Meu nome é Luis Felipe Oliveira, tenho 21 anos e fui aluno do Instituto Nossa Senhora de Lourdes, em Gravatá, PE, entre os anos de 2002 e 2013, da 1ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Hoje estudo na Universidade Federal de Pernambuco, faltando apenas alguns meses para terminar minha graduação, que não é uma das mais procuradas no período de Vestibular: o meu curso é Bacharelado em Piano.
Talvez você se pergunte: “Por que fazer um curso superior em piano se você pode dedicar seu tempo a algo que vai lhe dar mais dinheiro, como medicina, direito ou engenharia?” E eu lhe diria que a resposta é bem simples. Mas antes, deixa eu te contar um pouco da minha história.
Desde muito novo eu fui interessado em música, nos instrumentos de orquestra, repertórios etc. Então comecei a ter aulas de teclado e aos 11 anos, a Ir. Abigail, que era uma das irmãs do colégio nesse período, me convidou a tocar nos eventos da escola e, consequentemente, acabei sendo convidado a tocar junto ao Coro da Matriz de Sant’Ana, principal igreja da cidade.
O tempo passou e eu conheci o piano por volta dos 14 anos, na casa de uma senhora que viria a ser minha madrinha de crisma. Nesse mesmo período eu conheci o Festival Virtuosi Gravatá, que é um festival internacional de música clássica que acontece há 10 anos também na minha cidade e o sentimento de “quero fazer parte disso” foi sempre aumentando.
A questão é que havia uma dúvida cruel, pois eu também era apaixonado por química. O que eu deveria fazer: optar por um curso que talvez eu tivesse um pouco mais de facilidade para conseguir um emprego ou optar por um curso que, inconscientemente, era minha escolha desde criança? E a resposta veio de uma forma inusitada.
Em julho de 2013 aconteceu no Rio de Janeiro a JMJ – Jornada Mundial da Juventude – e meus pais, com muito esforço, me enviaram para lá com uma turma da minha escola. Confesso que não tenho muitas lembranças de todos os dias, mas tenho uma memória bem viva: o momento em que o Papa Francisco, em uma reflexão no último sábado do encontro, quando estávamos em vigília na orla de Copacabana, falou que “somos muito jovens e não devemos desperdiçar nossos talentos pessoais”. Parecia que eu estava numa conversa pessoal com o Papa e que ele me dizia para prestar vestibular para o Curso de Música.
Mas, voltando à pergunta do início desse texto, a resposta é: se você faz um trabalho apenas pelo dinheiro, ele não vai lhe trazer nada além do seu dinheiro. Mas, se você faz um trabalho porque gosta, porque se sente bem fazendo aquilo e faz com zelo e cuidado, então ele vai lhe trazer mais do que dinheiro. Vai trazer realização pessoal, um prazer maior de produzir, além de que seu trabalho vai ter um quê de especial apenas pelo fato de você realmente gostar do que faz.
Desde que iniciei meus estudos de forma séria em 2014, ao ingressar na universidade, tirei da cabeça a palavra “talento”. Afinal, você pode ser talentoso, mas isso é apenas 0,1% de tudo que vai precisar para crescer. Os 99,9% restantes vêm do esforço, das várias horas de estudo e do seu interesse em correr atrás.
Hoje eu posso dizer que fiz a escolha certa e, mesmo tendo começado a estudar piano tarde (os grandes pianistas têm seu início ainda na infância) estou conseguindo colher bons frutos em pouco tempo, como premiações em concursos (1º lugar no International Piano Concerto Competition; 3º lugar no Rachmaninov International Piano Competition for Young Pianists; 3º Lugar no Concurso de Piano da Casa de Música de Porto Alegre; 3º Lugar no Concurso de Piano Souza Lima, Menções Honrosas nos concursos de Piano Mackenzie e Edna Basseti Habith, entre outros).
Também recebi convites para apresentações no Festival Internacional de Música de Campina Grande, Festival Virtuosi Gravatá, Orquestra Sinfônica de Limeira-SP, Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernst Mahle, Escola Técnica Estadual de Criatividade Musical, Orquestra Sinfônica da UFPE, Orquestra Criança Cidadã... Ainda tive a sorte de, ao realizar um concerto beneficente em janeiro deste ano, sair de lá com o contato do escritório Lima e Falcão que, hoje, é meu colaborador oficial.
Pois bem, se tem uma mensagem que eu quero deixar pra você é essa: Não tente uma profissão por dinheiro, por imposição de outras pessoas ou porque você acha que a vida será mais fácil. Corra atrás da profissão que vai te fazer se sentir bem e que você sabe que estará exercendo com sua alma. Se for dessa forma, nunca vai lhe faltar nada para uma vida digna e honesta. O importante é não desistir e sempre persistir.