A Igreja tem muitos exemplos de jovens santos, que deram sua vida por Cristo, e seus testemunhos de vida e de fé precisam ser conhecidos pela juventude de hoje. É o que firma o Papa Francisco no segundo capítulo da exortação apostólica Christus Vivit (Cristo Vive), escrita pelo Pontífice como resultado do Sínodo dos Bispos realizado em outubro passado e que teve como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
De acordo com Francisco, eles “constituem magníficos reflexos de Cristo jovem, que resplandecem para nos estimular e tirar fora da sonolência. O Sínodo salientou que ‘muitos jovens santos fizeram resplandecer os delineamentos da idade juvenil em toda a sua beleza e foram, no seu tempo, verdadeiros profetas de mudança; o seu exemplo mostra do que os jovens são capazes, quando se abrem ao encontro com Cristo’”.
Nesse sentido, o Pontífice apresenta doze santos e beatos que não conheceram a vida adulta, mas que, em diferentes momentos da história e cada um à sua maneira, viveram a santidade. Entre eles estão dois jovens alunos salesianos: São Domingos Sávio e o Beato Zeferino Namuncurá.
Domingos Sávio
Ex-aluno de Dom Bosco no Oratório de Valdocco, em Turim, na Itália, Domingos Sávio foi o primeiro adolescente não mártir a ser declarado santo, e é exemplo de como a santidade pode ser vivida no cotidiano.
Ele nasceu dia 2 de abril de 1842, em Turim, Itália. Desde pequeno impressionou pela sua maturidade humana e cristã. Admitido com apenas 7 anos à primeira comunhão, traçou em um caderninho o seu projeto de vida: “Vou me confessar muito frequentemente e farei a comunhão sempre que o confessor me permitir”.
Encontrou-se com Dom Bosco quando tinha 12 anos, e pediu-lhe para ser admitido no Oratório de Turim, porque desejava ardentemente estudar para ser padre. Acolhido no Oratório, pediu-lhe que o ajudasse a “ser santo”. É o próprio Dom Bosco quem narra este episódio:
“Louvei o seu propósito, mas exortei-o a que não se inquietasse, porque no meio da agitação interior não se conhece a voz do Senhor; que, pelo contrário, eu queria em primeiro lugar uma constante e moderada alegria: e aconselhando-o a ser perseverante no cumprimento dos seus deveres de piedade e de estudo, recomendei-lhe que não deixasse de participar sempre no recreio com os seus companheiros”.
Domingos Sávio compreendeu bem e, aos novos alunos do Oratório, dizia: “Saiba que aqui, nós fazemos consistir a santidade em estar muito alegres”. Procuramos “somente evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração e impede de realizar os nossos deveres com exatidão”.
Morreu em Mondonio, no dia 9 de março de 1857. Seus restos mortais são venerados na Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim, e sua festa é celebrada no dia 6 de maio. Dom Bosco escreveu a sua biografia, na intenção de que fosse exemplo para outros jovens, e de fato Domingos Sávio tornou-se um modelo para os alunos nas casas salesianas, tanto na sua época como depois.
Zeferino Namuncurá
A leitura da biografia de Domingos Sávio escrita por Dom Bosco foi determinante para que o jovem indígena Zeferino Namuncurá definisse seu projeto de vida. Filho do último cacique Mapuche, Zeferino nasceu em Chimpay, na Argentina, em 26 de agosto de 1886. Estudou no Colégio Salesiano Pio IX, em Buenos Aires, e lá conheceu a história de Domingos Sávio, de quem seguiu o exemplo: em sua primeira comunhão, selou um pacto de fidelidade a Jesus e decidiu se tornar sacerdote salesiano e estudar para ser útil a seu povo.
“Agrada-me pensar no desejo que Zeferino tinha de ser sacerdote para servir ao seu povo. Deve ser assim: o sacerdote sempre identificado com o seu povo de tal maneira que o seu tempo, a sua vida, a sua pessoa, sejam para seus irmãos”, escreveu o Papa Francisco por ocasião dos 10 anos da beatificação de Zeferino Namuncurá, celebrados em 2017.
Zeferino viveu o exemplo de São Domingos Sávio também no cotidiano do colégio, conforme testemunharam seus colegas e professores: cumpria com alegria seus deveres de estudo e de oração, praticava a caridade e procurava manter a amizade e a paz entre os alunos.
Em 1903, viajou para a Itália para continuar seus estudos como aspirante salesiano. Porém, acometido pela tuberculose, faleceu em 11 de maio de 1905, com apenas 19 anos. Desde 1924, seus restos mortais estão no santuário de Fortín Mercedes, na Argentina, um ponto de peregrinação que reúne multidões. Sua memória é celebrada em 26 de agosto.
Além de São Domingos Sávio e do Beato Zeferino Namuncurá, o Papa recorda como exemplos de santidade juvenil: São Sebastião, São Francisco de Assis, Santa Joana d’Arc, o Beato mártir Andrew Phû Yên, Santa Catarina Tekakwitha, Santa Teresa do Menino Jesus, Beato Isidoro Bakanja, Beato Pier Jorge Frassati, Beato Marcelo Callo, a jovem Beata Clara Badano.
“Que eles, juntamente com muitos jovens que, frequentemente no silêncio e anonimato, viveram a fundo o Evangelho, intercedam pela Igreja para que esteja cheia de jovens alegres, corajosos e devotados que ofereçam ao mundo novos testemunhos de santidade”, finaliza o Papa Francisco.
Com informações: Agência iNfo Salesiana – ANS, Vatican News, Site sdb.org