Teresa Valsé: exemplo vocacional

Terça, 03 Setembro 2019 09:38 Escrito por  Ir. Sylwia Ciężkowska, FMA
Em 3 de setembro, é celebrada a memória da Venerável Teresa Valsé Pantellini, a FMA mais jovem cujo processo de beatificação e canonização já começou. A sua experiência pode ajudar os jovens de hoje a compreenderem que é possível encontrar o verdadeiro sentido da vida!  

Teresa Valsé Pantellini tinha tudo para ser feliz: dotes de inteligência e beleza; uma alta posição social; a educação feita nas melhores instituições femininas; uma casa de férias com empregados à sua disposição; a oportunidade de viajar pela Itália, onde vivia, e ao estrangeiro; uma certa autonomia de decisão e uma excelente proposta de casamento aos 20 anos.

 

Mas ela não se deixou seduzir pelos critérios deste mundo. A partir dos recursos que a natureza e a sociedade lhe deram, Teresa começou a procurar o verdadeiro sentido da sua vida e, depois de perceber a luz, decidiu “irrevogavelmente” entrar em um instituto religioso educativo pobre para dar vida às meninas que não gozavam da mesma sorte que ela. A sua experiência de vida é ainda hoje uma luz para adultos e jovens, porque é fruto de um longo e árduo discernimento, acompanhado por Deus e por guias sábios que conheceu durante a sua juventude.

 

Na família

Nascida em Milão, Itália, a 10 de outubro de 1878, numa família abastada, Teresa vive serenamente a sua infância. Aos 12 anos, é matriculada no Conservatório de Poggio Imperiale. Apenas uma semana depois, morre-lhe o pai, muito querido. Amadurecida na dor, prepara-se para a primeira comunhão e nesse dia (29 de março de 1891) consagra-se a Cristo. Vive uma mudança interior, e isso não escapa à atenção das suas professoras. A sua escolha encontra terreno fecundo para o desenvolvimento nas Damas do Sagrado Coração, onde foi inscrita como interna em 1893. Teresa chama a atenção das professoras e companheiras pelas qualidades intelectuais e atitudes de bondade e mansidão. Naquele ambiente saudável e estimulante, ela fortalece o seu amor por Jesus e Maria.

 

A transferência da família em 1897, para Roma, e a residência perto da Igreja do Sagrado Coração, abrem novos horizontes a Teresa. Em junho de 1897, Teresa procura um guia espiritual e encontra o padre salesiano Frederico Bedeschi, experiente no acompanhamento de muitos jovens na sua escolha vocacional e que confessava na Basílica do Sagrado Coração. Teresa também acompanha todos os dias a sobrinha à escola, e deixa-se atrair pelo testemunho de alegria das Irmãs Salesianas, dedicadas às meninas pobres do bairro. Conversa com a superiora e passa a frequentar o oratório da casa.

 

Enquanto o confessor lhe fala das Irmãs Marcelinas e das Damas do Sagrado Coração, Teresa responde-lhe: “Esses institutos são muito lindos e eu gosto muito deles, mas devo dizer que tenho uma atração muito grande pelas FMA. [...] Na Sagrada Comunhão, Jesus diz-me claramente que a obra de Dom Bosco é a que tenho de abraçar e Ele quer-me ali”. O confessor não esconde as dificuldades que encontrará naquele Instituto que tem uma missão popular, mas Teresa não se deixa desencorajar. Pelo contrário, convence-o da autenticidade da sua vocação.

 

Com a morte da mãe, o irmão e o primo impedem a sua escolha. Para fazê-la mudar de ideia, decidem transferir-se de Roma para Pádua. O novo confessor proíbe a jovem de escrever ao padre Bedeschi. Graças à oração, à firmeza nas decisões e ao acompanhamento de oração do diretor espiritual de Roma, ela vence a batalha.

 

No Instituto

A 2 de fevereiro de 1901, Teresa entra no Instituto das FMA em Roma. Ali, aguarda-a uma nova provação: as superioras pedem ao inspetor dos Salesianos, padre Giovanni Marenco, que examine a sua vocação. Ele apresenta-lhe todo o tipo de dificuldades, propondo-lhe, por fim, que entre noutro instituto religioso, mas Teresa com respeito e firmeza não abdica da sua decisão. Depois de alguns meses, transfere-se para o noviciado. Todos os domingos, fica feliz por ir ao oratório com as meninas pobres e rudes do bairro. Ela encanta-as com o seu trato bondoso e delicado e pelo seu cuidado educativo. Conclui o período de formação inicial em Nizza Monferrato onde, a 3 de agosto de 1903, emite a profissão religiosa.

 

A irmã Teresa é especialista no teatro e na preparação das músicas, mas não deixa de ajudar nas tarefas domésticas. Enquanto isso, a doença (tuberculose) progride. A 25 de abril de 1907, a irmã Teresa cumprimenta pela última vez as irmãs e os oratorianos de Trastevere e segue para Turim, onde é recebida na enfermaria aberta pelas FMA em Valdocco. O seu físico é fraco, mas o espírito é forte e ainda espera se curar. A 3 de junho de 1907, ela apresenta à Superiora Geral o pedido para ser aceita, caso se recupere, entre as missionárias de partida para a China. Deixa esta terra a 3 de setembro de 1907, aos 28 anos.

 

Mensagem aos jovens

A Irmã Teresa Valsé Pantellini é a FMA mais jovem cujo processo de beatificação e canonização já começou. A sua experiência pode ajudar os jovens a compreenderem que é possível encontrar o verdadeiro sentido da vida! Apesar do espesso véu de dificuldades, obstáculos e dúvidas, Teresa diz-nos que Deus sempre manda alguém que nos apoia para nos fazer ver a luz (acompanhamento). A nossa condição humana dotada de liberdade, quando se abre à colaboração e ao dom de si, é capaz de captar essa luz (discernimento) e torná-la fecunda na própria vida, mas é necessário perseverar com docilidade e tenacidade, sem recuar (fé).

 

Irmã Sylwia Ciężkowska, FMA, é vice-postuladora das causas de santidade do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Escreveu este artigo como parte de uma série inspirada no tema do Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

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Última modificação em Terça, 03 Setembro 2019 09:44

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Teresa Valsé: exemplo vocacional

Terça, 03 Setembro 2019 09:38 Escrito por  Ir. Sylwia Ciężkowska, FMA
Em 3 de setembro, é celebrada a memória da Venerável Teresa Valsé Pantellini, a FMA mais jovem cujo processo de beatificação e canonização já começou. A sua experiência pode ajudar os jovens de hoje a compreenderem que é possível encontrar o verdadeiro sentido da vida!  

Teresa Valsé Pantellini tinha tudo para ser feliz: dotes de inteligência e beleza; uma alta posição social; a educação feita nas melhores instituições femininas; uma casa de férias com empregados à sua disposição; a oportunidade de viajar pela Itália, onde vivia, e ao estrangeiro; uma certa autonomia de decisão e uma excelente proposta de casamento aos 20 anos.

 

Mas ela não se deixou seduzir pelos critérios deste mundo. A partir dos recursos que a natureza e a sociedade lhe deram, Teresa começou a procurar o verdadeiro sentido da sua vida e, depois de perceber a luz, decidiu “irrevogavelmente” entrar em um instituto religioso educativo pobre para dar vida às meninas que não gozavam da mesma sorte que ela. A sua experiência de vida é ainda hoje uma luz para adultos e jovens, porque é fruto de um longo e árduo discernimento, acompanhado por Deus e por guias sábios que conheceu durante a sua juventude.

 

Na família

Nascida em Milão, Itália, a 10 de outubro de 1878, numa família abastada, Teresa vive serenamente a sua infância. Aos 12 anos, é matriculada no Conservatório de Poggio Imperiale. Apenas uma semana depois, morre-lhe o pai, muito querido. Amadurecida na dor, prepara-se para a primeira comunhão e nesse dia (29 de março de 1891) consagra-se a Cristo. Vive uma mudança interior, e isso não escapa à atenção das suas professoras. A sua escolha encontra terreno fecundo para o desenvolvimento nas Damas do Sagrado Coração, onde foi inscrita como interna em 1893. Teresa chama a atenção das professoras e companheiras pelas qualidades intelectuais e atitudes de bondade e mansidão. Naquele ambiente saudável e estimulante, ela fortalece o seu amor por Jesus e Maria.

 

A transferência da família em 1897, para Roma, e a residência perto da Igreja do Sagrado Coração, abrem novos horizontes a Teresa. Em junho de 1897, Teresa procura um guia espiritual e encontra o padre salesiano Frederico Bedeschi, experiente no acompanhamento de muitos jovens na sua escolha vocacional e que confessava na Basílica do Sagrado Coração. Teresa também acompanha todos os dias a sobrinha à escola, e deixa-se atrair pelo testemunho de alegria das Irmãs Salesianas, dedicadas às meninas pobres do bairro. Conversa com a superiora e passa a frequentar o oratório da casa.

 

Enquanto o confessor lhe fala das Irmãs Marcelinas e das Damas do Sagrado Coração, Teresa responde-lhe: “Esses institutos são muito lindos e eu gosto muito deles, mas devo dizer que tenho uma atração muito grande pelas FMA. [...] Na Sagrada Comunhão, Jesus diz-me claramente que a obra de Dom Bosco é a que tenho de abraçar e Ele quer-me ali”. O confessor não esconde as dificuldades que encontrará naquele Instituto que tem uma missão popular, mas Teresa não se deixa desencorajar. Pelo contrário, convence-o da autenticidade da sua vocação.

 

Com a morte da mãe, o irmão e o primo impedem a sua escolha. Para fazê-la mudar de ideia, decidem transferir-se de Roma para Pádua. O novo confessor proíbe a jovem de escrever ao padre Bedeschi. Graças à oração, à firmeza nas decisões e ao acompanhamento de oração do diretor espiritual de Roma, ela vence a batalha.

 

No Instituto

A 2 de fevereiro de 1901, Teresa entra no Instituto das FMA em Roma. Ali, aguarda-a uma nova provação: as superioras pedem ao inspetor dos Salesianos, padre Giovanni Marenco, que examine a sua vocação. Ele apresenta-lhe todo o tipo de dificuldades, propondo-lhe, por fim, que entre noutro instituto religioso, mas Teresa com respeito e firmeza não abdica da sua decisão. Depois de alguns meses, transfere-se para o noviciado. Todos os domingos, fica feliz por ir ao oratório com as meninas pobres e rudes do bairro. Ela encanta-as com o seu trato bondoso e delicado e pelo seu cuidado educativo. Conclui o período de formação inicial em Nizza Monferrato onde, a 3 de agosto de 1903, emite a profissão religiosa.

 

A irmã Teresa é especialista no teatro e na preparação das músicas, mas não deixa de ajudar nas tarefas domésticas. Enquanto isso, a doença (tuberculose) progride. A 25 de abril de 1907, a irmã Teresa cumprimenta pela última vez as irmãs e os oratorianos de Trastevere e segue para Turim, onde é recebida na enfermaria aberta pelas FMA em Valdocco. O seu físico é fraco, mas o espírito é forte e ainda espera se curar. A 3 de junho de 1907, ela apresenta à Superiora Geral o pedido para ser aceita, caso se recupere, entre as missionárias de partida para a China. Deixa esta terra a 3 de setembro de 1907, aos 28 anos.

 

Mensagem aos jovens

A Irmã Teresa Valsé Pantellini é a FMA mais jovem cujo processo de beatificação e canonização já começou. A sua experiência pode ajudar os jovens a compreenderem que é possível encontrar o verdadeiro sentido da vida! Apesar do espesso véu de dificuldades, obstáculos e dúvidas, Teresa diz-nos que Deus sempre manda alguém que nos apoia para nos fazer ver a luz (acompanhamento). A nossa condição humana dotada de liberdade, quando se abre à colaboração e ao dom de si, é capaz de captar essa luz (discernimento) e torná-la fecunda na própria vida, mas é necessário perseverar com docilidade e tenacidade, sem recuar (fé).

 

Irmã Sylwia Ciężkowska, FMA, é vice-postuladora das causas de santidade do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Escreveu este artigo como parte de uma série inspirada no tema do Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

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