Pouco mais de um mês após a conclusão do 28° Capítulo Geral (CG28) e sua reeleição como Reitor-mor, o padre Ángel Fernández Artime concedeu uma entrevista à publicação católica ‘Alfa y Omega’. Na ocasião, o sucessor de Dom Bosco abordou diversos temas, entre esses, as perspectivas para o novo sexênio da Congregação e a pandemia do coronavírus. Confira!
Alfa y Omega: após visitar tantos países, como o senhor vê a afirmação do Papa Francisco de que estamos vivendo "uma terceira guerra mundial aos poucos" ou quando fala de uma "globalização da indiferença"?
Reitor-mor: meu caráter salesiano e minha identidade carismática me levam a olhar com esperança. Mas, é claro, acho que estamos passando por anos muito difíceis. Há vinte anos, muitos de nós, inclusive eu, acreditávamos que o caminho em direção à paz e a um crescimento dos Direitos Humanos no mundo seria lento, mas visível. Nos últimos 20 anos, no entanto, assistimos a um revés inimaginável, causado pelo terrorismo internacional, pela exploração e abuso nos movimentos migratórios presentes em todo o mundo, pelas guerras... Atualmente estamos sendo afetados por esta terrível pandemia. Nunca teríamos imaginado uma coisa dessas. Esta mesma pandemia está trazendo à tona o melhor de muitas pessoas e grupos sociais, por exemplo: médicos, enfermeiros e serviços sociais, e o pior lado do egoísmo e do individualismo das nações. Em minha opinião, isso é lamentável e não será esquecido tão facilmente no pós-coronavírus.
Alfa y Omega: como católicos, como podemos lidar com a pandemia?
Reitor-mor: antes de tudo, gostaria de dizer que espero que aprendamos algo com tudo isso. Por exemplo, voltaremos a adotar um estilo de vida agitado ou seremos capazes de adotar ritmos e espaços mais humanizados? Ainda procuraremos compensar o tempo perdido no consumismo ou aprenderemos que é possível ser felizes com o essencial? Manteremos o ritmo desta corrida desenfreada que contamina o mundo ou saberemos dar uma trégua ao planeta? Depois desta pandemia, não será mais possível manter, em relação à ecologia, a indiferença que testemunhamos nas cúpulas climáticas. Além disso, diante das situações de pobreza, que certamente aumentarão depois desta crise, deveremos continuar, como católicos, a responder com generosidade. Em geral, em situações extremas, costumamos dar o melhor de nós. Eu confio muito nisto. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para convidar todos à solidariedade, fraternidade, caridade e oração. Tenhamos fé em Deus, que está ao nosso lado em nosso caminho, mesmo quando isto é difícil, como nos dias de hoje.
Quero por isso lembrar a imagem do Papa Francisco rezando na Praça de São Pedro, sozinho, mas acompanhado por tantas pessoas em torno do mundo.
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Fonte: Agência Info Salesiana e Alfa y Omega