Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo: mártires na defesa dos povos indígenas

Segunda, 26 Agosto 2024 20:04 Escrito por  Com informações: Missão Salesiana de Mato Grosso – MSMT
Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo: mártires na defesa dos povos indígenas Imagem: MSMT
Hoje, quando os conflitos por terra e recursos continuam a ameaçar a vida e as culturas dos povos indígenas, os exemplos de coragem e sacrifício de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo são mais relevantes do que nunca.

 

Todos os anos, em 15 de julho, os moradores da terra indígena de Meruri, no Mato Grosso, se reúnem em uma celebração no pátio da Missão Salesiana. Ali, uma grande cruz e uma pedra branca marcam o local em que padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo foram assassinados, em 1976, ao defenderem a justa demarcação das terras do povo Boe-bororo.

 

“Eu vim para servir e dar a vida”

Este era o lema sacerdotal do padre Rodolfo Lunkenbein, que em 1976 dirigia a Missão salesiana na aldeia de Meruri, no Mato Grosso, onde Salesianos de Dom Bosco (SDB) e Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) desenvolviam o trabalho junto aos Boe-bororo.

O missionário alemão tinha 37 anos e era uma voz ativa na defesa dos direitos dos indígenas, em um período de intensa pressão e conflitos fundiários. Percebendo que, em Meruri, a tensão com os fazendeiros do entorno estava se acirrando, padre Rodolfo fez vários apelos para que as autoridades governamentais se posicionassem e evitassem um confronto.

Mas, em 15 de julho daquele ano, cerca de 60 fazendeiros armados chegaram à aldeia e começaram a atirar. Padre Rodolfo foi o alvo principal dos invasores, e Simão Cristino, um indígena atuante na comunidade, foi atingido ao tentar defender o missionário.

Suas mortes trágicas ecoaram não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, destacando a gravidade dos conflitos fundiários e a necessidade urgente de proteção aos direitos dos povos indígenas.

Naquele mesmo ano de 1976, a terra foi demarcada e onze anos mais tarde, em 11 de fevereiro de 1987, os 82 mil hectares, localizados nos Municípios General Carneiro e Barra do Garças, MT, foram definitivamente homologados por Decreto Presidencial para o povo Boe-bororo.

A causa para que a santidade de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo seja reconhecida oficialmente pela Igreja foi aberta em 2018. No ano seguinte, a Congregação para a Causa dos Santos no Vaticano reconheceu oficialmente ambos como mártires, um passo significativo no processo de sua beatificação.

A história de Padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo é uma poderosa lembrança da importância da solidariedade, da defesa dos direitos humanos e da justiça social. Hoje, quando os conflitos por terra e recursos continuam a ameaçar a vida e as culturas dos povos indígenas, seus exemplos de coragem e sacrifício são mais relevantes do que nunca.

 

Quem foi Rodolfo Lunkenbein?

Rodolfo Lunkenbein nasceu na Alemanha e, desde jovem, manifestou sua vocação missionária. Após o noviciado salesiano, trabalhou no Cerrado de Mato Grosso, onde desenvolveu uma forte ligação com os povos indígenas. Voltou à Alemanha para estudar Teologia e outros cursos que facilitassem a continuação de sua missão no Brasil.

Ordenado sacerdote em 29 de junho de 1969, pode voltar a Meruri, onde foi recebido Boe-bororo, que lhe deram o nome de Koge Ekureu (Peixe Dourado). Padre Rodolfo participou da fundação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972. Lutou pelos direitos dos indígenas e especialmente pela demarcação da reserva de Meruri, conquistada no ano de sua morte, em 1976.

 

Quem foi Simão Bororo?

Simão Cristino nasceu em Meruri, em 27 de outubro de 1937, e foi batizado em 7 de novembro do mesmo ano. Integrou o primeiro grupo de Bororo que acompanhou os missionários salesianos entre os Xavante, na missão de Santa Terezinha, entre os anos de 1957 e 1958.

Entre 1962 e 1964, participou da construção das primeiras casas de alvenaria para as famílias Bororo de Meruri. Tornou-se pedreiro prático e dedicou o resto de sua vida a este ofício, colaborando na aldeia e na missão.

Simão continua vivo na memória da Igreja missionária. O CIMI dedicou seu nome à sede central do Regional de Mato Grosso, e a Igreja de Rondonópolis honra-o na Caminhada dos Mártires, feita anualmente pelas ruas da cidade.

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo: mártires na defesa dos povos indígenas

Segunda, 26 Agosto 2024 20:04 Escrito por  Com informações: Missão Salesiana de Mato Grosso – MSMT
Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo: mártires na defesa dos povos indígenas Imagem: MSMT
Hoje, quando os conflitos por terra e recursos continuam a ameaçar a vida e as culturas dos povos indígenas, os exemplos de coragem e sacrifício de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo são mais relevantes do que nunca.

 

Todos os anos, em 15 de julho, os moradores da terra indígena de Meruri, no Mato Grosso, se reúnem em uma celebração no pátio da Missão Salesiana. Ali, uma grande cruz e uma pedra branca marcam o local em que padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo foram assassinados, em 1976, ao defenderem a justa demarcação das terras do povo Boe-bororo.

 

“Eu vim para servir e dar a vida”

Este era o lema sacerdotal do padre Rodolfo Lunkenbein, que em 1976 dirigia a Missão salesiana na aldeia de Meruri, no Mato Grosso, onde Salesianos de Dom Bosco (SDB) e Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) desenvolviam o trabalho junto aos Boe-bororo.

O missionário alemão tinha 37 anos e era uma voz ativa na defesa dos direitos dos indígenas, em um período de intensa pressão e conflitos fundiários. Percebendo que, em Meruri, a tensão com os fazendeiros do entorno estava se acirrando, padre Rodolfo fez vários apelos para que as autoridades governamentais se posicionassem e evitassem um confronto.

Mas, em 15 de julho daquele ano, cerca de 60 fazendeiros armados chegaram à aldeia e começaram a atirar. Padre Rodolfo foi o alvo principal dos invasores, e Simão Cristino, um indígena atuante na comunidade, foi atingido ao tentar defender o missionário.

Suas mortes trágicas ecoaram não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, destacando a gravidade dos conflitos fundiários e a necessidade urgente de proteção aos direitos dos povos indígenas.

Naquele mesmo ano de 1976, a terra foi demarcada e onze anos mais tarde, em 11 de fevereiro de 1987, os 82 mil hectares, localizados nos Municípios General Carneiro e Barra do Garças, MT, foram definitivamente homologados por Decreto Presidencial para o povo Boe-bororo.

A causa para que a santidade de padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo seja reconhecida oficialmente pela Igreja foi aberta em 2018. No ano seguinte, a Congregação para a Causa dos Santos no Vaticano reconheceu oficialmente ambos como mártires, um passo significativo no processo de sua beatificação.

A história de Padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo é uma poderosa lembrança da importância da solidariedade, da defesa dos direitos humanos e da justiça social. Hoje, quando os conflitos por terra e recursos continuam a ameaçar a vida e as culturas dos povos indígenas, seus exemplos de coragem e sacrifício são mais relevantes do que nunca.

 

Quem foi Rodolfo Lunkenbein?

Rodolfo Lunkenbein nasceu na Alemanha e, desde jovem, manifestou sua vocação missionária. Após o noviciado salesiano, trabalhou no Cerrado de Mato Grosso, onde desenvolveu uma forte ligação com os povos indígenas. Voltou à Alemanha para estudar Teologia e outros cursos que facilitassem a continuação de sua missão no Brasil.

Ordenado sacerdote em 29 de junho de 1969, pode voltar a Meruri, onde foi recebido Boe-bororo, que lhe deram o nome de Koge Ekureu (Peixe Dourado). Padre Rodolfo participou da fundação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972. Lutou pelos direitos dos indígenas e especialmente pela demarcação da reserva de Meruri, conquistada no ano de sua morte, em 1976.

 

Quem foi Simão Bororo?

Simão Cristino nasceu em Meruri, em 27 de outubro de 1937, e foi batizado em 7 de novembro do mesmo ano. Integrou o primeiro grupo de Bororo que acompanhou os missionários salesianos entre os Xavante, na missão de Santa Terezinha, entre os anos de 1957 e 1958.

Entre 1962 e 1964, participou da construção das primeiras casas de alvenaria para as famílias Bororo de Meruri. Tornou-se pedreiro prático e dedicou o resto de sua vida a este ofício, colaborando na aldeia e na missão.

Simão continua vivo na memória da Igreja missionária. O CIMI dedicou seu nome à sede central do Regional de Mato Grosso, e a Igreja de Rondonópolis honra-o na Caminhada dos Mártires, feita anualmente pelas ruas da cidade.

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.