Papa Francisco faz discurso em homenagem ao bispo salesiano Dom Camilo Faresin

Segunda, 18 Março 2024 11:05 Escrito por  Euclides Fernandes, com informações Vatican News
Papa Francisco faz discurso em homenagem ao bispo salesiano Dom Camilo Faresin Dom Camilo Faresin Arquivo Inspetorial MSMT
Neste sábado (16/03), na Sala Clemantina, no Vaticano, o Santo Padre Papa Francisco fez um discurso aos membros da Fundação “Dom Camillo Faresin”, de Maragnole di Breganze (Vicenza).  

 

A homenagem é uma grande honra à Congregação Salesiana porque é um elogio claro e direto a um dos filhos de Dom Bosco que marcaram a história da Inspetoria Salesiana de Campo-Grande. “Em clima celebrativo dos 130 anos da Inspetoria, Dom Camilo foi um dos grandes que construíram a nossa história, quer como simples salesiano, quer como bispo missionário”, declarou o P. João Bosco Monteiro Maciel, secretário inspetorial da MSMT.

 

Segue abaixo, a íntegra do discurso do Papa.

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

 

Sinto-me feliz por vos receber por ocasião do vigésimo aniversário da vossa Fundação. Hoje trazeis aqui vinte anos repletos de iniciativas a serviço dos mais pobres, seguindo os passos de Dom Camillo Faresin, durante muito tempo Bispo de Guiratinga no Mato Grosso, exemplo de sensibilidade missionária e de fé na Providência, e também de seus dois irmãos: Padre Santo, também missionário salesiano, e Padre Giovanni Battista, sacerdote diocesano.

 

Propuseste-vos assumir o testemunho da sua caridade, fazendo com que sejam vossas a sua tenacidade e abertura de espírito no serviço aos outros. E isso vos levou a realizar vosso trabalho no Brasil, na Itália e em outras partes do mundo, estendendo-a a diversos campos: da formação à assistência social, à saúde, à oferta de condições de vida dignas e oportunidades de trabalho para muitas pessoas.

 

Olhando para o vosso compromisso, gostaria de sublinhar e encorajar duas importantes linhas de ação: trabalhar entre os últimos e trabalhar juntos. Primeiro: trabalhar entre os últimos. Dom Faresin e seus irmãos eram pessoas de origem humilde. Aprenderam o valor da caridade e do fervor missionário no contexto de uma família simples, devotada, modesta e digna, uma família como muitas das nossas. Naquele ambiente puderam captar, com a graça de Deus, uma mensagem e um convite para o seu futuro de estar entre os últimos para ajudar os últimos, e fizeram-no com amor incansável, generosidade e inteligência, mesmo no meio de grandes dificuldades.

 

Lembramos, a esse respeito, que o nome do Bispo Camillo está incluído, em Jerusalém, entre os do “Jardim dos Justos”, justamente porque, antes mesmo de poder partir para o Brasil, bloqueado em Roma devido à Segunda Guerra Mundial, ele não ficou parado pelas circunstâncias, fazendo o máximo com caridade e coragem na assistência aos judeus perseguidos.

 

Assim foi durante toda a sua vida, como sacerdote e depois como bispo, com um impulso irresistível de estar perto dos mais desafortunados. Até que, terminado seu mandato episcopal, pediu e obteve permissão para permanecer entre seu povo, em Mato Grosso, até sua morte, como humilde servo dos últimos, continuando assim no escondimento, como amigo e companheiro de viagem, o mesmo ministério que desempenhou como guia e pastor durante muitos anos.

 

O que ele nos deixou é um grande exemplo a imitar: estar com os últimos, sempre! Mas como? Escolhendo e privilegiando, nos vossos projetos, as realidades mais pobres e desprezadas como lugares especiais onde permanecer, e como “terras prometidas” para as quais podeis partir e onde podeis “montar as vossas tendas” para iniciar novas obras (veja Dt 1, 8). E fazei de modo concreto e junto das comunidades que servis, a partir de dentro, no local, trabalhando entre os pobres e partilhando as suas vidas tanto quanto possível.

 

Só assim, de fato, podemos sentir o “pulso” das necessidades reais dos irmãos e irmãs que o Senhor coloca no nosso caminho; e sobretudo nos enriquecemos com a luz, a força e a sabedoria que advêm do estar com Jesus, presente de forma única nos membros mais sofredores do seu Corpo. E chegamos ao segundo ponto: trabalhar juntos.

 

Nas vossas atividades exorto-vos a procurar sempre criar sinergias, entre vós e com outras realidades religiosas e associativas. Sei que já colaborais, em diversas obras, com as Irmãs Missionárias da Divina Vontade de Bassano del Grappa e com outras organizações. É esse o caminho certo. Trabalhar juntos, de fato, já é em si um anúncio do Evangelho vivido; e para vós, além de uma forma inteligente de otimizar recursos, é um modo de se formar na caridade e na comunhão.

 

Sublinhastes isso dando a um de seus eventos recentes o título: “Agir juntos para progredir juntos”. É verdade: agir juntos, de fato, não significa apenas fazer o bem, mas também e sobretudo crescer unidos no bem, um servindo e apoiando o outro. Finalmente, trabalhar juntos é também uma expressão de fé na Divina Providência. Dom Faresin definiu-a como “a fonte que melhor garante os recursos” para as obras que Deus nos indica. E os recursos mais importantes para as obras do Senhor não são as coisas, mas nós mesmos, sabiamente colocados próximos uns dos outros porque partilhamos o que somos: a nossa paixão, a nossa criatividade, as nossas capacidades e experiências, e também as nossas fraquezas e fragilidades.

 

Desta partilha paciente, na valorização do contributo de todos, nascem frutos de grande dinamismo e concretude, como evidencia a história passada e presente da vossa Fundação. Queridos irmãos e irmãs, obrigado pelo que fazem e como o fazem; e porque com ela se mantém viva a memória do grande e generoso coração pastoral de Dom Camillo Faresin. Que Nossa Senhora os guarde na caridade humilde e corajosa. Abençoo vocês e suas famílias; e peço-vos, por favor, que rezeis por mim.

 

Papa Francisco

 

Fonte: Vatican News – Missão Salesiana de Mato Grosso

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Papa Francisco faz discurso em homenagem ao bispo salesiano Dom Camilo Faresin

Segunda, 18 Março 2024 11:05 Escrito por  Euclides Fernandes, com informações Vatican News
Papa Francisco faz discurso em homenagem ao bispo salesiano Dom Camilo Faresin Dom Camilo Faresin Arquivo Inspetorial MSMT
Neste sábado (16/03), na Sala Clemantina, no Vaticano, o Santo Padre Papa Francisco fez um discurso aos membros da Fundação “Dom Camillo Faresin”, de Maragnole di Breganze (Vicenza).  

 

A homenagem é uma grande honra à Congregação Salesiana porque é um elogio claro e direto a um dos filhos de Dom Bosco que marcaram a história da Inspetoria Salesiana de Campo-Grande. “Em clima celebrativo dos 130 anos da Inspetoria, Dom Camilo foi um dos grandes que construíram a nossa história, quer como simples salesiano, quer como bispo missionário”, declarou o P. João Bosco Monteiro Maciel, secretário inspetorial da MSMT.

 

Segue abaixo, a íntegra do discurso do Papa.

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

 

Sinto-me feliz por vos receber por ocasião do vigésimo aniversário da vossa Fundação. Hoje trazeis aqui vinte anos repletos de iniciativas a serviço dos mais pobres, seguindo os passos de Dom Camillo Faresin, durante muito tempo Bispo de Guiratinga no Mato Grosso, exemplo de sensibilidade missionária e de fé na Providência, e também de seus dois irmãos: Padre Santo, também missionário salesiano, e Padre Giovanni Battista, sacerdote diocesano.

 

Propuseste-vos assumir o testemunho da sua caridade, fazendo com que sejam vossas a sua tenacidade e abertura de espírito no serviço aos outros. E isso vos levou a realizar vosso trabalho no Brasil, na Itália e em outras partes do mundo, estendendo-a a diversos campos: da formação à assistência social, à saúde, à oferta de condições de vida dignas e oportunidades de trabalho para muitas pessoas.

 

Olhando para o vosso compromisso, gostaria de sublinhar e encorajar duas importantes linhas de ação: trabalhar entre os últimos e trabalhar juntos. Primeiro: trabalhar entre os últimos. Dom Faresin e seus irmãos eram pessoas de origem humilde. Aprenderam o valor da caridade e do fervor missionário no contexto de uma família simples, devotada, modesta e digna, uma família como muitas das nossas. Naquele ambiente puderam captar, com a graça de Deus, uma mensagem e um convite para o seu futuro de estar entre os últimos para ajudar os últimos, e fizeram-no com amor incansável, generosidade e inteligência, mesmo no meio de grandes dificuldades.

 

Lembramos, a esse respeito, que o nome do Bispo Camillo está incluído, em Jerusalém, entre os do “Jardim dos Justos”, justamente porque, antes mesmo de poder partir para o Brasil, bloqueado em Roma devido à Segunda Guerra Mundial, ele não ficou parado pelas circunstâncias, fazendo o máximo com caridade e coragem na assistência aos judeus perseguidos.

 

Assim foi durante toda a sua vida, como sacerdote e depois como bispo, com um impulso irresistível de estar perto dos mais desafortunados. Até que, terminado seu mandato episcopal, pediu e obteve permissão para permanecer entre seu povo, em Mato Grosso, até sua morte, como humilde servo dos últimos, continuando assim no escondimento, como amigo e companheiro de viagem, o mesmo ministério que desempenhou como guia e pastor durante muitos anos.

 

O que ele nos deixou é um grande exemplo a imitar: estar com os últimos, sempre! Mas como? Escolhendo e privilegiando, nos vossos projetos, as realidades mais pobres e desprezadas como lugares especiais onde permanecer, e como “terras prometidas” para as quais podeis partir e onde podeis “montar as vossas tendas” para iniciar novas obras (veja Dt 1, 8). E fazei de modo concreto e junto das comunidades que servis, a partir de dentro, no local, trabalhando entre os pobres e partilhando as suas vidas tanto quanto possível.

 

Só assim, de fato, podemos sentir o “pulso” das necessidades reais dos irmãos e irmãs que o Senhor coloca no nosso caminho; e sobretudo nos enriquecemos com a luz, a força e a sabedoria que advêm do estar com Jesus, presente de forma única nos membros mais sofredores do seu Corpo. E chegamos ao segundo ponto: trabalhar juntos.

 

Nas vossas atividades exorto-vos a procurar sempre criar sinergias, entre vós e com outras realidades religiosas e associativas. Sei que já colaborais, em diversas obras, com as Irmãs Missionárias da Divina Vontade de Bassano del Grappa e com outras organizações. É esse o caminho certo. Trabalhar juntos, de fato, já é em si um anúncio do Evangelho vivido; e para vós, além de uma forma inteligente de otimizar recursos, é um modo de se formar na caridade e na comunhão.

 

Sublinhastes isso dando a um de seus eventos recentes o título: “Agir juntos para progredir juntos”. É verdade: agir juntos, de fato, não significa apenas fazer o bem, mas também e sobretudo crescer unidos no bem, um servindo e apoiando o outro. Finalmente, trabalhar juntos é também uma expressão de fé na Divina Providência. Dom Faresin definiu-a como “a fonte que melhor garante os recursos” para as obras que Deus nos indica. E os recursos mais importantes para as obras do Senhor não são as coisas, mas nós mesmos, sabiamente colocados próximos uns dos outros porque partilhamos o que somos: a nossa paixão, a nossa criatividade, as nossas capacidades e experiências, e também as nossas fraquezas e fragilidades.

 

Desta partilha paciente, na valorização do contributo de todos, nascem frutos de grande dinamismo e concretude, como evidencia a história passada e presente da vossa Fundação. Queridos irmãos e irmãs, obrigado pelo que fazem e como o fazem; e porque com ela se mantém viva a memória do grande e generoso coração pastoral de Dom Camillo Faresin. Que Nossa Senhora os guarde na caridade humilde e corajosa. Abençoo vocês e suas famílias; e peço-vos, por favor, que rezeis por mim.

 

Papa Francisco

 

Fonte: Vatican News – Missão Salesiana de Mato Grosso

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