Caro P. Tiago, poderia nos dizer o que mais lhe agrada em sua Região do ponto de vista missionário?
O que mais me agrada da missão salesiana na Região Cone Sul é a riqueza e a diversidade cultural que se encontra em cada país, o que, no entanto, exige diálogo constante, capacidade de adaptação e respeito às diferenças. A força e a esperança dos jovens e a vitalidade das comunidades também são pontos de grande alegria, pois demonstram o quanto o carisma salesiano está vivo e presente aqui. Além disso, o compromisso com as populações mais vulneráveis, como os povos indígenas, as comunidades rurais e as periferias urbanas, é algo que toca profundamente o coração da nossa missão. A região Cone Sul oferece grandes desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades admiráveis para viver a missão salesiana. Ver a força da missão em tantos contextos diferentes é uma das maiores alegrias desta minha nova missão.
Neste mês, estamos pensando especialmente nos pais que perderam um filho. Qual é a realidade no Brasil em relação a essa questão delicada?
No Brasil, infelizmente, esse é um grande flagelo social, com inúmeras famílias enfrentando a dor de perder seus filhos para a violência, os assassinatos ou feminicídios, acidentes de trânsito e a crescente crise da saúde mental. Segundo os jornais, nos últimos três anos foram registradas mais de 15.000 mortes de crianças e jovens no País, sendo 90% de meninos. Os pais, além de enfrentarem o luto, muitas vezes devem lidar com o isolamento social. No contexto da violência, há ainda o agravante de uma sociedade que muitas vezes marginaliza essas famílias, principalmente quando as vítimas são jovens da periferia, imersos em uma cultura de negligência e preconceito. Não podemos esquecer também as famílias que enfrentam o suicídio de seus filhos, um tema cercado de tabus e incompreensões.
Os salesianos estão envolvidos de alguma forma concreta na ajuda a esses pais?
A Congregação Salesiana no Brasil une se ao apelo do Papa Francisco para estar perto deles e ser solidária com eles. Na oração, pedimos a Deus que console essas mães e pais, acolhendo em seus corações cada lágrima derramada e cada grito de dor. Ao mesmo tempo, as seis Inspetorias brasileiras estão comprometidas com o trabalho de construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde os jovens possam viver com dignidade e as famílias não tenham mais que enterrar seus filhos tão cedo. Tudo isso é feito através de obras sociais, centros juvenis, oratórios, paróquias, escolas, lares adotivos e projetos socioeducativos.
Fonte: Cagliero 11