Para culminância da programação, os professores decidiram teatralizar o tradicional REAHUMOU, como faziam os antigos Xaponos. “A festa do Reahu é a nossa mais importante festa. Nela está sintetizada a cultura Yanomami e o modo de convivência comunitária, como os antigos viviam”, comentou o prof. Rogério Lins.
As tarefas preparatórias da festa foram divididas entre todas as turmas da escola desde o 4° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio, com a assessoria dos educadores. Cada qual, segundo sua idade , foi incumbido de responsabilidades e temáticas para aprendizagem:
Wãyamou – comunicação entre os patas no xapono;
Nohi-rëayou – rituais de cura pelos pajés;
Pruka iyai – partilha comunitária de alimentos
Reahumou – realização da festa da banana;
Himou – solicitação de bananas;
Heniomou – caça coletiva para o reahu (moqueação)
Hamamou – mensageiros entre os xaponos, visitantes;
Xoayou – visita de outros xaponos;
Na véspera do evento, alunos e professores recolheram folhas de palmeiras, paus, cipós e construíram pequenos tapiris representando um xapono tradicional com as divisões próprias da época e os personagens de cada grupo: prowë-prowë; patayoma, ihiru, moko-moko, huya-huya.
O teatro desenrolou-se no pátio da missão salesiana sob o olhar atento das lideranças: caciques, tuxauas, hekuras, lideranças comunitárias; além de convidados das instituições locais: gestores das escolas municipais, agentes de saúde, associações e toda a aldeia.
Na parte de trás do xapono, os alunos representaram cenas da vida atual dos yanomami, já com a presença das instituições que atuam na localidade: militares, professores, agentes de saúde, missionários, comerciantes… “O Yanomami vivia de um jeito antes do contato como os napë [pessoas não indígenas], hoje vivemos de outros modos. Tem outras pessoas que colaboram com a aldeia. Algumas coisas são boas e outras não são boas como o álcool. Achamos importante refletir sobre esses dois lados”, afirmou o professor Vilmar Matos.
A representação do Reahu tradicional durou cerca de 3 horas, sem interrupção. O público presente manifestava sua aprovação com risos, aplausos e comentários na língua indígena – “Inaha Kë”, é assim mesmo!
No final, foi servido um lanche aos presentes, como forma de recordar a partilha dos alimentos da moqueação (Pruka iyai), onde cada família recebia parte das caças moqueadas e frutas coletadas durante o período preparatório da festa.
Fonte: Inspetoria São Domingos Sávio