Salesianos abrem as portas a refugiados afegãos: a história de Mustafá

Sexta, 06 Janeiro 2023 15:45 Escrito por  Agência Info Salesiana
Mustafá, engenheiro especializado em construções, está na Itália desde 2021 e obteve, há poucas semanas, o status de refugiado, assim como o restante da família.


“Gosto muito da Itália. Em Macerata me sinto bem. Não quero que o futuro dos nossos filhos seja igual ao meu. Tudo aquilo que eu tinha se evaporou: tudo se foi num segundo. Desejo para eles uma vida tranquila e cheia de alegria”. Quem diz isso é Mustafá Alizada, 24 anos, mas com um recente passado muito atribulado: um jovem afegão que se refugiou na Itália, acolhido com sua família pelos Salesianos de Macerata.

Por seus olhos sempre sorridentes e cheios de gratidão não se poderia dizer que já viveu o inferno, que já viu horrores, que um pedaço do seu coração se ficou em Kabul, no seu Afeganistão. Com a tomada do poder pelos talibãs, em agosto de 2021, teve – como todos aqueles de etnia hazara (xiitas), perseguidos pelo regime – de fugir com a família. A decisão foi tomada num átimo, a única possível para reter uma esperança de êxito: um ‘tweet’ que lhes salvou a vida; e depois, caia-fora!, de carro, de noite – camuflados para não se deixarem reconhecer – até o Paquistão.

Ali achou refúgio com a mulher, o filho recém-nascido em Kabul, o outro de quatro anos e os sogros: 21 dias de espera; depois o avião que os levou à Itália e a uma nova vida.

Mustafá, engenheiro especializado em construções, está na Itália desde 2021 e obteve há poucas semanas o status de refugiado, assim como o restante da família. Entre uma saudação e outra aos seus amigos, com os Salesianos na Via Dom Bosco, onde foi acolhido, ali vive com a mulher, filhos e sogros; e encontra a força de contar a sua história.

Dias de caos

 

“Quando os talebãs tomaram o poder, sabíamos do perigo que corríamos e que deveríamos deixar o país quanto antes. Por meio de minha cunhada e uma jornalista, ativistas com ‘Afghanistan Women’s Political Partecipation Network’, foi mandado um ‘tweet’ a Maria Grazia Mazzola, jornalista da RAI, que logo entrou em ação. Devia nascer nosso segundo filho. Esses dias foram um caos. Minha mulher deu à luz em Kabul. A seguir fugimos para o Paquistão. Viajamos de noite: das mulheres só se viam os olhos. Tínhamos medo. Graças àquele “tweet”, depois de 21 dias partimos para a Itália”.

No momento, Mustafá realiza o serviço civil com os Salesianos: acompanha as atividades dos jovens: em breve começará a trabalhar numa empresa de construção. Inicialmente como operário e, depois, quem sabe, poderá aspirar a uma qualificação mais alta - como a que tinha em seu país: espera pela equiparação dos títulos de estudo (o que já está tentando através de uma universidade on-line. Desde que chegou, nunca deixou de estudar: cursos e mais cursos de italiano, para aperfeiçoar a comunicação. E está conseguindo, embora a passagem para o italiano não lhe seja realmente fácil.

“Agradeço aos Salesianos que nos deram a mão nos momentos mais difíceis da nossa vida, por ceder-nos um lugar em que viver e ter-nos ajudado com trabalho. Para nós são irmãos e amigos: são a nossa família”.

“Quando chegaram, no ano passado, foi um sinal da providência para nós. Pensem só: deparar-se com uma família com uma criança de pouco mais de um mês... Isso fez-nos dar concretitude ao acolhimento e a todas as consequências: ir ao médico, ao cartório, impressões digitais, supermercado para a carne ‘halal’, e assim por diante. Ao mesmo tempo, foi-nos uma lição: ensinou-nos a não sufocar os hóspedes, mas cobri-los de cuidados. Vê-se que não são migrantes econômicos: foram arrancados da própria terra. Um dia viviam normalmente, no dia seguinte eram fugitivos; e, a seguir ainda, acolhidos num país de cultura diferente, obrigados a fazer as contas com a solidariedade, a serem... hóspedes. Isso ensina que a acolhida exige pôr-se à escuta de quem chega”, relata o padre Francisco Galante, diretor da Casa de Macerata.

Antes de começar o serviço civil, “se Mustafá nos visse trabalhar e se, por acaso, não lhe pedisse ajuda, ofendia-se. Tamanho é seu desejo de fazer, de pôr-se à disposição. Já fez amizade com todos aqui”, prossegue o padre Galante. Além de socializar com os voluntários, Mustafá e a família o fazem com os estudantes universitários que vivem no apartamento ao lado do seu.

Da Rede Humanitária da sociedade civil, fundada por Mazzola, fazem parte, além de Salesianos para o Social - APS: o “Grupo Abel” do padre Ciotti, a União Mulheres na Itália, as Igrejas Cristãs Evangélicas Batistas, a cooperativa “Uma Cidade não basta”, a associação “Federico nel cuore”. Através da ‘Rete’ foram acolhidos 11 núcleos familiares na Itália.

Fonte: Agência Info Salesiana

 

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Última modificação em Sexta, 06 Janeiro 2023 16:17

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Salesianos abrem as portas a refugiados afegãos: a história de Mustafá

Sexta, 06 Janeiro 2023 15:45 Escrito por  Agência Info Salesiana
Mustafá, engenheiro especializado em construções, está na Itália desde 2021 e obteve, há poucas semanas, o status de refugiado, assim como o restante da família.


“Gosto muito da Itália. Em Macerata me sinto bem. Não quero que o futuro dos nossos filhos seja igual ao meu. Tudo aquilo que eu tinha se evaporou: tudo se foi num segundo. Desejo para eles uma vida tranquila e cheia de alegria”. Quem diz isso é Mustafá Alizada, 24 anos, mas com um recente passado muito atribulado: um jovem afegão que se refugiou na Itália, acolhido com sua família pelos Salesianos de Macerata.

Por seus olhos sempre sorridentes e cheios de gratidão não se poderia dizer que já viveu o inferno, que já viu horrores, que um pedaço do seu coração se ficou em Kabul, no seu Afeganistão. Com a tomada do poder pelos talibãs, em agosto de 2021, teve – como todos aqueles de etnia hazara (xiitas), perseguidos pelo regime – de fugir com a família. A decisão foi tomada num átimo, a única possível para reter uma esperança de êxito: um ‘tweet’ que lhes salvou a vida; e depois, caia-fora!, de carro, de noite – camuflados para não se deixarem reconhecer – até o Paquistão.

Ali achou refúgio com a mulher, o filho recém-nascido em Kabul, o outro de quatro anos e os sogros: 21 dias de espera; depois o avião que os levou à Itália e a uma nova vida.

Mustafá, engenheiro especializado em construções, está na Itália desde 2021 e obteve há poucas semanas o status de refugiado, assim como o restante da família. Entre uma saudação e outra aos seus amigos, com os Salesianos na Via Dom Bosco, onde foi acolhido, ali vive com a mulher, filhos e sogros; e encontra a força de contar a sua história.

Dias de caos

 

“Quando os talebãs tomaram o poder, sabíamos do perigo que corríamos e que deveríamos deixar o país quanto antes. Por meio de minha cunhada e uma jornalista, ativistas com ‘Afghanistan Women’s Political Partecipation Network’, foi mandado um ‘tweet’ a Maria Grazia Mazzola, jornalista da RAI, que logo entrou em ação. Devia nascer nosso segundo filho. Esses dias foram um caos. Minha mulher deu à luz em Kabul. A seguir fugimos para o Paquistão. Viajamos de noite: das mulheres só se viam os olhos. Tínhamos medo. Graças àquele “tweet”, depois de 21 dias partimos para a Itália”.

No momento, Mustafá realiza o serviço civil com os Salesianos: acompanha as atividades dos jovens: em breve começará a trabalhar numa empresa de construção. Inicialmente como operário e, depois, quem sabe, poderá aspirar a uma qualificação mais alta - como a que tinha em seu país: espera pela equiparação dos títulos de estudo (o que já está tentando através de uma universidade on-line. Desde que chegou, nunca deixou de estudar: cursos e mais cursos de italiano, para aperfeiçoar a comunicação. E está conseguindo, embora a passagem para o italiano não lhe seja realmente fácil.

“Agradeço aos Salesianos que nos deram a mão nos momentos mais difíceis da nossa vida, por ceder-nos um lugar em que viver e ter-nos ajudado com trabalho. Para nós são irmãos e amigos: são a nossa família”.

“Quando chegaram, no ano passado, foi um sinal da providência para nós. Pensem só: deparar-se com uma família com uma criança de pouco mais de um mês... Isso fez-nos dar concretitude ao acolhimento e a todas as consequências: ir ao médico, ao cartório, impressões digitais, supermercado para a carne ‘halal’, e assim por diante. Ao mesmo tempo, foi-nos uma lição: ensinou-nos a não sufocar os hóspedes, mas cobri-los de cuidados. Vê-se que não são migrantes econômicos: foram arrancados da própria terra. Um dia viviam normalmente, no dia seguinte eram fugitivos; e, a seguir ainda, acolhidos num país de cultura diferente, obrigados a fazer as contas com a solidariedade, a serem... hóspedes. Isso ensina que a acolhida exige pôr-se à escuta de quem chega”, relata o padre Francisco Galante, diretor da Casa de Macerata.

Antes de começar o serviço civil, “se Mustafá nos visse trabalhar e se, por acaso, não lhe pedisse ajuda, ofendia-se. Tamanho é seu desejo de fazer, de pôr-se à disposição. Já fez amizade com todos aqui”, prossegue o padre Galante. Além de socializar com os voluntários, Mustafá e a família o fazem com os estudantes universitários que vivem no apartamento ao lado do seu.

Da Rede Humanitária da sociedade civil, fundada por Mazzola, fazem parte, além de Salesianos para o Social - APS: o “Grupo Abel” do padre Ciotti, a União Mulheres na Itália, as Igrejas Cristãs Evangélicas Batistas, a cooperativa “Uma Cidade não basta”, a associação “Federico nel cuore”. Através da ‘Rete’ foram acolhidos 11 núcleos familiares na Itália.

Fonte: Agência Info Salesiana

 

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