Deus nasce em Agartala

Quinta, 12 Dezembro 2019 10:15 Escrito por  Pe. Ángel Fernández Artime
Deus nasce em Agartala Foto: ANS
“Na Índia encontrei rapazes fantásticos num centro de recuperação de incapacidades várias. As suas mãos que moldavam o ar em linguagem de sinais recordaram-me as asas dos anjos de Belém”: diz o Reitor-mor em sua mensagem de Natal aos leitores do Boletim Salesiano.  

Caríssimos amigos do Boletim Salesiano e do Carisma de Dom Bosco, dou-lhes as Boas Festas de Natal a partir do nordeste da belíssima Índia. Há pouco que aqui cheguei, proveniente do “teto do mundo”, o Nepal, e da província de Shillong, que nos recorda feitos magníficos na história das Missões Salesianas.

 

Ali me encontrei com os irmãos e leigos salesianos, os membros da Família Salesiana, as nossas irmãs Filhas de Maria Auxiliadora. As Irmãs Missionárias de Argatala dão a vida num centro de crianças, adolescentes e jovens “diversamente capacitados”.

 

Cativaram por completo a minha atenção e emocionaram-me profundamente, quando durante a Eucaristia daquele dia, meia centena daqueles rapazes e moças, surdos e mudos, executaram todos os cânticos em linguagem de sinais, “imitando” a Irmã que, à frente deles, sempre em linguagem de sinais, lhes “dizia” o texto do cântico. Comovi-me ao ver como cantavam com os seus gestos, ao ver a sua atenção e concentração, as suas expressões de felicidade, os seus olhos a brilhar como as luzes da capela.

 

E rezei com fé. Rezei com eles e por eles.

E na manhã seguinte fui encontrar-me com eles na sua casa. O nome oficial é “Centro de Reabilitação Ferrando" de Agartala, capital do Tripura (Índia). É uma escola na vanguarda da técnica e do amor das Irmãs. No início cuidavam de crianças e de rapazes com incapacidades auditivas, atualmente trabalham para incluir as várias incapacidades na educação, por isso nos últimos anos foram também recebidos estudantes com autismo, com dificuldades de visão e com paralisia cerebral.

 

As Irmãs cuidam de 150 rapazes e moças da região do Tripura, sendo que 62 deles vivem na casa. São todos de famílias muito pobres. As classes médias provavelmente têm outras opções, mas, tenho repetido muitas vezes, os pobres só têm a nós.

 

Pequenos milagres

Durante a visita, os rapazes e as moças brindaram-nos com o tradicional baile Hojagiri. Foi impressionante vê-los dançar a todos em perfeito equilíbrio e bailar ao ritmo de uma música que não ouvem como nós, mas intuem muito bem com uma sensibilidade toda deles. Uma jovem acrobata surpreendeu toda a gente com o elevado nível da sua exibição. Mas o mais belo foi a sua sensibilidade, a sua alegria, o seu sorriso, as suas expressões de gratidão em linguagem de sinais e a sua oração por nós.

 

E pensei nos pequenos milagres vivos que tinha diante de mim. São instruídos. São felizes. Preparam-se para a vida. Muitos rapazes, que os precederam anos antes, terminaram com êxito os estudos na universidade. E em todos os momentos senti naquela casa a presença do Senhor e a maternidade de Maria que, na pessoa das Irmãs, se tornam doação e serviço.

 

Não posso esquecer a alegria daquelas crianças e adolescentes gratos ao Senhor por aquilo que recebem na vida. E contemplei, observei e agradeci do fundo do meu coração. Porque, uma vez mais, pude constatar, como antes no Nepal, ou em Siliguri, que Deus continua a escrever belas histórias de vida em que se torna presente e continua a nascer em tantos corações.

 

Felizes “no tempo e na eternidade”

Aprendi algumas “palavras” em linguagem de sinais naquelas horas. O suficiente para saudá-los, para lhes dizer que fiquei encantado com eles, para lhes agradecer. E sentia-me verdadeiramente feliz com eles.

 

Senti o dever de agradecer ao Senhor pelo dom de Dom Bosco e desta Família Salesiana, porque nela todos nós formamos uma força sólida, ainda que humilde, mas toda votada ao bem e a fazer felizes os jovens “no tempo e na eternidade”.

 

Em linguagem de sinais, prometi àquelas crianças que rezaria por elas e que pediria a muitos outros que rezassem. E agradeciam-me, os seus olhos diziam tudo e o seu sorriso chegava em profundidade.

 

Com esta minha recordação quero tornar visíveis também para vocês, queridos amigos, aqueles pequenos, mas grandes “milagres” educativos daquela história “da salvação” que nós salesianos estamos escrevendo.

 

Ele está presente no meio de nós

Por isso, na iminência do Natal, asseguro a vocês uma vez mais que o Senhor está presente no meio de nós (tenhamos disso consciência ou não), e torna-se Vida sobretudo entre os mais humildes e simples, como os filhos de Agartala.

 

Nunca esquecerei as suas mãos que moldavam o ar na sua linguagem silenciosa e pareciam revoadas de andorinhas, ou melhor, de anjos, como os de Belém. As imagens natalícias dos anjos têm a mensagem da leveza, da alegria, da vontade de viver. Os anjos abrem-nos o céu. Eliminam o peso da terra. Dão-nos aquela alegria infantil que era a caraterística do Oratório de Dom Bosco.

 

É Natal, meus amigos. Deixemos que os anjos do Natal nos recordem que a nossa vida em Deus se torna santa e cheia de luz.

 

Juntamente com as crianças diversamente capacitadas de Agartala, auguremo-nos um Santo Natal, um feliz nascimento do Deus-Menino, Amor para todos nós.

Com afeto, Boas Festas de Natal!

 

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Deus nasce em Agartala

Quinta, 12 Dezembro 2019 10:15 Escrito por  Pe. Ángel Fernández Artime
Deus nasce em Agartala Foto: ANS
“Na Índia encontrei rapazes fantásticos num centro de recuperação de incapacidades várias. As suas mãos que moldavam o ar em linguagem de sinais recordaram-me as asas dos anjos de Belém”: diz o Reitor-mor em sua mensagem de Natal aos leitores do Boletim Salesiano.  

Caríssimos amigos do Boletim Salesiano e do Carisma de Dom Bosco, dou-lhes as Boas Festas de Natal a partir do nordeste da belíssima Índia. Há pouco que aqui cheguei, proveniente do “teto do mundo”, o Nepal, e da província de Shillong, que nos recorda feitos magníficos na história das Missões Salesianas.

 

Ali me encontrei com os irmãos e leigos salesianos, os membros da Família Salesiana, as nossas irmãs Filhas de Maria Auxiliadora. As Irmãs Missionárias de Argatala dão a vida num centro de crianças, adolescentes e jovens “diversamente capacitados”.

 

Cativaram por completo a minha atenção e emocionaram-me profundamente, quando durante a Eucaristia daquele dia, meia centena daqueles rapazes e moças, surdos e mudos, executaram todos os cânticos em linguagem de sinais, “imitando” a Irmã que, à frente deles, sempre em linguagem de sinais, lhes “dizia” o texto do cântico. Comovi-me ao ver como cantavam com os seus gestos, ao ver a sua atenção e concentração, as suas expressões de felicidade, os seus olhos a brilhar como as luzes da capela.

 

E rezei com fé. Rezei com eles e por eles.

E na manhã seguinte fui encontrar-me com eles na sua casa. O nome oficial é “Centro de Reabilitação Ferrando" de Agartala, capital do Tripura (Índia). É uma escola na vanguarda da técnica e do amor das Irmãs. No início cuidavam de crianças e de rapazes com incapacidades auditivas, atualmente trabalham para incluir as várias incapacidades na educação, por isso nos últimos anos foram também recebidos estudantes com autismo, com dificuldades de visão e com paralisia cerebral.

 

As Irmãs cuidam de 150 rapazes e moças da região do Tripura, sendo que 62 deles vivem na casa. São todos de famílias muito pobres. As classes médias provavelmente têm outras opções, mas, tenho repetido muitas vezes, os pobres só têm a nós.

 

Pequenos milagres

Durante a visita, os rapazes e as moças brindaram-nos com o tradicional baile Hojagiri. Foi impressionante vê-los dançar a todos em perfeito equilíbrio e bailar ao ritmo de uma música que não ouvem como nós, mas intuem muito bem com uma sensibilidade toda deles. Uma jovem acrobata surpreendeu toda a gente com o elevado nível da sua exibição. Mas o mais belo foi a sua sensibilidade, a sua alegria, o seu sorriso, as suas expressões de gratidão em linguagem de sinais e a sua oração por nós.

 

E pensei nos pequenos milagres vivos que tinha diante de mim. São instruídos. São felizes. Preparam-se para a vida. Muitos rapazes, que os precederam anos antes, terminaram com êxito os estudos na universidade. E em todos os momentos senti naquela casa a presença do Senhor e a maternidade de Maria que, na pessoa das Irmãs, se tornam doação e serviço.

 

Não posso esquecer a alegria daquelas crianças e adolescentes gratos ao Senhor por aquilo que recebem na vida. E contemplei, observei e agradeci do fundo do meu coração. Porque, uma vez mais, pude constatar, como antes no Nepal, ou em Siliguri, que Deus continua a escrever belas histórias de vida em que se torna presente e continua a nascer em tantos corações.

 

Felizes “no tempo e na eternidade”

Aprendi algumas “palavras” em linguagem de sinais naquelas horas. O suficiente para saudá-los, para lhes dizer que fiquei encantado com eles, para lhes agradecer. E sentia-me verdadeiramente feliz com eles.

 

Senti o dever de agradecer ao Senhor pelo dom de Dom Bosco e desta Família Salesiana, porque nela todos nós formamos uma força sólida, ainda que humilde, mas toda votada ao bem e a fazer felizes os jovens “no tempo e na eternidade”.

 

Em linguagem de sinais, prometi àquelas crianças que rezaria por elas e que pediria a muitos outros que rezassem. E agradeciam-me, os seus olhos diziam tudo e o seu sorriso chegava em profundidade.

 

Com esta minha recordação quero tornar visíveis também para vocês, queridos amigos, aqueles pequenos, mas grandes “milagres” educativos daquela história “da salvação” que nós salesianos estamos escrevendo.

 

Ele está presente no meio de nós

Por isso, na iminência do Natal, asseguro a vocês uma vez mais que o Senhor está presente no meio de nós (tenhamos disso consciência ou não), e torna-se Vida sobretudo entre os mais humildes e simples, como os filhos de Agartala.

 

Nunca esquecerei as suas mãos que moldavam o ar na sua linguagem silenciosa e pareciam revoadas de andorinhas, ou melhor, de anjos, como os de Belém. As imagens natalícias dos anjos têm a mensagem da leveza, da alegria, da vontade de viver. Os anjos abrem-nos o céu. Eliminam o peso da terra. Dão-nos aquela alegria infantil que era a caraterística do Oratório de Dom Bosco.

 

É Natal, meus amigos. Deixemos que os anjos do Natal nos recordem que a nossa vida em Deus se torna santa e cheia de luz.

 

Juntamente com as crianças diversamente capacitadas de Agartala, auguremo-nos um Santo Natal, um feliz nascimento do Deus-Menino, Amor para todos nós.

Com afeto, Boas Festas de Natal!

 

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