O estudo já estava em andamento há seis anos, iniciado pela entomologia (estudo dos insetos e larvas) forense e agora passou para a palinologia (pólens) forense. No entanto, dois integrantes do grupo viram no concurso a oportunidade de inovar a pesquisa na questão ambiental, conscientizando de que é preciso preservar a natureza, e ainda a criar um equipamento acoplado ao celular para acelerar o trabalho de análise feito hoje em laboratório por meio de microscópio.
“Estamos desenvolvendo um software para identificar os pólens, que poderá ser acessado diretamente do celular ou do computador, basta ter acesso a internet. O resultado do software é provar a existência ou inexistência de relação entre vítimas, suspeitos, testemunhas e/ou objetos, tudo através da localização dos grãos de pólen, assim colaborando na solução de crimes. A expectativa é termina-lo até o meio do ano que vem, junto com o TCC”, explica o acadêmico de Engenharia da Computação, Felipe Silveira Brito Borges, que acrescenta ainda que o aplicativo também vai ser útil para traçar rotas, evitando que pessoas alérgicas a pólen passem por determinadas regiões.
Na China, eles terão o desafio de desenvolver um equipamento de lentes adaptado a um telefone móvel, substituindo o trabalho atual, e acelerando a investigação de forma instantânea. “Com o protótipo, que vai ser acoplado no celular, o pólen vai ser fotografado no local e o sistema vai classificar e identificar de forma imediata. O aparelho precisa de uma ampliação de imagem em 400 vezes, para conseguir visualizar o pólen, fazer a interpretação e enviar essas informações para o aplicativo”, explica a acadêmica de Engenharia Civil, Juliana Velasques Balta.
O mestrando Geazy Vilharva Menezes (em Ciências da Computação da UFMS) destaca que uma das partes do trabalho “relaciona o tipo de vegetação, com o pólen encontrado na vítima, indicando a localização”. O resultado vai indicar se o crime aconteceu no local ou qual foi a região que ocorreu.
A doutoranda Ariadne Barbosa Gonçalves, do programa de Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB, que encabeça a pesquisa, já realizou testes em oito casos para comprovar a aplicabilidade do trabalho. “Sei qual é o pólen e qual a região de procedência dos grãos. O pólen encontrado no corpo não é compatível com a região onde foi encontrado. Essas afirmações já são possíveis de acessar, possibilitando fornecer informações para o perito, que as utilizará no inquérito policial para auxiliar a desvendar o caso”, explica.
Por ser uma ferramenta inédita no Brasil (a palinologia forense), a expectativa do grupo é que, um dia, o protótipo de lentes seja patenteado e o software registrado para que possa ser utilizado no mundo inteiro na elucidação de crimes. “Estão fornecendo uma tecnologia, uma ferramenta inédita no Brasil, e muito útil para os peritos para responder casos de crimes”, completa o coordenador do grupo Inovisão, Dr. Hemerson Pistori, professor do Programa em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, destaca o ineditismo da pesquisa no Brasil.
O professor Wedney Rodolpho de Oliveira, dos cursos de Ciências Biológicas e Direito da UCDB, que também é perito criminal da Coordenadoria Geral de Perícias do Mato Grosso do Sul, destaca a importância da pesquisa para o trabalho da perícia no Estado. “O estudo da palinologia é um trabalho que tem uma relevância social muito importante. Ainda que um trabalho desse demande anos ou décadas de pesquisas, a resolução de um crime já justificaria todo esse trabalho. Então, isso já valeu a pena”, enfatiza o professor, acrescentando que o mérito é dos acadêmicos da UCDB que tanto se empenharam neste projeto pioneiro, contribuindo para uma sociedade em que haja a melhor garantia da ordem e segurança pública.
Eles participam da grande final com todas as despesas pagas pelos patrocinadores (Universidade de Tsinghua e Banco Santander) e concorrem a US$ 6 mil no total, sendo US$ 3 mil para o primeiro lugar, US$ 2 mil para o segundo e US$ 1 mil para o terceiro colocado.
Fonte: RSB-Comunicação - Site da UCDB