Oração, jejum e caridade

Segunda, 12 Março 2018 11:32 Escrito por 
Oração, jejum e caridade iStock.com
A Quaresma, tempo de renovação e conversão, prepara a grande festa cristã da Páscoa. Esse é o período em que se realiza a Campanha da Fraternidade, que este ano reflete sobre a superação da violência.  

Na Páscoa, a mais importante festa para os cristãos, é celebrada a intensidade da vida e sua vitória sobre a morte. O Cristo Ressuscitado nos mostra claramente que é possível vencer qualquer obstáculo, qualquer dificuldade. Na Páscoa, temos a certeza de que a fé é maior que a desesperança, que a alegria é mais forte que a tristeza, que a bondade e a solidariedade podem superar o mal.

Diante da importância dessa celebração da vida, a Igreja propõe um tempo de preparação, no qual somos chamados a percorrer um caminho que nos leve a uma verdadeira conversão e renovação da fé. Esse período é a Quaresma, que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos (o domingo anterior à Páscoa). São 40 dias que devem ser dedicados especialmente a três eixos: a oração (e a reflexão sobre a Palavra de Deus), o jejum (que implica não apenas em deixar de comer carne, mas em renunciar a algo que nos faz falta) e a caridade (a preocupação com os que mais precisam de nossa ajuda).

 

Campanha da Fraternidade

Assim, é proposital que a Campanha da Fraternidade seja realizada sempre durante a Quaresma. Anualmente, nesse período, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elege um tema e convoca os cristãos a refletirem, à luz do Evangelho, sobre ele. O tema é sempre uma questão que aflige a sociedade e que aponta para a necessidade de uma mudança – tanto na esfera social e política, como a mudança pessoal, que leva cada um a fazer a sua parte pelo bem comum. Ao final da Campanha, no Domingo de Ramos, todos são convocados a agir e a colaborar concretamente com a coleta da fraternidade.

Conforme afirma a CNBB, “a CF é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida em determinado tempo (Quaresma), para ajudar os cristãos e as pessoas de boa vontade a viver a fraternidade em compromissos concretos, no processo de transformação da sociedade, a partir de um problema específico que exige a participação de todos, na busca de alternativas de solução”. Embora seja realizada em um período específico, o tema da CF continua a ser refletido durante todo o ano nas paróquias, escolas, obras sociais, hospitais, grupos e entidades católicas em geral. Atualmente, a CF é considerada a maior campanha social e de evangelização da América Latina.

 

Superação da violência

Em 2018, a CF trata sobre “Fraternidade e a superação da violência”, tendo como lema “Vós sois todos irmãos (Mt 23,8)”. A cerimônia de abertura da Campanha foi realizada em 14 de fevereiro, com a presença do presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha; do secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner; da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia; do coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção da Violência e Redução de Homicídios, deputado Alessandro Molon; e do presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Carlos Alves Moura.

Durante o lançamento da CF 2018, dom Sérgio afirmou que a importância da Campanha da Fraternidade tem crescido a cada ano, repercutindo não somente dentro do âmbito da Igreja Católica, mas em toda a sociedade civil. Este ano, a CF quer ajudar todos a fazerem uma análise profunda diante da complexidade da realidade da violência. “Os grupos sociais vulneráveis são as maiores vítimas da violência”, disse o presidente da CNBB, destacando a violência praticada contra negros, jovens e mulheres. “A Igreja sempre tem alertado sobre a perda de direitos sociais. Não podemos admitir que os mais pobres arquem com sacrifícios maiores”, continuou o cardeal.

Dom Sérgio considerou que a corrupção é uma forma de violência, e que é preciso superar também “formas de violência como as representadas pela miséria e pela falta de vida digna”. Ele criticou os políticos que defendem em seus discursos que a violência seja combatida com mais violência. “É um equívoco achar que superaremos a violência recorrendo a mais violência. A Igreja está orientando os eleitores, ajudando-os a formar sua consciência e a identificar quais candidatos estão comprometidos com a paz”, disse. O presidente da CNBB citou ainda o crescimento da violência e da agressividade nas redes sociais e nos meios de comunicação.

 

Mensagem do Papa Francisco para a CF 2018

Por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos brasileiros. Na carta, o Papa ressalta que o perdão das ofensas “é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir”. Às vezes, é difícil perdoar; no entanto, o perdão é o instrumento para alcançar a paz. “Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência”, considera.

“Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz”, exorta o Papa Francisco, para quem a paz é tecida no “dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza”.

Fontes: CNBB, Agência Brasil, Vatican News
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Oração, jejum e caridade

Segunda, 12 Março 2018 11:32 Escrito por 
Oração, jejum e caridade iStock.com
A Quaresma, tempo de renovação e conversão, prepara a grande festa cristã da Páscoa. Esse é o período em que se realiza a Campanha da Fraternidade, que este ano reflete sobre a superação da violência.  

Na Páscoa, a mais importante festa para os cristãos, é celebrada a intensidade da vida e sua vitória sobre a morte. O Cristo Ressuscitado nos mostra claramente que é possível vencer qualquer obstáculo, qualquer dificuldade. Na Páscoa, temos a certeza de que a fé é maior que a desesperança, que a alegria é mais forte que a tristeza, que a bondade e a solidariedade podem superar o mal.

Diante da importância dessa celebração da vida, a Igreja propõe um tempo de preparação, no qual somos chamados a percorrer um caminho que nos leve a uma verdadeira conversão e renovação da fé. Esse período é a Quaresma, que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos (o domingo anterior à Páscoa). São 40 dias que devem ser dedicados especialmente a três eixos: a oração (e a reflexão sobre a Palavra de Deus), o jejum (que implica não apenas em deixar de comer carne, mas em renunciar a algo que nos faz falta) e a caridade (a preocupação com os que mais precisam de nossa ajuda).

 

Campanha da Fraternidade

Assim, é proposital que a Campanha da Fraternidade seja realizada sempre durante a Quaresma. Anualmente, nesse período, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elege um tema e convoca os cristãos a refletirem, à luz do Evangelho, sobre ele. O tema é sempre uma questão que aflige a sociedade e que aponta para a necessidade de uma mudança – tanto na esfera social e política, como a mudança pessoal, que leva cada um a fazer a sua parte pelo bem comum. Ao final da Campanha, no Domingo de Ramos, todos são convocados a agir e a colaborar concretamente com a coleta da fraternidade.

Conforme afirma a CNBB, “a CF é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida em determinado tempo (Quaresma), para ajudar os cristãos e as pessoas de boa vontade a viver a fraternidade em compromissos concretos, no processo de transformação da sociedade, a partir de um problema específico que exige a participação de todos, na busca de alternativas de solução”. Embora seja realizada em um período específico, o tema da CF continua a ser refletido durante todo o ano nas paróquias, escolas, obras sociais, hospitais, grupos e entidades católicas em geral. Atualmente, a CF é considerada a maior campanha social e de evangelização da América Latina.

 

Superação da violência

Em 2018, a CF trata sobre “Fraternidade e a superação da violência”, tendo como lema “Vós sois todos irmãos (Mt 23,8)”. A cerimônia de abertura da Campanha foi realizada em 14 de fevereiro, com a presença do presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha; do secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner; da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia; do coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção da Violência e Redução de Homicídios, deputado Alessandro Molon; e do presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Carlos Alves Moura.

Durante o lançamento da CF 2018, dom Sérgio afirmou que a importância da Campanha da Fraternidade tem crescido a cada ano, repercutindo não somente dentro do âmbito da Igreja Católica, mas em toda a sociedade civil. Este ano, a CF quer ajudar todos a fazerem uma análise profunda diante da complexidade da realidade da violência. “Os grupos sociais vulneráveis são as maiores vítimas da violência”, disse o presidente da CNBB, destacando a violência praticada contra negros, jovens e mulheres. “A Igreja sempre tem alertado sobre a perda de direitos sociais. Não podemos admitir que os mais pobres arquem com sacrifícios maiores”, continuou o cardeal.

Dom Sérgio considerou que a corrupção é uma forma de violência, e que é preciso superar também “formas de violência como as representadas pela miséria e pela falta de vida digna”. Ele criticou os políticos que defendem em seus discursos que a violência seja combatida com mais violência. “É um equívoco achar que superaremos a violência recorrendo a mais violência. A Igreja está orientando os eleitores, ajudando-os a formar sua consciência e a identificar quais candidatos estão comprometidos com a paz”, disse. O presidente da CNBB citou ainda o crescimento da violência e da agressividade nas redes sociais e nos meios de comunicação.

 

Mensagem do Papa Francisco para a CF 2018

Por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos brasileiros. Na carta, o Papa ressalta que o perdão das ofensas “é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir”. Às vezes, é difícil perdoar; no entanto, o perdão é o instrumento para alcançar a paz. “Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência”, considera.

“Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz”, exorta o Papa Francisco, para quem a paz é tecida no “dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza”.

Fontes: CNBB, Agência Brasil, Vatican News
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