocupante: “o número de pobres aumentou muito e todos os ganhos obtidos com o trabalho dos últimos cinquenta anos se perderam num ano e meio”.
“Nossa esperança é que possamos voltar ao normal, que as pessoas possam recuperar seus empregos e que juntos possamos reconstruir nossas vidas e continuar em frente”, conclui, com tanta esperança, o padre Alencherry.
