Vocações: Histórias de vida inspiradoras

Quarta, 02 Setembro 2020 13:03 Escrito por  Alunos do Curso de Salesianidade para Educadores
Vocações: Histórias de vida inspiradoras Irmão José Pereira de Carvalho, entrevistado por Delecy Silva Sousa
Em curso oferecido pelo Centro Salesiano de Formação, educadores salesianos entrevistaram religiosos e religiosas para conhecer mais sobre sua história vocacional.  

O curso de “Salesianidade para Novos Educadores e Colaboradores” foi criado pelo Centro Salesiano de Formação (CSF) com o intuito de proporcionar, especialmente aos que recém iniciaram seu trabalho em uma escola ou obra social salesiana, uma melhor compreensão sobre quais são os fundamentos, princípios e valores da instituição. O curso é composto por aulas interativas, atividades e fóruns de discussão que tratam sobre a história de Dom Bosco e Madre Mazzarello, o Sistema Preventivo, Espiritualidade Salesiana e Projeto de Vida, entre outros temas. O objetivo é que os participantes possam aprimorar suas práticas educativas e realizá-las em sintonia com a identidade salesiana.

Entre as atividades do curso está produzir e compartilhar, em fórum de discussão, uma entrevista com um Salesiano de Dom Bosco ou uma Filha de Maria Auxiliadora, sobre como descobriu e como vivencia a sua vocação. São histórias de vida inspiradoras, que mostram os caminhos muitas vezes inusitados pelos quais Deus chama cada um a segui-lo. Conheça alguns dos testemunhos vocacionais de salesianos e salesianas, nas entrevistas feitas por educadores participantes do curso no primeiro semestre de 2020.

 

 

“Consistia a nossa vocação na santidade, mas não a santidade de cara fechada, amarrada, e sim uma santidade de alegria”

Irmão José Pereira de Carvalho (Marmota) – CESAM-DF – Brasília, DF

Por: Delecy Silva Sousa

 

Como descobriu sua vocação religiosa?

Irmão José Pereira de Carvalho - Meu nome é José Pereira de Carvalho Filho e tenho o pseudônimo de Marmota, um mágico, malabarista, circense em geral. Nasci no interior de Minas Gerais, em 6 de novembro 1939, estou com 80 anos. Aos 10 anos comecei a trabalhar na Santa Casa, era “boy”. A minha obrigação principal era preparar o enterro dos falecidos - e na época eram muitos, pois teve a epidemia da febre amarela -, eu era responsável pelo enterro dos indigentes ou dos que eram abandonados pelas famílias.

Dos 10 até os 20 anos eu trabalhei na Santa Casa e quando estava nessa idade uma Irmã perguntou para mim: “Você não quer ser padre?” Eu respondi que não ia dar certo, porque na época eu era o artista da cidade, todo circo que ia eu trabalhava: era palhaço, ventríloquo, malabarista. Então falei: “Irmã, não vai dar certo eu ser padre, porque na hora que eu chegar para o povo, eles vão dizer que a Igreja bagunçou, que até o Marmota é padre. Agora, se ainda fosse Irmão, que não tem que vestir batina...”. E ela falou: “Ah, pode ser Irmão Salesiano, que não usa batina”. E ela me disse: “Olha, seminário é coisa séria, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo”. Eu fui. E chegando no seminário não era nada daquilo que ela tinha falado. Era Dom Bosco! Consistia a nossa vocação na santidade, mas não a santidade de cara fechada, amarrada, e sim uma santidade de alegria, de que eu soubesse transmitir para os outros a alegria de viver e a alegria de servir. Esse foi o principal motivo pelo qual eu me identifiquei como Irmão Salesiano. E já sou Salesiano há 58 anos.

-

Como vê sua trajetória hoje?

Ir. Pereira - Eu já estive em vários lugares, sempre com o CESAM (Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador). Começamos o CESAM em 1973 e de lá até hoje sempre estive no CESAM, em várias localidades. É uma obra social ao estilo de Dom Bosco, em que você não dá ao garoto as coisas de graça. Nós o ensinamos a conquistar um espaço na sociedade, fazendo dele bom cristão e honesto cidadão. Esse foi o motivo pelo qual eu me amarrei nos Salesianos aos 21 anos de idade e estou aqui até hoje.

 

“Se eu fosse nascer 20 vezes, seria 20 vezes religiosa”

Irmã Leonida Deretti, FMA - Instituto Maria Auxiliadora (IMA) de Rio do Sul, SC

Por: Cíntia Preis de Andrade Stramosk

 

Como descobriu sua vocação religiosa?

Irmã Leonida Deretti - Eu descobri com 8 anos. Meus pais eram devotos de Nossa Senhora, sempre rezávamos de manhã e à noite. Senti um chamado de Nossa Senhora, quando fui à igreja, mas não sabia para qual congregação. Certo dia, uma amiga de infância, que era aspirante, estava na paróquia e me convidou para conhecer a Congregação Salesiana do Instituto Maria Auxiliadora de Rio do Sul. Eu tinha 12 anos na época, fiquei três anos em Rio do Sul e depois fui para São Paulo.

 

Como vê sua trajetória hoje?

Ir. Leonida - Eu vivo feliz até hoje! Professei aos 20 anos, depois dos votos perpétuos trabalhei mais de 20 anos nas missões com os índios na região do Rio Negro, no Amazonas. Lá vi muita pobreza e pude contribuir com a comunidade. Após este período, fui para Roma, na Itália, onde morei por 22 anos. Posteriormente, retornei para as missões do Rio Negro. Vivi feliz, rezando muito. Se eu fosse nascer 20 vezes, seria 20 vezes religiosa.

 

O que significa ser uma Salesiana Consagrada?

Ir. Leonida - A congregação é uma família, uma comunidade em união! Ser uma Salesiana Consagrada é servir a Deus, a Nossa Senhora e à juventude. É servir também toda a comunidade, desde os mais pobres e necessitados.

 

 

“Minha vocação nasceu da bola, do apito, quando os Salesianos me pediram para cuidar do futebol na semana missionária”

Irmã Aline Leite, FMA – Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (Insa) – São Paulo, SP

Por: Priscila Dal Lago Palassio, Priscila Schiavon Valino e Roselene de Cássia Valente

 

Como aconteceu seu chamado vocacional?

Irmã Aline Leite - Muitas vezes falamos: “nasceu pensando em ser irmã”. O meu chamado não foi desse jeito, nessa lógica que muitos viveram. Eu era uma criança normal que brincava, não era muito próxima da igreja, ia à missa e frequentava, mais nada me interessava ou chamava a atenção, eu ia por ir. Em 2006 aconteceu a semana missionária, com o Grupo de Animação Missionária e os padres Salesianos, e a partir desse movimento que aconteceu na minha paróquia de origem, pois sou de Cunha, que eu pensei: “que legal, eles jogam bola, brincam e rezam, que jeito diferente”; isso me chamou atenção, e eu acabei mudando um pouco essa perspectiva, esse olhar. No segundo dia que eles estavam em Cunha eu fui, e eles já me convidaram para participar como membro e fundar o oratório da minha cidade. A partir disso eu comecei a me envolver e a me interessar pelas atividades da igreja, e aquilo foi me cativando, porque percebi que eu podia fazer algo a mais.

Passou-se o tempo, e eu senti um arder no meu coração por alguma coisa, mas não sabia o que era, até que um dia um amigo, irmão Salesiano, me perguntou se eu não queria ser freira. Eu falei: “O que?! Você está louco! Eu gosto de futebol, jogar bola...”. Algum tempo depois, fui para um encontro vocacional e despertou de novo. Então comecei a fazer um caminho com as irmãs Beneditinas, mas dentro do convento eu falava: “Nossa, esse pátio é grande, nós poderíamos chamar as crianças, fazer um oratório”. Assim eu percebi que o meu carisma não era Beneditino, de São Bento, mas era Salesiano, de Dom Bosco. Eu gosto de falar que a minha vocação nasceu da bola, do apito, quando os Salesianos me deram a bola e o apito para cuidar do futebol na Semana Missionária.

 

O que significa para a senhora ser Filha de Maria Auxiliadora?

Ir. Aline – Primeiro, significa ser monumento vivo de gratidão. Não é algo estático, é um monumento que se renova a cada dia, e para se renovar você precisa ser criativo nas suas escolhas, no seu ser e agir. Então ser Filha de Maria Auxiliadora é ser esse monumento criativo de Maria para nossa missão educativa hoje. Essa missão é para os jovens, para os professores, para nossa comunidade de coordenação, para as pessoas que encontro. Ser Filha de Maria Auxiliadora é levar esse carisma da alegria, do entusiasmo, do olhar diferente para as pessoas, ser esse monumento criativo do amor de Deus.

 

Na prática, como podemos compreender a Salesianidade na atualidade?

Ir. Aline - Eu acredito que viver a Salesianidade hoje é um desafio muito grande. Porque é colocar em prática aquilo que Dom Bosco e Madre Mazzarello entenderam, é você ir contra uma corrente que leva ao individualismo e à superficialidade, uma corrente da indiferença. A Salesianidade nisso é viver o sistema preventivo, alimentar o outro com a espiritualidade, o amor, o olhar, o estar, o ser, o compreender a realidade; é tocar o chão das necessidades e ser um sinal, ser uma presença. Acho que isso é ser salesiana nesse momento tão difícil que vivemos: ter um olhar além e ir ao encontro do outro.

 

“Achava fantástico que o padre que celebrava a missa era o mesmo que brincava com a gente nos intervalos”

Padre Bruno Calderaro, SDB – diretor de Pastoral do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora – Campinas, SP

Por: Ana Cláudia de Oliveira

 

Qual foi seu primeiro contato com a vocação salesiana?

Padre Bruno Calderaro - Sou ex-aluno salesiano. Desde criança cresci escutando e aprendendo sobre a vida de Dom Bosco, sobre as suas músicas. Portanto, o meu primeiro contato com a vocação salesiana foi no Colégio São Joaquim, em Lorena. Lá os padres e os pós-noviços passavam os intervalos brincando com a gente. Achava fantástico que o padre que celebrava a missa era o mesmo que brincava e conversava com a gente nos intervalos. Fui percebendo as atitudes de Dom Bosco nas atitudes deles.

 

Quando você descobriu que era esse o caminho que queria seguir?

Pe. Bruno - Descobri, mas não aceitei. Descobri quando estava no segundo ano do ensino médio. Fiz um retiro da renovação carismática em Lorena chamado “Aldeias de Vida”. Gostei tanto que comecei a participar das formações, dos encontros e me comprometi a participar da equipe que organizava esses retiros. Num desses encontros, num momento de oração, pedi a Deus que me desse a graça de ser e viver assim: próximo dele sem deixar de ser/ter um espírito jovem. Em nenhum momento eu pedi para ser padre! Queria apenas ajudar as pessoas também no lado espiritual. Porém, como os planos de Deus são sempre inexplicáveis, acabei ganhando aos poucos a vocação sacerdotal no meio daquela juventude que fazia os retiros. Decidi fazer uma experiência no seminário só para tirar a dúvida, somente para comprovar para mim mesmo que aquela não era a minha vocação... mas estou até hoje, até quando Deus permitir.

 

Como você pretende retribuir a Deus essa sua escolha?

Pe. Bruno - Penso que já estou retribuindo. Minha vida, minhas escolhas, tudo que eu consegui e tudo que eu renunciei já são maneiras de retribuições a Deus por me conceder, em sua bondade e misericórdia, essa linda vocação salesiana sacerdotal. Da mesma forma, pretendo continuar a me esforçar para ser testemunha do seu infinito amor às pessoas, principalmente a juventude que tanto amo. Parece simples, pode até ser, mas não é fácil.

 

O que você diria para quem pretende seguir esse caminho?

Pe. Bruno - Abra o coração. Escancare o coração para Deus. Não espere por recompensas, sejam elas materiais ou pessoais. Cuide em todos os momentos da vida espiritual, ela manterá a sua vocação. Desapegue dos elogios e dos reconhecimentos que o mundo oferece. Tenha amigos, poucos, mas tenha pessoas que você possa confiar e que possa abrir seu coração. Confie na intercessão de Nossa Senhora! Ela nos ajudará a viver bem a nossa caminhada.

 

Saiba mais sobre as vocações salesianas no BS Digital

Veja AQUI outros testemunhos vocacionais das Filhas de Maria Auxiliadora

Salesianos Padres e Irmãos contam como vivem sua vocação. Veja AQUI

 

 

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Vocações: Histórias de vida inspiradoras

Quarta, 02 Setembro 2020 13:03 Escrito por  Alunos do Curso de Salesianidade para Educadores
Vocações: Histórias de vida inspiradoras Irmão José Pereira de Carvalho, entrevistado por Delecy Silva Sousa
Em curso oferecido pelo Centro Salesiano de Formação, educadores salesianos entrevistaram religiosos e religiosas para conhecer mais sobre sua história vocacional.  

O curso de “Salesianidade para Novos Educadores e Colaboradores” foi criado pelo Centro Salesiano de Formação (CSF) com o intuito de proporcionar, especialmente aos que recém iniciaram seu trabalho em uma escola ou obra social salesiana, uma melhor compreensão sobre quais são os fundamentos, princípios e valores da instituição. O curso é composto por aulas interativas, atividades e fóruns de discussão que tratam sobre a história de Dom Bosco e Madre Mazzarello, o Sistema Preventivo, Espiritualidade Salesiana e Projeto de Vida, entre outros temas. O objetivo é que os participantes possam aprimorar suas práticas educativas e realizá-las em sintonia com a identidade salesiana.

Entre as atividades do curso está produzir e compartilhar, em fórum de discussão, uma entrevista com um Salesiano de Dom Bosco ou uma Filha de Maria Auxiliadora, sobre como descobriu e como vivencia a sua vocação. São histórias de vida inspiradoras, que mostram os caminhos muitas vezes inusitados pelos quais Deus chama cada um a segui-lo. Conheça alguns dos testemunhos vocacionais de salesianos e salesianas, nas entrevistas feitas por educadores participantes do curso no primeiro semestre de 2020.

 

 

“Consistia a nossa vocação na santidade, mas não a santidade de cara fechada, amarrada, e sim uma santidade de alegria”

Irmão José Pereira de Carvalho (Marmota) – CESAM-DF – Brasília, DF

Por: Delecy Silva Sousa

 

Como descobriu sua vocação religiosa?

Irmão José Pereira de Carvalho - Meu nome é José Pereira de Carvalho Filho e tenho o pseudônimo de Marmota, um mágico, malabarista, circense em geral. Nasci no interior de Minas Gerais, em 6 de novembro 1939, estou com 80 anos. Aos 10 anos comecei a trabalhar na Santa Casa, era “boy”. A minha obrigação principal era preparar o enterro dos falecidos - e na época eram muitos, pois teve a epidemia da febre amarela -, eu era responsável pelo enterro dos indigentes ou dos que eram abandonados pelas famílias.

Dos 10 até os 20 anos eu trabalhei na Santa Casa e quando estava nessa idade uma Irmã perguntou para mim: “Você não quer ser padre?” Eu respondi que não ia dar certo, porque na época eu era o artista da cidade, todo circo que ia eu trabalhava: era palhaço, ventríloquo, malabarista. Então falei: “Irmã, não vai dar certo eu ser padre, porque na hora que eu chegar para o povo, eles vão dizer que a Igreja bagunçou, que até o Marmota é padre. Agora, se ainda fosse Irmão, que não tem que vestir batina...”. E ela falou: “Ah, pode ser Irmão Salesiano, que não usa batina”. E ela me disse: “Olha, seminário é coisa séria, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo”. Eu fui. E chegando no seminário não era nada daquilo que ela tinha falado. Era Dom Bosco! Consistia a nossa vocação na santidade, mas não a santidade de cara fechada, amarrada, e sim uma santidade de alegria, de que eu soubesse transmitir para os outros a alegria de viver e a alegria de servir. Esse foi o principal motivo pelo qual eu me identifiquei como Irmão Salesiano. E já sou Salesiano há 58 anos.

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Como vê sua trajetória hoje?

Ir. Pereira - Eu já estive em vários lugares, sempre com o CESAM (Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador). Começamos o CESAM em 1973 e de lá até hoje sempre estive no CESAM, em várias localidades. É uma obra social ao estilo de Dom Bosco, em que você não dá ao garoto as coisas de graça. Nós o ensinamos a conquistar um espaço na sociedade, fazendo dele bom cristão e honesto cidadão. Esse foi o motivo pelo qual eu me amarrei nos Salesianos aos 21 anos de idade e estou aqui até hoje.

 

“Se eu fosse nascer 20 vezes, seria 20 vezes religiosa”

Irmã Leonida Deretti, FMA - Instituto Maria Auxiliadora (IMA) de Rio do Sul, SC

Por: Cíntia Preis de Andrade Stramosk

 

Como descobriu sua vocação religiosa?

Irmã Leonida Deretti - Eu descobri com 8 anos. Meus pais eram devotos de Nossa Senhora, sempre rezávamos de manhã e à noite. Senti um chamado de Nossa Senhora, quando fui à igreja, mas não sabia para qual congregação. Certo dia, uma amiga de infância, que era aspirante, estava na paróquia e me convidou para conhecer a Congregação Salesiana do Instituto Maria Auxiliadora de Rio do Sul. Eu tinha 12 anos na época, fiquei três anos em Rio do Sul e depois fui para São Paulo.

 

Como vê sua trajetória hoje?

Ir. Leonida - Eu vivo feliz até hoje! Professei aos 20 anos, depois dos votos perpétuos trabalhei mais de 20 anos nas missões com os índios na região do Rio Negro, no Amazonas. Lá vi muita pobreza e pude contribuir com a comunidade. Após este período, fui para Roma, na Itália, onde morei por 22 anos. Posteriormente, retornei para as missões do Rio Negro. Vivi feliz, rezando muito. Se eu fosse nascer 20 vezes, seria 20 vezes religiosa.

 

O que significa ser uma Salesiana Consagrada?

Ir. Leonida - A congregação é uma família, uma comunidade em união! Ser uma Salesiana Consagrada é servir a Deus, a Nossa Senhora e à juventude. É servir também toda a comunidade, desde os mais pobres e necessitados.

 

 

“Minha vocação nasceu da bola, do apito, quando os Salesianos me pediram para cuidar do futebol na semana missionária”

Irmã Aline Leite, FMA – Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (Insa) – São Paulo, SP

Por: Priscila Dal Lago Palassio, Priscila Schiavon Valino e Roselene de Cássia Valente

 

Como aconteceu seu chamado vocacional?

Irmã Aline Leite - Muitas vezes falamos: “nasceu pensando em ser irmã”. O meu chamado não foi desse jeito, nessa lógica que muitos viveram. Eu era uma criança normal que brincava, não era muito próxima da igreja, ia à missa e frequentava, mais nada me interessava ou chamava a atenção, eu ia por ir. Em 2006 aconteceu a semana missionária, com o Grupo de Animação Missionária e os padres Salesianos, e a partir desse movimento que aconteceu na minha paróquia de origem, pois sou de Cunha, que eu pensei: “que legal, eles jogam bola, brincam e rezam, que jeito diferente”; isso me chamou atenção, e eu acabei mudando um pouco essa perspectiva, esse olhar. No segundo dia que eles estavam em Cunha eu fui, e eles já me convidaram para participar como membro e fundar o oratório da minha cidade. A partir disso eu comecei a me envolver e a me interessar pelas atividades da igreja, e aquilo foi me cativando, porque percebi que eu podia fazer algo a mais.

Passou-se o tempo, e eu senti um arder no meu coração por alguma coisa, mas não sabia o que era, até que um dia um amigo, irmão Salesiano, me perguntou se eu não queria ser freira. Eu falei: “O que?! Você está louco! Eu gosto de futebol, jogar bola...”. Algum tempo depois, fui para um encontro vocacional e despertou de novo. Então comecei a fazer um caminho com as irmãs Beneditinas, mas dentro do convento eu falava: “Nossa, esse pátio é grande, nós poderíamos chamar as crianças, fazer um oratório”. Assim eu percebi que o meu carisma não era Beneditino, de São Bento, mas era Salesiano, de Dom Bosco. Eu gosto de falar que a minha vocação nasceu da bola, do apito, quando os Salesianos me deram a bola e o apito para cuidar do futebol na Semana Missionária.

 

O que significa para a senhora ser Filha de Maria Auxiliadora?

Ir. Aline – Primeiro, significa ser monumento vivo de gratidão. Não é algo estático, é um monumento que se renova a cada dia, e para se renovar você precisa ser criativo nas suas escolhas, no seu ser e agir. Então ser Filha de Maria Auxiliadora é ser esse monumento criativo de Maria para nossa missão educativa hoje. Essa missão é para os jovens, para os professores, para nossa comunidade de coordenação, para as pessoas que encontro. Ser Filha de Maria Auxiliadora é levar esse carisma da alegria, do entusiasmo, do olhar diferente para as pessoas, ser esse monumento criativo do amor de Deus.

 

Na prática, como podemos compreender a Salesianidade na atualidade?

Ir. Aline - Eu acredito que viver a Salesianidade hoje é um desafio muito grande. Porque é colocar em prática aquilo que Dom Bosco e Madre Mazzarello entenderam, é você ir contra uma corrente que leva ao individualismo e à superficialidade, uma corrente da indiferença. A Salesianidade nisso é viver o sistema preventivo, alimentar o outro com a espiritualidade, o amor, o olhar, o estar, o ser, o compreender a realidade; é tocar o chão das necessidades e ser um sinal, ser uma presença. Acho que isso é ser salesiana nesse momento tão difícil que vivemos: ter um olhar além e ir ao encontro do outro.

 

“Achava fantástico que o padre que celebrava a missa era o mesmo que brincava com a gente nos intervalos”

Padre Bruno Calderaro, SDB – diretor de Pastoral do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora – Campinas, SP

Por: Ana Cláudia de Oliveira

 

Qual foi seu primeiro contato com a vocação salesiana?

Padre Bruno Calderaro - Sou ex-aluno salesiano. Desde criança cresci escutando e aprendendo sobre a vida de Dom Bosco, sobre as suas músicas. Portanto, o meu primeiro contato com a vocação salesiana foi no Colégio São Joaquim, em Lorena. Lá os padres e os pós-noviços passavam os intervalos brincando com a gente. Achava fantástico que o padre que celebrava a missa era o mesmo que brincava e conversava com a gente nos intervalos. Fui percebendo as atitudes de Dom Bosco nas atitudes deles.

 

Quando você descobriu que era esse o caminho que queria seguir?

Pe. Bruno - Descobri, mas não aceitei. Descobri quando estava no segundo ano do ensino médio. Fiz um retiro da renovação carismática em Lorena chamado “Aldeias de Vida”. Gostei tanto que comecei a participar das formações, dos encontros e me comprometi a participar da equipe que organizava esses retiros. Num desses encontros, num momento de oração, pedi a Deus que me desse a graça de ser e viver assim: próximo dele sem deixar de ser/ter um espírito jovem. Em nenhum momento eu pedi para ser padre! Queria apenas ajudar as pessoas também no lado espiritual. Porém, como os planos de Deus são sempre inexplicáveis, acabei ganhando aos poucos a vocação sacerdotal no meio daquela juventude que fazia os retiros. Decidi fazer uma experiência no seminário só para tirar a dúvida, somente para comprovar para mim mesmo que aquela não era a minha vocação... mas estou até hoje, até quando Deus permitir.

 

Como você pretende retribuir a Deus essa sua escolha?

Pe. Bruno - Penso que já estou retribuindo. Minha vida, minhas escolhas, tudo que eu consegui e tudo que eu renunciei já são maneiras de retribuições a Deus por me conceder, em sua bondade e misericórdia, essa linda vocação salesiana sacerdotal. Da mesma forma, pretendo continuar a me esforçar para ser testemunha do seu infinito amor às pessoas, principalmente a juventude que tanto amo. Parece simples, pode até ser, mas não é fácil.

 

O que você diria para quem pretende seguir esse caminho?

Pe. Bruno - Abra o coração. Escancare o coração para Deus. Não espere por recompensas, sejam elas materiais ou pessoais. Cuide em todos os momentos da vida espiritual, ela manterá a sua vocação. Desapegue dos elogios e dos reconhecimentos que o mundo oferece. Tenha amigos, poucos, mas tenha pessoas que você possa confiar e que possa abrir seu coração. Confie na intercessão de Nossa Senhora! Ela nos ajudará a viver bem a nossa caminhada.

 

Saiba mais sobre as vocações salesianas no BS Digital

Veja AQUI outros testemunhos vocacionais das Filhas de Maria Auxiliadora

Salesianos Padres e Irmãos contam como vivem sua vocação. Veja AQUI

 

 

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