"Se no primeiro ano da pandemia tivemos menos mortes e mais desempregos, neste segundo ano temos mais mortes e mais desempregados, porque é difícil para nós fazer bem o nosso trabalho, e não há punição exemplar para aquelas pessoas que se aproveitaram do dinheiro do povo neste momento crucial da pandemia". Com essas palavras o bispo do Vicariato Apostólico do Chaco Paraguaio, o salesiano dom Gabriel Narciso Escobar Ayala, denunciou os males que afligem o rebanho a ele confiado.
"Continuamos a ter quase zero iniciativas no esforço de obter uma boa quantidade de vacinas contra a Covid-19, que possam servir para imunizar a maior parte da população", disse o bispo durante a sua homilia. "Somos novamente como o último vagão do trem. Até quando continuaremos a não fazer bem o nosso trabalho?", continuou o prelado.
A reflexão do bispo responde a grande preocupação da população sobre a vacina contra a Covid-19. O Paraguai tinha passado pela primeira fase da pandemia com muito poucas mortes, enquanto que agora o país está sofrendo porque a máquina governamental, que deve ocupar-se da vacinação, está trabalhando lentamente e com muitas dificuldades.
Para o bispo salesiano, a responsabilidade por esta situação se deve ao predomínio e a incapacidade de resolver os problemas reais do povo por parte dos partidos políticos tradicionais. "Os líderes destas instituições partidárias deveriam encontrar uma forma de resolver e colocar fim as grandes desigualdades no campo da justiça, no campo dos agricultores e dos trabalhadores, pela extinção ou falência de fontes de trabalho que vão em detrimento dos operários, dos trabalhadores".
Ao mesmo tempo, o prelado salesiano indicou aos fiéis em Maria Auxiliadora um modelo, um exemplo a ser seguido em termos de humildade, simplicidade, generosidade, de serviço aos mais necessitados, na busca da verdade, com fé e confiança em Deus.
Dois dias depois do seu apelo e a sua forte denúncia em favor do povo do Chaco Paraguaio, dom Escobar Ayala teve o prazer de realizar à bênção da colocação da primeira pedra de um novo hospital no Alto Paraguai, na região do Chaco, em 26 de maio. "Finalmente, após anos de espera, as pessoas podem ver de perto um sinal de investimento no setor da saúde, especialmente em áreas distantes da capital", comentou na ocasião.
No Paraguai, a Covid-19 causou até agora mais de 352 mil contágios e mais de nove mil mortes, numa população de sete milhões de habitantes. O arcebispo de Assunção, dom Edmundo Ponciano Valenzuela Mellíd, também salesiano, havia denunciado, já em abril, a lentidão e ineficiência na gestão do plano nacional de vacinas.