Durante o Sínodo da região pan-amazônica, realizado no Vaticano de 6 a 27 de outubro, cardeais, bispos, padres, religiosos e especialistas enriquecem o trabalho da assembléia com sua bagagem pastoral, cultural e profissional. Dom Antonio de Assis Ribeiro, SDB, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém, participante do Sínodo, falou sobre a experiência da Pastoral Juvenil na Amazônia e seu contexto desafiador. Ele também falou sobre o desejo dos jovens de encontrar "paternidade espiritual" nos padres e o fato de que "os jovens esperam uma opção preferencial decisiva da Igreja".
Querido Santo Padre, queridos irmãos e irmãs,
A população da Amazônia é jovem, é a região da esperança. No entanto, somos chamados a contemplar a realidade de seus filhos e jovens. A situação é muito delicada e isso deve ressoar no coração da Igreja missionária.
É uma triste realidade a das centenas de milhares de jovens que vivem na Amazônia. Uma realidade marcada pela pobreza, violência, doenças, prostituição infantil e juvenil, vícios, tráfico de drogas, gravidez precoce, desemprego ... Ainda temos fenômenos como sensação de vazio existencial, automutilação, suicídio, treinamento profissional inadequado, insatisfação dos jovens pelos valores tradicionais, perda de raízes culturais ... Os jovens fazem parte de nosso rebanho e merecem nosso amor e nosso cuidado criativo.
Por trás dessa realidade, existem várias causas: a fragmentação da família, a ineficácia das políticas públicas preventivas, a fragilidade da educação, a atenção insuficiente do Estado à educação, a pressão sedutora das ideologias (cultura secularizada, tecnicista presunçoso, míope, apenas econômico e hedonista).
É importante reconhecer que a maioria dos jovens da Amazônia é saudável, são jovens com ideais, comprometidos, críticos diante da corrupção e da violência, prestam testemunho da vida cristã, do amor à Igreja ... Mas há uma necessidade urgente de uma abordagem pastoral dinâmica e renovada que segue os horizontes de Christus Vivit.
A resposta pastoral da Igreja aos problemas dos jovens até agora tem sido muito tímida; essa timidez pastoral se manifesta visivelmente em muitos fatos e situações. Precisamos de um projeto específico para a evangelização dos jovens das dioceses da Amazônia. A evangelização dos jovens ainda está muito ligada a atividades religiosas e litúrgicas ... Falta a visão de um "processo" pastoral, que vai além do "pastoral de eventos" e atividades.
Muitos jovens se queixam de uma "falta de paternidade espiritual" nos padres, porque os percebem com pouca sabedoria pedagógica e sem empatia. Os jovens da Amazônia esperam uma opção preferencial decisiva da Igreja e um forte relançamento da Pastoral Juvenil em todas as dioceses, levando à formação de jovens líderes, promovendo a liderança juvenil, fortalecendo a catequese, propondo o voluntariado missionário...