Que tal imaginar-se vivendo na Idade Média e ser personagem de um livro ambientado na época? Ou assumir a identidade de um dos envolvidos na Reforma Protestante, em pleno século XVI? E já pensou se todo o debate sobre essas questões históricas fosse feito por meio das redes sociais? Essas foram algumas das ideias dos professores de Ciências Humanas e História em dois colégios da Rede Salesiana de Escolas (RSE). Por meio de projetos inovadores, centrados no protagonismo juvenil, eles ministraram os conteúdos de sua disciplina de maneira criativa, envolvente e interessante para os alunos. Bem “ao estilo de Dom Bosco”!
A Reforma Protestante vai para o Facebook
A equipe de Ciências Humanas do Ensino Médio do Colégio Salesiano Região Oceânica, em Niterói, RJ, desenvolveu uma estratégia interessante para estimular e aprofundar o conhecimento sobre a Reforma Protestante - e os demais conceitos interdisciplinares envolvidos - junto aos alunos da 2ª série EM. Através de perfis no Facebook, cada grupo assumiu a identidade de um personagem envolvido nesse processo histórico e, assim, refletiu as ideias defendidas por eles no início do século XVI.
Na prática, os grupos criaram seus personagens e, a partir de um trabalho de pesquisa, postavam nessa rede social textos, charges, fotos, mapas e vídeos sobre a perspectiva dos personagens e fatos históricos.
Diálogo nos novos pátios
Entre as personalidades revisitadas estavam Martinho Lutero, João Calvino, Henrique VIII, Thomas Muntzer e alguns papas, representando a visão da Igreja Católica na época. Como moderador do debate ninguém menos especial que Michelangelo Buonarroti, perfil administrado pelos professores envolvidos no projeto.
Com uma linguagem lúdica adaptada aos novos tempos, com ferramentas interativas e com um bom relacionamento entre os professores e alunos, o conteúdo acadêmico foi sendo trabalhado de forma dinâmica e divertida. Nesse contexto, foi possível estudar as transformações ocorridas na transição para a Idade Moderna, com seu reflexo direto no campo religioso: o Luteranismo, o Anabatismo, o Anglicanismo, o Calvinismo e a própria Contrarreforma Católica.
A História e o presente
Esse projeto foi desenvolvido pela primeira vez em 2013 e a cada ano vai sendo aprimorado e é sempre bem sucedido, pois aproxima o conteúdo histórico da realidade vivida pelos alunos. Os jovens se sentem motivados em realizar atividades que envolvam o uso de tecnologias e, principalmente, quando são colocados como protagonistas do próprio aprendizado.
O educando Nuno Gaspar falou sobre esse projeto realizado e sobre o uso das tecnologias educacionais no colégio: “A ideia é ótima! Ao mesmo tempo, estávamos estudando e nos divertindo. O colégio sempre faz projetos ‘maneiros’ com atividades legais e interativas”. O educando fez parte do grupo que representou o rei Henrique VIII.
Na opinião dos alunos, a metodologia do trabalho despertou bem o espírito de equipe na própria classe e até com as outras turmas. Além de aproximar as pessoas, estimulou o senso de reponsabilidade em que cada um deveria fazer a sua parte. A nota do projeto irá valer para todas as disciplinas da Área de Humanas – História, Geografia, Sociologia e Filosofia.
Personagens medievais
Diante do vasto universo de conhecimentos históricos deixados pela Idade Média – período que vai do século V à entrada da Idade Moderna, no século XY -, a professora de História do Colégio Salesiano Sagrado Coração, no Recife, PE, Karina Santiago, inovou o modo de abordar o assunto. Ela incentivou os estudantes a se transformarem em autores e personagens de suas próprias histórias fictícias sobre a Idade Média. Com esse objetivo traçado pela educadora, os alunos do 8° ano passaram a estudar com mais interesse e profundidade o assunto, levantando dados para escrever seu primeiro livro de história.
Conforme Karina Santiago, isso aumentou o envolvimento do estudante com o conteúdo. “Ao escrever histórias fictícias nas quais os alunos devem fazer parte do enredo, exige-se deles que se apropriem do assunto para saber como se inserir no contexto histórico da época”, explicou a educadora salesiana.
Avaliação positiva
A avaliação da turma foi muito positiva, como mostra a aluna Maria Carolina Cavalcanti, agora também autora do livro A peste negra: “Essa maneira de estudar nos tira da mesmice, tornando mais dinâmica e interessante a aprendizagem sobre um período da história dos homens e da sociedade”, avaliou.
Outros títulos produzidos pelos alunos foram A vida de um servo, de Gabriel Fischer, Conflitos e acordos, de Giovanna Medeiros, O filho do nobre, de João Victor Lubambo, e Vida feudal, do aluno Manoel Nogueira, entre outros.