Geralmente esta coleta é realizada nas celebrações costumeiras das comunidades. Seu resultado é partilhado entre os diversos âmbitos da organização da Igreja. A porcentagem destinada à CNBB é administrada pela Cáritas Brasileira, por meio do “Fundo Nacional da Solidariedade”, aplicado integralmente em projetos sociais sustentados de diversas maneiras pela Igreja.
A parte que fica nas dioceses, reforça o “Fundo Diocesano de solidariedade” cuja missão cotidiana é incentivar os diversos projetos sociais existentes em cada diocese.
Olhando o resultado concreto da “coleta da solidariedade” é evidente o descompasso entre a intensa divulgação do tema da Campanha da Fraternidade, e o pífio resultado da coleta.
Este descompasso nos leva a interrogar em relação a seus propósitos. Em primeiro lugar, a CNBB tem a clara consciência de que a “Campanha da Fraternidade” não se limita a uma “coleta” financeira.
A CF é um instrumento precioso de conscientização, que envolve não só a Igreja Católica, mas motiva também a sociedade, que reconhece a validade dos temas levantados e o enfoque aberto e desafiador com que são abordados.
Portanto, a Campanha da Fraternidade não se limita, e não se mede, pelo resultado da coleta, por mais preciosos que sejam os recursos arrecadados por ela.
Mas existe outro motivo que explica o baixo rendimento da “Coleta”.
Acontece que ao longo de todo o ano, os membros das comunidades eclesiais se veem intimados a colaborar com inúmeras iniciativas, destinadas a arrecadar recursos para sustentar os diversos projetos sociais existentes. De tal maneira que a soma de recursos arrecadados por essas diversas iniciativas é bem maior do que o resultado desta “coleta”.
Penso que ajuda trazer um exemplo concreto. Enquanto se promove a “coleta” neste Domingo de Ramos, em Jales as comunidades foram e ainda estão sendo convocadas a colaborar com a rifa do Hospital do Câncer, com a rifa do Asilo dos Velhos, com a promoção da pizza para o “Projeto Sacra”, que acaba de promover também o “porco no tacho” e a “promoção da pizza”, ao mesmo tempo em que o “Projeto Acaje” promovia o seu tradicional ”Costelão”. Sem contar a colaboração com as diversas “quermesses” das comunidades, com suas rifas próprias, e sua criatividade em inventar outras promoções.
São tantos apelos, que na verdade, o povo se vê envolvido em um esquema alternativo de arrecadação de recursos destinados a sustentar os projetos sociais. Esta multiplicidade de projetos nem sempre é reconhecida. O próprio governo muitas vezes a desconhece. E mesmo a Igreja não se dá conta de sua abrangência.
Em vista disto, a CNBB está agora planejando a realização de uma pesquisa em âmbitol nacional para um levantamento mais completo da atuação da Igreja na sociedade. Com este levantamento, será possível não só dimensionar melhor a ação da Igreja, mas também habilitá-la a reivindicar recursos públicos para projetos que seriam de responsabilidade direta do poder público.
Isto não diminui nossa decisão de colaborar com esta “Coleta da Solidariedade”, motivados pela importante “Campanha da Fraternidade, que acabamos de realizar. “Deus ama a quem dá com alegria”, nos garante São Paulo!
Dom Demétrio Valentini - bispo de Jales/ Vaticano News