Na introdução à carta Patris Corde, o Papa Francisco relembra alguns dos episódios da vida de São José narrados na Bíblia, que demonstram as dificuldades pelas quais passou como pai de Jesus: “Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55), desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um ‘homem justo’ (Mt 1, 19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2, 22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois duma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, ‘por não haver lugar para eles’ (Lc 2, 7) noutro sítio. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que representavam respetivamente o povo de Israel e os povos pagãos”.
Quarenta dias depois do nascimento, José foi ao Templo oferecer o Menino ao Senhor e ouviu a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria. “Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18). Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré, na Galileia – donde (dizia-se) ‘não sairá nenhum profeta’ (Jo 7, 52), nem ‘poderá vir alguma coisa boa’ (Jo 1, 46) –, longe de Belém, a sua cidade natal, e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente durante uma peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e José e Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três dias mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2, 41-50)”.
José agiu como verdadeiro pai, protegendo sua família e guiando Jesus no caminho do bem. Ensinou a ele a sua profissão de carpinteiro e conduziu-o no caminho da fé. Seu papel é reconhecido na devoção popular e no espaço que ocupa no magistério da Igreja. Como afirma o Papa Francisco: “Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o Padroeiro da Igreja Católica o Venerável Pio XII apresentou-o como Padroeiro dos Operários e São João Paulo II, como Guardião do Redentor”.
O que é a Sagrada Família?
A sagrada família é constituída por Jesus Cristo; sua mãe, a Virgem Maria; e pelo seu pai adotivo e terreno, São José. A festa da Sagrada Família remonta ao século XVII e consiste na celebração do exemplo de vida familiar, pautado no amor, na união, no trabalho e na fé. Como afirmou São João Paulo II, no Ano Internacional da Família (celebrado em 1994), a Sagrada Família é “a primeira de muitas outras famílias santas”.
Na celebração da Festa da Sagrada Família em 27 de dezembro de 2020, o Papa Francisco explicou: “Depois do Natal, a liturgia convida-nos a fixar o olhar na Sagrada Família de Jesus, Maria e José. É bom refletir que o Filho de Deus, como todas as crianças, quis ter necessidade do calor de uma família. Precisamente por esta razão, porque é a de Jesus, a família de Nazaré é modelo, na qual todas as famílias do mundo podem encontrar o seu seguro ponto de referência e inspiração (...). À imitação da Sagrada Família, somos chamados a redescobrir o valor educativo do núcleo familiar: ele deve fundar-se no amor que sempre regenera as relações e abre horizontes de esperança”.