Foi o dinamismo missionário que transformou aquela região inóspita em um paraíso acolhedor de centenas de meninos e meninas oriundos dos povoados ao longo dos rios Negro, Waupés, Papuri, Içana e Tiquié, pertencentes a mais de vinte etnias. O primeiro passo foi aprender a língua tucana e nhengatu, aproximar-se, amar e fazer-se amar. Antes do lápis e da borracha, a bola, a corda, a música, o esporte. Assim nasceu a obra salesiana no Rio Negro, alicerçada na pedagogia de Dom Bosco, que marcou profundamente tantas gerações.
Em plena floresta amazônica, um pátio se formou. Não como as imensas clareiras provocadas pelo desmatamento desenfreado, mas grandes espaços onde a vibração faz brotar mais vida. Em todas as casas das missões do Rio Negro existiu desde o começo o oratório festivo: um pátio para as brincadeiras e a prática dos esportes, uma capela para as bênçãos e a mensagem de boa noite. Com o passar dos anos e o término dos internatos, os pátios foram ficando vazios. Muitos meninos e meninas já não queriam sair de suas casas e remar até chegar à missão.
Mas, como uma chama que vai queimando o coração, a necessidade de recomeçar se manifestou. Para estar juntos, para compartilhar vida, para crescer em um ambiente saudável, para sorrir e ser feliz. Os apelos foram fortes e o oratório renasceu. Uma decisão assumida pela inspetora e conselho, concretizada em projetos sócio-educativos que deram forma ao sonho da revitalização dos oratórios, para celebrar o bicentenário do nascimento de Dom Bosco.
Oratórios com rosto indígena e caboclo, sua linguagem, seus costumes, sua alimentação típica. Os animadores são ex-alunos, ex-alunas, amigos, pais e as FMA. O campo, as quadras, a bicicleta, a música, os jogos, a alegria vibrante em um cenário cercado de árvores, rios, pedras. Também no asfalto, pois aos sábados crianças e adolescentes caminham rumo ao Oratório Santa Teresinha, no centro de Manaus.
O sentimento que unifica é a esperança de que no próximo sábado ou domingo estarão todos novamente juntos, em uma só família, dentro de um mesmo olhar que é especial para cada um, cada uma: o olhar de Deus Pai que ama e ao qual é possível sempre voltar, como Dom Bosco e Madre Mazzarello testemunharam com sua vida até o último respiro.
Testemunhos
As comunidades dão o seu testemunho sobre o renascimento dos oratórios neste ano do bicentenário de Dom Bosco:
“Na comunidade de São Sebastião foi realizada a gincana de Dom Bosco, com participação das crianças e jovens do Oratório Santa Mª. Domingas Mazzarello, organizada pelas vocacionadas da Casa de Formação Nossa Senhora de Guadalupe, com três equipes: verde, vermelha e azul. Irmã Carmen Silvia, irmã Cilene e dona Zilda Maia foram as juradas. O coordenador, o jovem Adriano Cordeiro da Silva, e a irmã Irene ajudaram nos preparativos das premiações. Para todos que participaram um gostoso lanche de suco de frutas naturais e bolo de macaxeira.”
(Comunidade N. S. Guadalupe – Dabaru - São Gabriel da Cachoeira)
“Rumo a Dom Bosco 2015, realizamos com os alunos, professores e funcionários uma animada gincana. Iniciamos com o café para todos, após nos dirigimos à quadra da escola Francisco de Sales para a celebração de abertura. Continuamos com as provas de atletismo, dança e brincadeiras diversas, depois as perguntas e respostas para um conhecimento maior sobre a vida do nosso fundador. A festa terminou com a premiação das equipes vencedoras e o almoço caprichado.”
(Barcelos)
“Irmãs, monitores, benfeitores, crianças e pais do oratório tiveram a feliz ideia de angariar fundos para o programa Parceria Cidadã da CIB através do teatro, com a peça Frozen, o Musical. Artistas mirins e adolescentes deram show. A comunidade escolar do CEST comprou ingresso, amigos e familiares compareceram e aplaudiram os talentos e a mensagem. A maior recompensa foi a alegria vivida por servir, de forma criativa, a outras vidas que necessitam de projetos libertadores.”
(Comunidade Dom Pedro Massa – Manaus)
