Já está nas livrarias o IX Volume do Epistolário de Dom Bosco, realizado pelo padre Franceso Motto, SDB, ex-diretor do Instituto Histórico Salesiano e atual presidente da Associação de Cultores de História Salesiana (ACSSA, sigla em italiano).
O volume, da editora LAS, traz 605 páginas, com 469 cartas, escritas e por vezes só assinadas por Dom Bosco, no triênio 1884-1886 (cartas 3956-4424). Um conjunto de textos que, de algum modo, reescrevem a história de Dom Bosco no final de sua vida.
Quarenta por cento das cartas são inéditas e, por isso, trazem a tona muitos fatos ainda desconhecidos à história salesiana.
Muitas cartas, aproximadamente um terço, estão em francês, idioma que Dom Bosco conhecia muito precariamente. O fato não é irrelevante: as várias viagens de Dom Bosco pela Costa Azul, a triunfal viagem a Paris em 1883, a edição de “biografias” em francês, o havia tornado conhecido na França como o São Vicente de Paulo do século XIX. É, sobretudo, um círculo de benfeitores franceses, alguns generosíssimos, que nesses anos sustenta economicamente a obra salesiana.
Além disso, no triênio considerado, encontramo-nos perante um Dom Bosco, na faixa dos 70 anos de idade, seriamente doente. Em muitas cartas, ele é obrigado a justificar o atraso na resposta, a sua brevidade, a péssima grafia, a necessidade de servir-se de um secretário… Entretanto, não deixa de escrever pessoalmente a particulares autoridades (civis e religiosas), a alguns coirmãos, a determinados benfeitores, a ilustres personagens nunca presencialmente conhecidos.
Como os volumes precedentes, também este IX volume de cartas permite distinguir entre as que são autógrafas, de Dom Bosco, das que fez a minuta (depois recopiada pelo secretário e por ele firmada), das redigidas por outros e por ele simplesmente firmadas, das circulares impressas preparadas pelos colaboradores, mas sempre assinadas por ele.
Em evidência estão o Padre Rua e dois redatores do Boletim Salesiano, o padre Bonetti e o padre Lemoyne, este último em particular tornado nesses anos secretário geral de Dom Bosco e secretário do Capítulo Superior. A ele se devem comoventes cartas a salesianos individualmente, algumas circulares, a circular de nomeação do Padre Rua a Vigário de Dom Bosco com plenos poderes (1885) e, sobretudo, as duas cartas de Roma, em 1884.
Se a infância de Dom Bosco, a sua juventude, as primeiras experiências de Valdocco são muito conhecidas, para o Dom Bosco adulto e o Dom Bosco idoso, a fonte principal e inevitável são as suas cartas: uma espécie de autobiografia cotidiana.
O último volume do epistolário, o décimo, reunirá as cartas do ano de 1887, de janeiro de 1888, e as encontradas depois da publicação de cada volume. O último trará também os índices gerais de todo o ‘corpus’ epistolar do santo, denso de quase cinco mil cartas.