Uma viagem para levar esperança a todo um povo; uma viagem às raízes das religiões abraâmicas; um caminho para reafirmar o valor da fraternidade entre todos os povos: muitas são as leituras que se poderiam fazer da viagem do Papa Francisco ao Iraque. Uma viagem de pouco mais de três dias, mas que certamente ficarão gravados na história do país, no pontificado do Papa Francisco e em sua vida pessoal. Como ele mesmo disse enquanto cumprimentava a multidão no estádio Franso Hariri, em Erbil: "O Iraque sempre ficará comigo, em meu coração".
Como Pastor da Igreja universal, no primeiro compromisso público, na presença dos bispos iraquianos, do clero e das comunidades religiosas, na sexta-feira, 5 de março, em Bagdá, o Santo Padre agradeceu aos bispos e padres por terem permanecido com seu povo apesar das últimas décadas de sofrimento e provações, encorajando-os a perseverar neste compromisso, “para assegurar que a comunidade católica no Iraque, ainda que pequena como um grão de mostarda (cf. Mt 13, 31-32), continue a enriquecer o caminho do país como um todo". Essas palavras ganham ainda mais valor se lembrarmos onde foram pronunciadas: na Catedral Sírio-Católica de Nossa Senhora da Salvação, a mesma onde, em 2010, 48 fiéis morreram num atentado.
No dia 6, da Planície de Ur, terra de Abraão - reconhecido como "pai" pelas três religiões monoteístas - o Pontífice enviou uma mensagem de unidade e espiritualidade, mas também de concretude. Sintetizou sua mensagem no lema: “Olhemos para o céu e caminhemos na terra”, afirmando que no mundo de hoje, “que muitas vezes se esquece do Altíssimo ou se oferece uma imagem distorcida d’Ele, os fiéis são chamados a testemunhar a sua bondade, a mostrar a sua paternidade através da sua fraternidade” e recordando que “Deus é misericordioso e a ofensa mais blasfema é profanar seu Nome odiando o próprio irmão”.
No domingo, 7 de março, o Papa visitou a região autônoma do Curdistão Iraquiano, passando por Mosul, Quaraqosh e Erbil: três lugares-chave que foram atingidos de maneiras diferentes pela onda de delírio fundamentalista.
Em Mosul, o Pontífice leu a oração de sufrágio pelas vítimas da guerra e também implorou a Deus que "aqueles que feriram seus irmãos e irmãs se arrependam, tocados pelo poder de Sua misericórdia".
Em Qaraqosh, acolhido por uma multidão animada, o Papa exortou os cristãos com palavras de fé: “agora é a hora de reconstruir e recomeçar, contando inteiramente com a graça de Deus, que guia o destino de cada homem e de todos os povos. Vocês não estão sozinhos. A Igreja inteira está perto de vocês, com oração e caridade concreta”.
Por fim, no estádio de Erbil, o Papa presidiu a liturgia eucarística diante de 10 mil fiéis. Recordando as muitas feridas que marcaram todo o país, em geral, e a comunidade cristã, em particular, ele voltou a indicar o caminho a ser seguido: “Jesus nos mostra o caminho de Deus, aquele que ele percorreu e ao qual nos chama a seguir... Ele nos envia, não a fazer proselitismo, mas como seus discípulos missionários, homens e mulheres chamados a testemunhar que o Evangelho tem o poder de transformar vidas”.
Mensagem
A superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora, madre Yvonne Reungoat, escreveu uma mensagem motivada pela viagem do Papa Francisco ao Iraque. No comunicado ela afirma: "Penitente e peregrino de fé e paz no Iraque, invoco a Deus por este povo, com a intercessão da Virgem Maria, a força para reconstruir juntos o país na fraternidade”. Clique aqui para ler a mensagem completa.