Mais de 320 anos depois, os afrodescendentes continuam lutando para conquistar o espaço a que têm direito na sociedade e na Igreja.
Para o assessor nacional da Pastoral Afro-Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Jurandyr Araújo, a data deve, sim, ser comemorada, por inúmeras razões.
"É o símbolo da resistência dos negros, bem como da luta por direitos que seus descendentes reivindicam", salienta. Ele cita as conquistas obtidas por meio de outros dispositivos legais, como a punição por racismo, a lei das cotas raciais e, em especial, a lei 10.639/2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira nas escolas. "São exemplos de legislações que preveem certa reparação aos danos sofridos pela população negra na história do Brasil", acrescenta.
Em relação à Igreja, padre Jurandyr avalia que o movimento negro tem progredido significativamente, com o surgimento de muitos grupos. Isso acaba revelando a vitalidade e a sintonia dos seguimentos representativos da comunidade negra com as pessoas que lhe são solidários.
Porém, ele acredita que ainda há muito a fazer. "É hora de passar das análises e dos discursos para ações afirmativas e concretas, que deem resultados positivos e que possam contribuir efetivamente na criação de novas condições que estabeleçam um processo de superação das desigualdades", aponta.
Romaria das Comunidades Negras
Para celebrar a importância da data para o povo brasileiro, há 19 anos a Pastoral Afro-Brasileira realiza, em Aparecida, SP, a Romaria das Comunidades Negras ao Santuário Nacional.
De acordo com padre Jurandyr, a cada edição uma diocese é escolhida em assembleia para preparar o evento. Este ano a arquidiocese de Maringá, PR, foi a responsável pelo evento, realizado no dia 7 de novembro, com o tema “O clamor do povo negro, com a Mãe Aparecida, na luta por uma vida digna” e lema “A dignidade acontece na luta por direitos”.
A Pastoral Afro-Brasileira está presente em todas as dioceses do Brasil, por meio de grupos organizados, ou não, e ligados, ou não à Igreja
Ainda segundo o sacerdote, a preparação para o Dia da Consciência tem sido intensa e leva em consideração todo o mês de novembro, dedicado a reflexões sobre o papel dos afrodescendentes.
Durante todo o mês, cada comunidade, paróquia e diocese tem organizado palestras, celebrações, danças, visitas e também atividades de conscientização sobre racismo e discriminação.
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Reportagem de Deniele Simões exibida no Jornal Santuário - Aparecida