Ao escolher o tema, a proposta do Papa Francisco é colocar no centro da reflexão a experiência de Jesus de quando era menino, que junto da família foi obrigado a deixar sua terra por causa de uma perseguição.
O bispo de Pesqueira, PE, e referencial da Pastoral do Migrante do Setor Mobilidade Humana da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Luiz Ferreira Salles, disse que a intenção do Santo Padre com a mensagem para o 106º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado foi chamar a atenção do cuidado pastoral das pessoas deslocadas internamente, principalmente, porque são as mais afetadas e esquecidas neste tempo de pandemia do Coronavírus.
“Quando falamos dos deslocados internamente, estamos falando de quarenta e um milhões de pessoas, segundo dados mais recentes, que representam uma grande porção das pessoas que estão em movimento hoje. Mas, que não atravessam outros países. Permanecem em seu território nacional. Essa gente geralmente permanece anônima. Eu que trabalho no Nordeste conheço muito bem essa situação. Muita gente que saiu da nossa terra em busca de melhores condições de vida para trabalhar nas grandes obras está voltando porque estão desempregadas, estão voltando novamente para suas comunidades”, disse o bispo.
No texto da mensagem, segundo dom José Luiz, o Papa Francisco reforça ainda que as próprias agendas políticas acabaram “relegando para um plano secundário”, emergências humanitárias como essa e dedicou a mensagem a todas as pessoas deslocadas internamente, mas também a quem “vive experiências de precariedade, abandono, marginalização e rejeição por causa do vírus da Covid-19”.
Para dom José Luiz “tudo isso se coloca como desafios pastorais para as comunidades cristãs na missão de acolher, de ajudar cada pessoa a reconstruir a sua história, muitas vezes de acompanhar os processos, também de retorno as suas terras. Eu lembro aqui o trabalho do serviço pastoral Migrantes: igrejas de origem e destino realizado há anos no Brasil”.
De acordo com a mensagem deste ano, o ponto de partida do Papa foi inspirado na constituição apostólica Exsul Família (1/VIII/1952), do Papa Pio XII: “na sua fuga para o Egito, o menino Jesus experimenta, juntamente com seus pais, a dramática condição de deslocado e refugiado ‘marcada por medo, incerteza e dificuldades’ (cf. Mt 2, 13-15.19-23)”. Milhões de famílias se reconhecem nessa triste realidade, diz o Papa, “em cada um deles, está presente Jesus, forçado – como no tempo de Herodes – a fugir para Se salvar”.
Clique aqui e leia a íntegra da mensagem para o 106º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.