Desde moço esse escritor já publicou mais de 50 obras voltadas para crianças, jovens e adultos. Recebeu os prêmios Literários: Jabuti (CBL), Érico Vanucci Mendes (CNPq), Tolerância (UNESCO), Melhor livro infanto-juvenil de 2007 (ABL) e diversos selos “Altamente Recomendável” (FNLIJ).
É Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República, desde 2006. É também Diretor-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (INBRAPI) e Pesquisador do CNPq. Atualmente Daniel Munduruku faz pós-doutorado na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo. Seu talento tem sido reconhecido não apenas por jovens leitores, mas pela crítica especializada.
Preconceito
Daniel Munduruku sustenta que a escola brasileira ainda reproduz uma visão preconceituosa meticulosamente montada no Brasil pelos colonizadores ainda no século XVI. Apesar disso, o professor Daniel conseguiu um feito inédito: seus livros são adotados em diversas escolas públicas e particulares de todo o país. Uma contribuição gigante em direção ao futuro: nossas crianças já começam a conhecer a verdadeira história dos indígenas, ao invés daquele ser nu, limitado e inferior que, durante cinco séculos, povoou a imaginação da sociedade brasileira.
O autor tornou-se uma peça-chave dentro da sociedade brasileira como um divulgador da cultura indígena e, logicamente, do próprio povo brasileiro como um todo.
Comedido e simpático, o escritor não foge de uma conversa informal sobre a sua trajetória ou sobre questões mais gerais que envolvem a situação dos povos indígenas em geral. Sua trajetória, entretanto, não é padrão simples. Pertence àqueles indivíduos raros que têm conseguido lugar de destaque na sociedade brasileira, entre professores universitários, escritores, palestrantes pensadores e ativistas ao mesmo tempo.
Mas ainda há um fato importante a ser constatado. É que os estudos das últimas décadas têm revelado um passado histórico ainda desconhecido da maior parte do público brasileiro. As origens dos povos indígenas, suas complexas redes de comunicação, comércio e trocas culturais, as diversas formas de se relacionar com os colonizadores europeus, as lutas em tempos mais recentes para conquistar um lugar na nova ordem institucional. Tudo isto está nas histórias dos povos indígenas que têm sido reescritas.
Daniel Munduruku estudou com padres salesianos quando entrou para a universidade e se tornou uma peça-chave dentro da sociedade brasileira mais geral como um divulgador da cultura do seu povo e, logicamente, do próprio povo brasileiro – este povo que, erroneamente, pensávamos até hoje conhecer.
No último mês de abril, o dossiê da Revista de História, da Biblioteca Nacional, fala sobre a “saga de um povo desconhecido”. A capa traz Daniel Munduruku como alguém que vem resgatando a cultura indígena fazendo justiça aos donos da terra que em todas as Américas foram dizimados para a ocupação colonial de portugueses, espanhóis e ingleses.
Daniel Munduruku reside em Lorena, SP, com sua família. De lá parte para as viagens e participações em congressos e feiras indígenas em todo Brasil, sobretudo do seu povo no Pará.
Padre Mario Bonatti, SDB, é do Centro Universitário Salesiano – Unisal em Lorena, SP.