No dia 8 de março de 2024, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, para dar atenção ao valor da mulher no cuidado da vida, celebrar a coragem e determinação e lembrar que o caminho ainda é longo para garantir os direitos às mulheres em muitas partes do mundo.
Atingir a paridade de gênero e o bem-estar em todos os aspectos da vida é um objetivo fundamental para criar economias fecundas e uma sociedade mais equitativa e justa para todos. No entanto, até chegar a 2030, como estabelecido no Objetivo nº 5 da Agenda 2030 das Nações Unidas – Atingir a igualdade de gênero e emancipar todas as mulheres e meninas – ainda nos encontramos diante de um déficit anual de 360 mil milhões de dólares para investir nas medidas para a paridade de gênero (cf. Relatório Global de Desenvolvimento Sustentável de 2023).
Por esse motivo, as Nações Unidas, na ocasião do Dia Internacional da Mulher 2024, escolheram o tema: “Investir nas mulheres: Acelerar o progresso” (#Investin Women) com a esperança de transformar os desafios em oportunidades e criar um futuro melhor para todos.
Dados alarmantes
Os dados relativos à situação das mulheres no mundo são, como todo ano, alarmantes. Segundo o relatório das Nações Unidas intitulado “Os caminhos para a igualdade: Índices paritários sobre o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero” publicado em 2023, as mulheres:
Estão mais expostas à pobreza, à violência, à discriminação e à exclusão social, com 31% das mulheres que vivem em pobreza extrema, 18% das mulheres casadas ou com um relacionamento em que sofrem violência física ou psicológica por parte del parceiro, 49% das mulheres que não têm acesso a serviços sanitários essenciais e 16% das mulheres que não têm acesso à Internet; são apresentadas inferiormente nas posições de liderança política e econômica com apenas 25% das cadeiras parlamentares ocupadas por mulheres e 28% de dirigentes de nível superior.
Outro dado preocupante emerge do relatório das Nações Unidas (As mulheres estão cada vez mais em risco nos conflitos e sub-representadas nos processos de paz) que revela que em 2022 mais de 600 milhões de mulheres e meninas viverão em países atingidos por conflitos. Isto representa um aumento de 50% em relação a 2017.
Também a crise climática atinge mais as mulheres, como demonstra o relatório da ONU “Fazendo um balanço: Saúde Sexual e Reprodutiva e direitos nos Compromissos Climáticos” publicado em 2023, em que se evidencia como as ondas de calor tenham impacto negativo durante a gravidez, aumentando o risco de aborto ou partos prematuros. A crise climática se manifesta então com desastres ambientais, que impedem ou limitam o acesso aos serviços sanitários, favorecendo a difusão de doenças. As consequências dos eventos extremos repercutem particularmente nas meninas, que em diversos Países são constrangidas pelas famílias a se casarem precocemente, uma vez que, em tempo de crise têm menos recursos para mantê-las.
Tudo isso aumenta a violência de gênero. A violência contra as mulheres e as meninas permanece uma das violações dos direitos humanos mais difusas e generalizadas no mundo. Em nível global estima-se que 736 milhões de mulheres – quase uma sobre três – tenham sofrido ao menos uma vez na vida violência física e/ou sexual. Diante destes dados o empenho dos governos para combater a violência contra as mulheres e as meninas é muito pouco: apenas os 5% das ajudas governamentais são destinadas a enfrentá-la e menos de 0,2% é destinado à prevenção.
Somente através de esforços conjuntos, cooperação internacional e uma mudança profunda na mentalidade e nas políticas, pode-se esperar um mundo mais justo e equitativo para todas as pessoas.
Ações do VIDES e das Irmãs FMA
O VIDES International e a Fundação FVGS ETS, em sinergia com o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, estão empenhadas em favor dos direitos das mulheres e para promover a educação como chave privilegiada para a promoção dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável, de forma que as próprias mulheres se tornem promotoras de um ambiente cultural.
O VIDES Internacional, graças à implementação de projetos de cooperação ao desenvolvimento, pretende contribuir para alcançar a paridade de gênero. Especificamente, esforça-se para garantir o respeito aos direitos de mulheres, meninas e das jovens nos contextos de maior vulnerabilidade e risco.
Entre os numerosos projetos levados adiante nesta área, de particular relevo são o projeto Multi-congregacional – “Um Observatório multi-congregacional para promover os direitos das meninas em 6 países na pós-pandemia: um esforço conjunto para preencher a distância digital e garantir a saúde mental das meninas” – financiado pela Misean Cara e o projeto “Manter famílias juntas” financiado pela Fundação GHR.
No primeiro estão envolvidas quatro Congregações femininas empenhadas em primeira linha em responder às necessidades das meninas mais vulneráveis na Índia, Nepal, Sudão do Sul, Quênia, Equador e Peru no campo da saúde mental da distância digital, enquanto o segundo contribuiu para fornecer linhas orientadoras e um apoio concreto às Missões das Irmãs Salesianas na Índia e no Kenya, o esforço para promover a reintegração das meninas residentes em Lares de Crianças nas suas famílias de origem ou em forma de acolhimento alternativo, que assegurem um ambiente seguro, amável e estimulante.
Além dessas duas intervenções, é significativo também o projeto “Promover o empoderamento das mulheres e a proteção do ambiente em Kokopo e nas aldeias limítrofes em Papua Nova Guiné, promovido pelo VIDES Internacional com o apoio das Filhas de Maria Auxiliadora, graças ao qual foi possível melhorar a vida de 89 mulheres que viviam em condições de grande marginalização socioeconômica acompanhada por vezes de episódios de violência de gênero.
Especificamente, estas mulheres puderam ter acesso a cursos de formação profissional e a atividades geradoras de renda, que contribuíram à sua emancipação socioeconômica. Além disso, as beneficiárias tomaram parte de um ciclo de encontros de sensibilização sobre violência de gênero, adquirindo, assim, maior consciência dos seus direitos e sobre os mecanismos de proteção.
Neste Dia Internacional da Mulher, somos chamados a não fechar os olhos diante das injustiças e violações dos direitos humanos e a agir em nível local a fim de que os governos se ativem para realizar programas de promoção de paridade de gênero.
Fonte: Portal FMA